TOP 15: Melhores filmes de 2019
O ano de 2019 chegou ao fim. E esse é o momento que críticos, cinéfilos e demais apaixonados por cinemas fazem suas listas tentando reunir os melhores filmes que estrearam no ano. Porém, o ano de 2019 foi um tanto especial para a indústria cinematográfica. A tarefa de listar os 10 melhores filmes foi quase impossível devido a enorme qualidade das produções nacionais e internacionais.
Por isso, decidi montar duas listas, a primeira delas já está disponível no portal com os 10 Melhores Filmes Brasileiros de 2019. A escolha por criar as duas listas era pra tentar facilitar e reconhecer o maior número de filmes, mas vejo que não facilitou tanto. Produções como Bacurau, A Vida Invisível e Democracia em Vertigem certamente apareceriam entre os dez primeiros desta lista que verão abaixo, mas estes grandes nomes brasileiros já foram muito bem lembrados no último post. Portanto nesta lista você encontrará as 15 melhores obras internacionais (na minha humilde opinião), que apreciei em 2019. Faço a menção honrosa ao longa O Farol (The Lighthouse) o qual teve sua estreia no dia 2 de janeiro de 2020 nos cinemas brasileiros, mas que tive a oportunidade de assistir durante a 43ª Mostra de São Paulo. Segue a lista!
15º Meu nome é Dolemite (Craig Brewer) – EUA
Este ano foi tão surpreendente que temos o longa estrelado por Eddie Murphy entre os melhores do ano. Com duas indicações ao Globo de Ouro, de Melhor Filme e Melhor Ator em Comédia ou Musical, a produção da Netflix conta a história de Rudy Ray Moore (Eddie Murphy) um comediante sem grandes perspectivas de futuro que começa a ouvir as histórias das ruas e usa isso em seu repertório de piadas, a partir disso sua vida mudar completamente. Com piadas sujas e cheias de palavrões Rudy encontra seu público nos bares da comunidade negra norte-americana. Inspirado em uma história real, o longa é divertido, mas sem exagerar na comédia, além de mostra um pouco sobre a cultura negra nos EUA durante a década de 1960 e início de 1970, a segregação racial, e o conceito de cultura para brancos e negros. Rudy é exemplo de uma figura que soube se reinventar sendo considerado uma grande influência na música negra norte-americana.
14º O Relatório (Scott Z. Burns) – EUA
Esse para mim é um dos filmes mais esnobados da temporada de premiações. O longa do cineasta Scott Z. Burns era uma das maiores apostas da Amazon para concorrer aos prêmios dos sindicados e da crítica, mas aos poucos foi sendo deixado de lado pela distribuidora. Em O Relatório um funcionário do Senado Federal norte-americano é designado para investigar documentos relacionados ao Programa de Detenção e Interrogação da CIA iniciado após os atentados de 11 de Setembro. A figura de Daniel J. Jones, interpretado por Adam Driver, mergulha de cabeça na pesquisa e descobre segredos chocantes sobre os métodos de tortura utilizados por pseudo-psicólogos contratados pela CIA para desenvolver as técnicas cruéis. Assim como em História de um Casamento Adam Driver é responsável por uma das melhores atuações do ano.
13º Homem-Aranha no Aranhaverso (Bob Persichetti) – EUA
Preciso dizer que filmes de super-heróis não são minha praia. Mas no início de janeiro de 2019, quando estreou a animação decidi assistir sem grandes expectativas, e acabei sendo surpreendido. Agora posso dizer que Homem-Aranha no Aranhaverso é uma das melhores animações que já assisti. O longa vencedor do Oscar de 2019 de Melhor Animação conta a história de Miles Morales, um jovem negro do Brooklyn que se torna o Home-Aranha inspirado no legado de Peter Parker, já falecido. Ao visitar o túmulo de seu herói o jovem Morales é surpreendido ao encontrar Peter, vestindo o traje do herói, as surpresas aumentam quando Miles descobre outras dimensões paralelas com outras versões um tanto curiosas e divertidas do Homem-Aranha.
12ª Papicha (Mounia Meddour) – Argélia
O longa-metragem argelino é um daqueles filmes extremamente necessários. Papicha, dirigido pela cineasta Mounia Meddour, traz a história de Nedjema, uma jovem estudante de moda que vive na Argélia dos anos 1990, pouco antes do país ser tomado por uma guerra civil. Em meio a crescente violência e o fundamentalismo religioso muçulmano, a jovem e suas amigas estudantes tentam evitar que o conflito as impeça de levar uma vida normal. Papicha é didático e uma ótima maneira de conhecer a história de países islâmicos e o surgimento dos movimentos radicais, suas consequências na sociedade e principalmente na vida das mulheres.
11º Cafarnaum ( Nadine Labaki) – Libano
Como é bom ser surpreendido com histórias fantásticas no cinema. O drama libanês que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2019 nos leva a acompanhar a dura realidade do jovem Zain, que não sabe ao certo quantos anos tem, pois seus pais não o registraram e não se lembram quando ele nasceu. Vivendo na extrema-pobreza em um cortiço, Zain se revolta e decide abandonar a família após sua irmã, uma criança, ser forçada a casar com o dono do imóvel. Após perambular pelas ruas de Beirute o jovem Zain acaba indo morar com uma mulher refugiada e seu filho pequeno, ambos estão ilegalmente no país.
