Crítica: Maria Callas
Maria Callas – Ficha técnica:
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Steven Knight
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 27 de novembro de 2024 (16 de janeiro de 2025 no Brasil)
Elenco: Angelina Jolie, Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher, Haluk Bilginer, Kodi Smit-McPhee.
Sinopse: Maria Callas, a maior cantora de ópera do mundo, vive os últimos dias de sua vida na Paris dos anos 1970, enquanto se confronta com a sua identidade e vida.
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Após realizar Jackie (2016) e Spencer (2021), Pablo Larraín encerra sua trilogia sobre ícones femininos do século XX com Maria Callas. Se em Jackie ele traz os dias que sucederam a morte do ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy; em Spencer a festividade de Natal em que Diana decide se separar de Charles; aqui ele reimagina os últimos dias da famosa soprano Maria Callas.
Se nos dois filmes anteriores a trama parece mais bem amarrada, em Maria Callas o diretor parece um tanto perdido. São muitas ideias que parecem não convergir e que acabam deixando o filme bagunçado. É a protagonista tentando voltar a ser capaz de cantar bem, seu vício em remédios, suas alucinações que se desdobram em uma entrevista em que ela rememora fatos de sua vida, seu amor por Aristóteles Onassis. Muitas coisas que não levam de fato o público a lugar nenhum. O roteiro até tenta trazer algo da psicologia de Maria, mas nada parece profundo de fato. E ficar nessa superficialidade prejudica demais o filme.
Ele também se esconde demais na fotografia, que não deixa de ser óbvia. Com um excesso de filtros diferentes para passar sensações distintas e mostrar épocas e situações variadas, mas que nada ajudam na narrativa, só colaboram para deixar o longa sem uma unidade no tom.
Por mais que Jolie seja uma atriz competente, todas as cenas da personagem cantando não convencem. Os movimentos da boca soam forçados, caricatos, falsos. E o áudio dessincronizado piora a situação ao nível do incômodo.
É visível que Larraín quer trazer algo de ópera para o seu longa. Todo o drama vivido pela artista ao tentar encontrar de novo a sua voz. A questão do seu amor por Onassis que não teve o destino talvez esperado. Ou até mesmo a forma que o filme coloca os últimos minutos de Maria e o encontro do seu corpo. Só que mais do que reverenciar a ópera, as cenas parecem acenar para as novelas.
Conseguimos ter empatia pela personagem principal, apesar da sua lógica de diva; mas o filme do Larraín pouco faz para de fato nos conectarmos com ela. Todo o drama soa distanciado, frio, como se faltasse um pouco de vida. As cenas reais da verdadeira Maria Callas, que aparecem no final do filme, mostram mais vulnerabilidade e emoção do que todo o longa de Larraín. E para uma obra que é uma homenagem a uma singular cantora de ópera, chega a ser triste ver um filme tão distanciado de sentimento.
Nota: 2,5 / 5