Crítica: O Nascimento do Mal
O Nascimento do Mal
Direção: Lori Evans Taylor
Roteiro: Lori Evans Taylor
Sinopse: Uma mulher grávida em repouso começa a se perguntar se sua casa é mal-assombrada ou se é tudo coisa da sua cabeça.
Elenco: Melissa Barrera, Guy Burnet, Edie Inksetter, Sebastian Billingsley-Rodriguez, Erik Athavale, Kristen Sawatzky.
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No ano de 2000 entrava em cartaz o filme de terror “Revelação” (What Lies Beneath) do cineasta Robert Zemeckis que está disponível no catálogo do Star+ para ser visto. O filme protagonizado por Michelle Pfeiffer e Harrison Ford retrata uma mulher que passa a sentir e ouvir presenças estranhas na sua casa enquanto tem que lidar com mistérios envolvendo seus vizinhos e segredos do passado. No filme de Zemeckis tínhamos um terror completamente banal e com uma história sem grandes atrativos sendo muito compreendido pelo seu diretor que por meio da sua construção de cenas, de atmosfera e de efeitos deu vida a um clima de suspense que acabam elevando o filme.
Aqui em “O Nascimento do Mal” (Bed Rest) da cineasta Lori Evans Taylor e dos mesmos produtores dos novos filmes da franquia “Pânico” (Scream) talvez tenha sido esse tipo olhar para explorar o material que faltou: Melissa Barrera (a nova protagonista da franquia “Pânico”) faz Julia, uma mulher grávida que para não correr os riscos de perder seu bebê repousa na sua nova casa isolada no interior, afetada também pelo trauma do seu primeiro filho ter nascido morto, mas tem que lidar com situações fantasmagóricas que aparecem ao seu redor. O problema com “O Nascimento do Mal” não é ele ser amontoado de clichês numa história que assim que começa sabemos exatamente para qual caminho vai, e sempre buscando as alternativas mais simplórias para onde levar o terror. O problema está na completa incompetência e preguiça dos envolvidos ao lidar com um material de fato comum, mas que poderia render em algo.
Existe muito potencial para o terror explorar o fator vulnerável de uma mulher gravida numa casa isolada, falar da gestação, da perda da gravidez e de maternidade, e por aí vai. Mas o filme só se utiliza disso tudo como atalho para aplicar os mesmos truques mais baratos de filme de terror seguidos à risca, com preguiça para traçar esse caminho num texto robótico interpretado por atores absolutamente canastrões em personagens vazios e totalmente derivativos de tipos do gênero.
As viradas de trama ou qualquer momento de dramaticidade soam constrangedores principalmente no final em que o tom sentimental é apenas extremamente piegas. E qualquer decisão narrativa do filme parece seguir o piloto automático do gênero ou então a covardia de poupar todos os seus personagens.
E o pior é que o filme parece totalmente oco cenicamente, visualmente, com efeitos dos mais porcos e decisões de montagens como transições de cena que parecem ter sido feitas no Power Point, deixando evidente que não existe nenhuma preocupação ou esforço do filme com os planos, em como filmar as cenas, com a atmosfera, com qualquer elemento cinematográfico e tudo soa o básico do básico que você esperaria de um episódio de TV de uma série como “Ghost Whisperer” ou algo. A questão novamente não é a falta de orçamento ou o aspecto comum da história: isso seria facilmente superado se tivesse algum olhar próprio ou mais inventivo e interessado em se contar essa história usando esses elementos ao seu favor, mas isso com o perdão do trocadilho: parece totalmente morto.