Crítica: Hollywood – 1ª Temporada (2020)
Criadores: Ryan Murphy e Ian Brennan.
Gênero: Drama
Estreia: 01 de maio de 2020
Episódios: 7
Distribuição: Netflix
Sinopse: Um grupo de aspirantes a atores e cineastas em Hollywood após a Segunda Guerra Mundial tenta fazer sucesso – não importa o custo.
Contém Spoilers*
Criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, (Glee e The Politician), Hollywood, leva o espectador a conhecer os bastidores da “Terra dos Sonhos”, em plena Era de Ouro do cinema. Unindo ficção e realidade, a trama desenvolvida ao longo de sete capítulos, faz uma homenagem ao cinema e ao mesmo tempo, através da pluralidade de personagens, expõe os sistemas injustos, preconceitos de raça, gênero e sexualidade, presente até os dias de hoje na indústria cinematográfica.
Provocativo, afiado e cheio de sensualidade, Hollywood evidência a dinâmica do poder e como a indústria teria sido caso tivesse tomado uma postura inclusiva no final da década de 1940. Estamos diante de um verdadeiro conto de fadas, ao estilo Era uma Vez em Hollywood (2019), já que Murphy opta por ignorar os fatos e o mundo real e nos conta uma história com final, de certa forma, utópico para a época em que os personagens vivem.
Em Hollywood acompanhamos a história de Jack (David Corenswet), um jovem de olhos azuis, que mudou-se para Los Angeles com sua esposa, na busca de ser escalado para um filme. Para atingir seu objetivo, todos os dias ele vai até os portões do ACE Studios, junto com dezenas de pessoas, para ter a sorte de ser escolhido e participar de uma produção.
Sendo apenas um garoto bonito e sem saber atuar, Jack vê seus sonhos indo pelo ralo, porém tudo começa a mudar quando conhece Ernie (Dylan McDermott) em um bar, ele oferece a Jack um emprego em seu posto de gasolina. Contudo, este não apenas um posto de gasolina comum, Ernie contrata homens bonitos para oferecer a seus clientes um “serviço” especial.
É trabalhando com prostituição que, Jack conhece Avis (Patti LuPone), uma rica senhora, a qual revela ser esposa do dono da ACE Studios. Aos poucos as portas de Hollywood começam a se abrir para jovem galã.
Com desenrolar da história vamos conhecendo personagens como Archie Coleman (Jeremy Pope), um rapaz negro e gay que sonha em ser roteirista, Camille Washington (Laura Harrier), uma atriz negra, Raymond Ansley (Darren Criss), um aspirante a diretor com descendência asiática, e Henry Willson (Jim Parsons), um agente de atores gay, que tira proveito do atores agenciados por ele. Esses são apenas alguns dos personagens que possuem tramas mais interessantes do que a do protagonista Jack, e que acabam fazendo a série valer a pena.
O elenco é um dos pontos fortes da minissérie. Destaque para Jim Parsons, o eterno Sheldon Cooper. O ator finalmente parece se libertar da imagem do cientista nerd de The Big Bang Theory, e entrega uma ótima atuação. De modo geral as performances são muito boas, com monólogos e diálogos emocionantes.
A direção de arte e trilha sonora são outros dois fatores importantes em Hollywood. Eles são responsáveis por teletransportar o espectador para a época, seja pelos belos figurinos, recriação da Terra dos Sonhos da década de 1940, ou ambientação musical.
Entretanto, um dos pontos fracos da série está relacionado ao roteiro. A narrativa começa com personagens que lutam pelos sonhos, enfrentam diversas dificuldades e nos últimos três episódios a trama começa a se resolver de forma simplista. Os personagens começam a obter exatamente o que querem, sem reviravoltas ou consequências de seus atos. No último episódio as soluções são imediatas e fáceis.
Hollywood atinge as expectativas. É uma boa pedida para passar o tempo, se divertir e imaginar como a indústria hollywoodiana seria se os preconceitos tivessem caído por terra a 70 anos atrás. Apesar das ressalvas a série nos faz refletir sobre a indústria e sua podridão, seu conservadorismo, machismo e o racismo, os quais ainda são presentes nos dias atuais.
Todos anos, esperamos inclusão nas premiações, mas o que vemos é mais do mesmo. As desconstruções em Hollywood andam igual lesmas. Podemos citar alguns exemplos: Julia Phillips, foi a primeira executiva mulher a vencer o prêmio de Melhor Filme, em 1974. Uma mulher negra só foi vencer o Oscar de Melhor Atriz em 2002 (Halle Berry). O primeiro negro a vencer como Melhor roteirista foi Jordan Peele, em 2018.
Confesso que Hollywood me deixou com o sentimento de felicidade, uma espécie de escape para o mundo do cinema, ao qual estaremos privados durante um bom tempo. Termino a minissérie com desejo de voltar a uma sala de cinema e viajar novamente pela Terra dos Sonhos.
Hollywood - 1ª Temporada (2020)
Summary
Provocativo, afiado e cheio de sensualidade, Hollywood evidência a dinâmica do poder, o jogo de interesses, os preconceitos relacionados a sexualidade, raça e gênero, além do mercado da prostituição. Uma boa ficção para imaginar como a indústria seria caso tivesse tomado uma postura inclusiva no final da década de 1940.