10º Rocketman (Dexter Fletcher) – Reino Unido
Abro o top 10 deste ranking com cinebiografia do astro Elton John: Rocketman. Dirigido por Dexter Fletcher, mesmo diretor de Bohemian Rhapsody, traz um verdadeiro espetáculo musical sobre a vida de um dos maiores astros da música mundial. Aqui Fletcher tem maior liberdade para criar e tornar o longa um verdadeiro musical, e para isso ele conta com a brilhante atuação do jovem Taron Egerton, que encarna o personagem, interpreta e dança as músicas de Elton John. O papel lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator em Comédia ou Musical no Globo de Ouro.
Rocketman é um musical com os pés no chão, sem grandes mirabolâncias. Aqui a figura de Elton é desconstruída ao longo da narrativa, onde conta como foi sua vida em uma reunião do A.A. Confesso que após assistir Rocketman (acho que assisti umas 3 vezes no ano), a trilha sonora não saia da minha playlist e da minha cabeça.
9ª História de um casamento (Noah Baumbach) – EUA
Considerado um dos melhores dramas do ano e com grandiosas atuações de Scarlett Johansson, a melhor de sua carreira, e Adam Driver, o longa-metragem de Noah Baubach retrata o processo de divórcio de um casal. Os dois concordam em não contratar advogados para tratar do divórcio, mas Nicole (Scarlett Johansson) muda de ideia após receber a indicação de Nora Fanshaw (Laura Dern), especialista no assunto. O que parecia ser um acordo entre partes acaba virando uma briga judicial.
História de um Casamento é sensível e extremamente delicado com diálogos marcantes e doloridos. Ambos atores consegue dar veracidade e profundidade aos seus respectivos papéis. Vale destacar também a atuação de Laura Dern que tem um dos melhores monólogos da temporada. Ela já venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e é a favorita ao Oscar na categoria.
8º Nós (Jordan Peele) – EUA
Temos aqui o primeiro longa de terror desta lista. E não poderia ser diferente, Jordan Peele, diretor de Corra, voltou com mais um ótima produção do gênero. A trama gira em torno de Adelaide, interpretada por Lupita Nyong’o, e Gabe, Winston Duke, que decidem levar a família para passar um final de semana na casa de praia. Porém Adelaide precisa enfrentar um trauma de infância no mesmo local para onde viajam com a família. O suspense e a tensão aumentam quando a família é visitada por um grupo misterioso que os faz de refém. Neste novo longa Peele é novamente preciso no suspense com pitadas de humor, além de trazer uma série de críticas ao sistema e questões raciais.
7ª A Favorita (Yórgos Lanthimos) – Reino Unido
Não teria como esquecer desta obra que reúne três brilhantes atrizes: Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone. Em A Favorita acompanhamos um verdadeiro jogo de xadrez, uma disputa cheia de manipulações e brigas de poder e influência na corte inglesa do século XVIII. A Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz), conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman), vê seu posto ameaçado com a chegada de Abigail (Emma Stone), uma criada que acaba se tornando a queridinha da rainha. O filme recebeu dez indicações ao Oscar de 2019, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para Emma Stone e Rachel Weisz e Melhor Atriz para Olivia Colman, que se sagrou vitoriosa.
6ª Dor e Glória (Pedro Almodóvar) – Espanha
Podemos definir Dor e Glória como um filme autobiográfico. Almodóvar recria na figura do personagem Salvador Mallo, interpretado de forma impecável por Antonio Banderas, a sua história de vida. De forma delicada, sensível e repleta de cores a obra acompanha o melancólico cineasta Salvador Mallo, que vive dias de declínio como artista. Ao longo do filme Mallo começa a pensar sobre as escolhas que fez na vida, e nisso, somos mergulhados nas memórias de infância do diretor. O belo resultado do filme não seria possível sem alguns fatores: as atuações de Banderas, Penélope Cruz e Julieta Serrano. Dor e Glória fala de primeiro amor, arrependimentos, infância, dores, velhice e principalmente a relação do diretor com o cinema.
5º O Irlandês (Martin Scorsese) – EUA
Impossível não se impressionar com a genialidade de Scorsese em O Irlandês. Falou-se muito por ai sobre estarmos diante de um clássico instantâneo do cinema, não tem como discordar desta afirmação, ainda mais quando estamos diante de um elenco com Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci, três lendas do cinema e dos filmes de máfia.
Você que ainda não assistiu a produção da Netfilix pode estar pensando que se trata de mais um filme cheio de violência e ação, mas em O Irlandês as coisas são um pouco diferentes. Scorsese levou anos para conseguir tirar do papel a ideia que traz a história de Frank Sheeran (Robert De Niro), um veterano de guerra, que concilia a vida de caminhoneiro com a de um assassino de aluguel da máfia. Diferente do que estávamos acostumados ver em O Poderoso Chefão ou Bons Companheiros, Scorsese reflete principalmente sobre as escolhas da vida, relações familiares, solidão, morte e velhice.
