Crítica: Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica
Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica é mais um filme da Pixar que fala sobre perda de uma forma que emociona os adultos e ensina os pequenos.
Ficha técnica:
Direção: Dan Scanlon
Roteiro: Dan Scanlon, Keith Bunin, Jason Headley
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 5 de março de 2020
Sinopse: Em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor.
Elenco: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer (vozes originais).
Como lidar com a morte? Como lidar com as perdas?
Em “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” (longo título para a difícil tradução de “Onward”), acompanhamos o jovem elfo Ian, que perdeu seu pai ainda pequeno e vive em um mundo que perdeu a magia ao longo do tempo, dividindo a casa com sua mãe e o irmão Barley.
Sem medo de iniciar sua narrativa com a famosa explicação geral para o mundo que veremos a seguir, “Dois Irmãos” logo nos permite adentrar a vida diária da família de Ian, nosso protagonista. A premissa do cenário da história faz sentido para inserir o espectador na trama principal: a partir de uma magia antiga, o pai dos dois irmãos poderá voltar para eles por um dia. No entanto, uma falha faz com que surjam apenas suas pernas, o que os leva à tentativa de ir a um local onde estaria o “restante” da magia que eles buscam.
Com isso, o novo filme da Pixar se torna um road movie. E dos bons. Não porque ele inova ou cria algo diferente – pelo contrário, sua trama é clássica e sua sequência de acontecimentos segue um caminho seguro (trocadilho não intencional com o filme). É um road movie dos bons principalmente porque se demora o tempo suficiente nos principais personagens e nos permite ver os sentimentos de cada um, especialmente de Ian e Barley.
A estratégia eficiente de “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” está em centralizar a história em Ian para, apenas no terceiro ato, virar a chave. Ao longo da trama, vemos a situação de Barley como tangencial à de seu irmão mais novo, o que corresponde ao seu jeito cômico de lidar com suas dores (algo comum em muitas pessoas que tomam esse tipo de atitude para não ter que lidar diretamente com os sentimentos). Portanto, quando Ian compreende o seu destino, ele traz à tona a realidade do irmão.
No fim das contas, a forma como “Dois Irmãos” lida com a morte é madura. Porque precisamos aprender a lidar com as perdas. E mesmo sabendo que há muitas animações voltadas ao público infantil que ensinam sobre a morte, incluindo diversas outras da Pixar, “Dois Irmãos” mostra um processo de compreensão e aceitação das perdas capaz de nos fazer evocar saudades e assimilar a vida.