Crítica 2: Pai – 44ª Mostra de São Paulo - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica 2: Pai – 44ª Mostra de São Paulo

Em uma pequena cidade na Sérvia, um Pai desempregado vê seus dois filhos serem tirados de sua proteção pelo serviço social, depois que a pobreza e a fome levam sua esposa a cometer um ato desesperado. Na busca por recuperar seus filhos, Nikola se depara com a burocracia e a corrupção institucional. Diante disso, um pai desesperado decide ir andando até a Belgrado, por cerca de 300km, para pedir um recurso no Ministério.

Podemos dizer que Pai é praticamente a antítese do que é Cafarnaum. Se por um lado o filme libanês narra a história de um menino que decide processar seus país por ele ter nascido. Do outro está Pai, o qual acompanha a saga de um homem que se prende a esperança e luta com todos os seus recursos para ter de volta seus filhos.

O longa busca mostrar que pobreza não é um empecilho para se ter filhos. Mesmo com a falta de recursos e não tendo condições necessárias para dar uma vida digna aos filhos, Pai evidencia que o amor é o essencial na relação e no cuidado com os seus.

E da mesma forma que Nadine Labaki expõe a crueldade da realidade de seu país, o diretor sérvio Srdan Golubovic coloca diante do espectador a crueza do sistema. Que mesmo sem dar condições dignas de sobrevivência para os mais vulneráveis, ainda procura explora-los e arrancar o que resta de humanidade dessas pessoas.

A abertura do filme possui uma das cenas mais impactantes de uma mãe desesperada. Em seguida acompanhamos uma performance admirável de Goran Bogdan, o qual interpreta Nikola.

Quase sempre silencioso, o personagem consegue transpassar o turbilhão de emoções interiores. Aos poucos vamos criando empatia pelo personagem e mergulhando cada vez mais no seu drama. A construção do personagem é feita na sutileza e nos detalhes. Não é preciso apelar para o melodrama para compreender e saber do amor de Nikola por seus filhos e como ele sofre por não os ter.

  • Pai
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