Crítica: Lugar Seguro (Olhar de Cinema)
Ficha técnica – Lugar Seguro
Direção: Juraj Lerotić
Roteiro: Juraj Lerotić
Nacionalidade e Lançamento: Croácia, 2022 (Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba)
Sinopse: Bruno consegue impedir a tentativa de suicídio de seu irmão. A cumplicidade, o cuidado e a impotência frente ao adoecimento mental e às instituições que dele se encarregam, absorvem o pequeno núcleo familiar na espiral de tensões que sucedem o trauma.
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Desde os primeiros minutos de Lugar Seguro fica claro que o final não vai ser positivo. E após um diálogo lindo e doloroso entre os dois irmãos que protagonizam o filme, a certeza que toma conta é que Damir vai acabar morrendo em algum momento. E a Bruno restará lidar com a dor e contar sua história.
O longa croata traz a história real do diretor do filme. Ele também atua, fazendo em cena a sua versão ficcional. Já nos primeiros momentos vemos Bruno tentando salvar o irmão que tem fortes tendências suicidas e está tentando morrer. Então o filme se torna uma corrida contra o tempo, com Bruno fazendo de tudo para que Damir não seja bem-sucedido em seu intento.
Só que em uma das cenas mais tocantes, tristes e interessantes do ano, somos avisados de antemão que Bruno não conseguiu salvar Damir. E ainda assim seguimos ansiosos na corrida contra o tempo que ele enfrenta.
Claramente Bruno não entende como a pessoa que sempre aparentou ser feliz pode ter tomado uma atitude tão drástica ao tentar tirar a própria vida. Só que o Damir que o público encontra é bastante diferente daquele que seu irmão aparentava ser nas lembranças. Não sabemos muito sobre o seu passado, suas dores, como ele chegou aonde está. Apesar do claro amor pela família, fica óbvio que Damir tem um sofrimento tão grande que ele já desistiu de tudo.
O filme não se debruça demais sobre questões de depressão. Ele não passa muito tempo questionando quem errou ou acertou, porque de fato seria tratar de maneira leviana algo tão mais profundo.
Lugar Seguro não deixa de ser uma obra naturalmente triste e com uma aura sombria. E em oposição à lógica Hollywoodiana foge do melodrama. É um filme emocional, sim, mas pede um pouco de distanciamento. Quase como se não inserindo demais o espectador ali dentro da narrativa, permitisse um pensamento mais claro sobre os acontecimentos.
Tudo é muito bem pensado para estar na tela. E tem um respeito gigante a cada um dos personagens envolvidos. E nos últimos minutos da projeção, todos os sentimentos contidos são derramados. Um filme muito sincero e que nos toca exatamente por trazer um tema tão doloroso de uma maneira tão honesta. E por isso mesmo tão brutal.