Crítica: Los Fuertes – 48º Festival de Gramado - Cinem(ação)
Crítica: Los Fuertes – 48º Festival de Gramado
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Crítica: Los Fuertes – 48º Festival de Gramado

Los Fuertes é um romance: um mergulho em um ambiente que reflete sobre permanência e movimento.

Ficha técnica:
Direção: Omar Zúñiga
Roteiro:  Omar Zúñiga
Nacionalidade e Lançamento: Chile, 23 de setembro de 2020 (Festival de Gramado)
Sinopse: Lucas viaja para visitar sua irmã em uma cidade remota no sul do Chile. Em frente ao mar e à névoa, ele se apaixona por Antonio, um contramestre de um barco de pesca local.

Elenco: Antonio Altamirano, Samuel González, Marcela Salinas, Rafael Contreras.

Um desavisado, ao começar a assistir Los Fuertes, pode pensar que se trata de um filme de época. Não é, mas há o seu quinhão de olhar para o passado, ao menos com o objetivo de situar o espectador na paisagem e atmosfera da cidade onde a história se passa. O próprio título faz referência aos fortes, estruturas militares do local, bem como a uma qualidade que os personagens precisam ter.

Acompanhamos o romance entre Lucas e Antonio. O primeiro vai visitar sua irmã em uma pequena cidade pesqueira ao sul do Chile, enquanto o segundo é um pescador local. Aos poucos, suas vidas se cruzam e ambos vivem um período de intensidade e crescimento.

Quem olha para a sinopse pode pensar que se trata de um romance melodramático ou leviano, mas o diretor Omar Zúñiga – que já havia feito um premiado curta com a mesma história e os mesmos atores – consegue trabalhar o drama de cada um dos personagens por meio de revelações importantes diluídas na trama e, principalmente, diálogos potentes que jamais se rendem ao piegas ou à mera exposição.

Crítica: Los Fuertes – 48º Festival de Gramado

Los Fuertes é muito sobre solidão, e sobre a busca de pessoas por um rumo na vida, um lugar para ir (ou ficar). É sobre encontrar um ombro em quem apoiar a cabeça. Vale destacar, aliás, a maturidade com que o roteiro passeia organicamente por tramas satélites, como a da irmã de Lucas e seu casamento em crise e a do pescador com quem Antonio havia se envolvido.

Com alto potencial de se tornar cult, especialmente por se encaixar no nicho de filmes LGBTQ – e pelos momentos quentes que os protagonistas encenam – “Los Fuertes” é um filme silencioso, que se demora em paisagens e trocas de olhares para que o espectador se permita mergulhar na atmosfera, cuidadosamente estabelecida.

É interessante notar, também, como Lucas e Antonio são quase antíteses: um tem origem mais humilde e busca seguir seu caminho sem sair da cidade, onde tem vínculos com a história do próprio país. O outro segue o caminho da emigração, possível por sua origem privilegiada, e que o faz olhar “de fora” para os fortes que reproduz nos desenhos.

E se a vida é feita de etapas e paixões intermitentes, é bom saber que podemos contar com fortalezas de pedra, permanentes, sempre a nos lembrar das histórias que devem ser contadas.

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