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Crítica: O Dia que te Conheci

Ficha técnica – O Dia que te Conheci
Direção: André Novais Oliveira
Roteiro: André Novais Oliveira
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 26 de setembro de 2024
Elenco: Renato Novaes, Grace Passô.
Sinopse: Todos os dias, Zeca tenta levantar cedinho para pegar o ônibus e chegar, uma hora e meia depois, na escola da cidade vizinha onde trabalha como bibliotecário. Acordar cedo anda cada vez mais difícil, mas agora sua rotina está prestes a ser interrompida quando ele descobre através de Luisa que será demitido.

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“Hoje é pra levar viu, Seu Sérgio?”

Pequenos acasos que podem significar tudo deve ser um dos meus temas favoritos do cinema, especialmente quando aplicados a romances e comédias românticas. Não importa se é o café de “Desencanto”, o trem da Trilogia do Antes ou a ponte de “Pontes de Madison”, certo é que a possibilidade de encontrar o amor no acaso dos acontecimentos cotidianos é parte dos sonhos dos românticos incuráveis e, claro, recorrente no cinema como a arte que mais possibilita que tais sonhos se perpetuem como o mais próximo da magia que em vida conseguimos alcançar.

Em “O Dia Que Te Conheci”, André Novais Oliveira filma os acasos do cotidiano tornando tudo magia. Embora filme de maneira bastante casual, as composições e, principalmente a trilha sonora que transita entre o clássico e o urbano conferem à obra do diretor um belo espaço entre o conto e a crônica. Os acontecimentos do filme, tão cotidianos e à primeira vista sem tanto significado, são dignos de uma crônica, mas a forma com que Oliveira compõe suas imagens é o elemento mágico que permite chamar esse filme, também, de conto.

Um conto talvez mais próximo dos clássicos romances hollywoodianos do que das comédias românticas contemporâneas, o que neste caso é a razão principal que enseja os comentários recorrentes sobre o seu frescor. É como se Oliveira vinculasse o nosso imaginário já estabelecido em anos sobre o que há de melhor em filmes de romance, a ordinariedade dos personagens e dos acontecimentos com uma sociedade moderna brasileira, proletária e preta.

O melhor desse filme, portanto, é que Renato Novaes e Grace Passô interpretam pessoas absolutamente comuns, com problemas comuns, identificáveis, que como em toda (boa) comédia romântica encontram no amor uma forma de driblar os percalços da vida para “amanhecer melhor”, “amanhecer a dois.” O amor é simplesmente a melhor e mais bela saída pois mesmo que os problemas não sejam inteiramente extintos, ao menos existe alguém com quem dividir o peso.

Não sei se Zeca e Luísa continuam juntos depois desse fatídico dia, mas eu gosto de pensar que sim. Pode ser que um atraso de ônibus não mude absolutamente nada na minha vida, mas por causa do cinema, eu gosto e posso pensar que sim.  Pode ser que uma carona não leve a nada, mas por conta do cinema… pode ser que sim. Ser romântico é sinônimo, no fim das contas, de acreditar. E quando isso acontece, qualquer “bobeira” pode se tornar um belíssimo filme.

Desde “Fantasmas”, acredito que o diretor leva ao cinema contemporâneo brasileiro uma série de assuntos a serem pensados. Seja no cinema experimental ou mais comercial, como é o caso deste filme, é certo dizer que ele sempre traz algo sobre o que se refletir, algo que diferencia o seu filme dos demais. É o tipo de cinema que empolga, que nesse caso te deixa com um sorriso de canto a canto, cantarolando para os passarinhos na rua e acordando cedo para abrir a padaria e eu gosto muito disso.

  • Nota
4

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