Crítica: Um Homem – 46ª Mostra de São Paulo
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Crítica: Um Homem – 46ª Mostra de São Paulo

Um Homem – Ficha técnica:
Direção: Fabian Hernández
Roteiro: Fabian Hernández
Nacionalidade e Lançamento: Colômbia, França, Holanda, Alemanha, 2022 (46ª Mostra de São Paulo)
Sinopse: Carlos vive em um abrigo para jovens no centro de Bogotá. É Natal e ele deseja passar o dia com sua família. Ao sair do abrigo para o feriado, Carlos se depara com a brutalidade de seu bairro, regido pela lei do mais forte, do macho alfa. Ele deve provar que pode ser um deles, enquanto no fundo, essas expressões de masculinidade esbarram nas decisões que ele deve tomar para sobreviver.

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Filme disponível na SpcinePlay

Carlos fala com voz baixa e delicada. Tem vontade de chorar quando pensa nas dificuldades de reunir a família – a irmã, que trabalha nas ruas e a mãe, que está presa. Mas tanto na unidade de acolhimento de menores quanto na vizinhança dura e repleta de criminosos, ele precisa mostrar que é um homem – e não um menino ou “maricas”.

Por trás das roupas largas, vemos ao longo da projeção de “Um Homem” que há algo no protagonista que não combina com a dureza do lugar. Os depoimentos reais (ou que parecem ser muito reais) logo no começo do filme dão o tom. Aliás, é com essa crueza que o diretor Fabian Hernández filma todo o tempo: em certos momentos, parece que estamos vendo um documentário.

Talvez um documentário não fosse capaz de passar o desespero e a solidão que o ator Dilan Ramírez Espitia consegue transmitir. Seu olhar, sua voz embargada, sua incapacidade de se encaixar naquele ambiente hostil são vistos quando ele está sozinho no quarto da irmã ou tentando dormir enquanto os colegas de quarto assistem a vídeos pornográficos.

O filme “Um Homem” acompanha o Natal do protagonista, que adoraria aproveitar o dia 25 de dezembro para visitar a mãe na companhia da irmã. E se o ambiente o força a ser quem ele não é, o sistema também não facilita em nada a realização de seus anseios.

Há dois momentos especialmente tocantes em “Um Homem”:  quando o protagonista simula um batom em si mesmo no espelho e quando ele chora na calçada diante de amigos que não conseguem dar nenhum tipo de acolhimento. Fica a certeza de que Carlos não pertence àquele ambiente, e também a evidência de que este é um filme capaz de mergulhar na humanidade que resta a quem precisa se disfarçar de predador para não se tornar presa.

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