4º Dois Papas ( Fernando Meirelles) – Reino Unido, Itália, Argentina, EUA.
Confesso ter ficado surpreso com a boa recepção de Dois Papas por parte da crítica e do público. Normalmente os filmes que trazem duras críticas a a Igreja Católica ganham algum tipo de destaque, mas não foi o caso do novo longa do brasileiro Fernando Meirelles. O diretor de Cidade de Deus traz uma narrativa intimista e humana sobre as duas maiores lideranças da Igreja Católica nos dias atuais: Bento XVI e Francisco.
A ousadia do diretor brasileiro e o resultado final são louváveis e dignos de apreciação, mas nada seria possível sem o roteiro de Anthony McCarten, três vezes indicado ao Oscar, que traz diálogos plausíveis e possíveis de acontecer numa conversa entre os dois papas. Mas a ideia de Fernando Meirelles e o roteiro de McCarten só ganham vida graças a dois atores, Jonathan Pryce (Jorge Bergoglio) e Anthony Hopkins (Bento XVI), com ótimas atuações.
Dois Papas revela o lado humano de quem nós achamos que não deve falhar, pois estes são referência para milhares de pessoas. Vale ressaltar, que o filme não busca absolver a Igreja Católica de seus erros, mas focar no aspecto positivo: o sopro de esperança e reconstrução que o Papa Francisco trouxe não só para os católicos, mas para o mundo. A fotografia, montagem e figurino merecem elogios à parte.
3º Parasita (Bong Joon Ho) – Coreia do Sul
O quanto menos você souber sobre este filme antes de assisti-lo será melhor. Parasita, filme sul-coreano, é uma daquelas obras que quanto maior o mistério sobre sua trama mais ele te surpreenderá. O grande favorito para vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional, é um dos maiores sucessos do ano, principalmente nos EUA, país onde pouco se consome filmes legendados.
Parasita é uma mistura homogênea de gêneros. Bong Joon Ho traz para as telonas uma crítica ao capitalismo e a desigualdade social, mas tudo feito de forma sutil, como um humor ácido, sátiras sociais, além de envolver suspense e pitadas de terror. É impressionante como o diretor consegue transitar entre os gêneros sem perder o controle da narrativa.
A narrativa nos leva até a “casa” dos Kim, uma família pobre que mora dentro de um lugar abaixo do nível da rua, que sempre precisam encontrar alternativas para se alimentar, usar internet e conseguir dinheiro para sobreviver. Do outro lado, temos os Park, uma rica família moradora de uma mansão. A trama começa a ganhar forma quando o filho dos Kim consegue um emprego para dar aula para a filha dos Park. Sempre prepare para rir e se impressionar com Parasita.
2º Coringa (Todd Phillips) – EUA
Sem grande orçamento e pouca divulgação Coringa chegou aos cinemas no início de outubro e arrebatou o grande público, por outro lado, os críticos fizeram duras análises sobre a obra, afirmando ser extremamente violenta e subversiva. Apesar das críticas o filme bateu recordes de bilheteria e se tornou um dos favoritos na temporada de premiações, principalmente na categoria de melhor ator para Joaquin Phoenix que interpreta Arthur Fleck, que trabalha como palhaço para uma agência, mas que precisa tratar de seus problemas mentais.
Após ocorrer três assassinatos, causados por Fleck, começam a acontecer em Gotham City uma série de movimentos populares contra a elite da metrópole. O grande destaque do filme é o próprio Phoenix, responsável por uma das melhores atuações do ano. O ator chegou a emagrecer mais de 20kg para encarnar o personagem. Porém as qualidades do filme não param somente na atuação de Phoenix, mas também, na bela fotografia de Lawrence Sher, utilização das cores e na trilha sonora composta por Hildur Guðnadóttir, que cria constantemente um clima de tensão e apreensão.
Em suma, Coringa é um verdadeiro estudo de personagem e repleto de críticas sociais. Diferente de outros filmes, que já trouxeram a figura do palhaço para os cinemas, aqui vemos a origem do vilão. Para alguns, um filme que enaltece a violência e incentiva o caos, mas prefiro seguir o pensamento de Daniel Cury em sua crítica, “o filme mostra o quanto a insanidade de sociedades tumultuadas contribui para que grandes massas confundam um louco com um herói”.
1º Era uma vez em… Hollywood (Quentin Tarantino) EUA
Tarantino pode decepcionar muito fãs em seu novo longa Era uma Vez em Hollywood. Talvez este seja um dos filmes mais maduros e com menos violência do diretor já consagrado por obras como Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios. Aqui o cineasta faz uma verdadeira homenagem ao cinema, trazendo incontáveis referências a filmes, séries e astros de Hollywood.
O longa estrelado por Leonardo DiCaprio e Brad Pitt nos transporta para Los Angels de 1969. Tarantino recria a cidade o clima dos anos 60 de forma brilhante e mais uma vez mistura ficção com realidade, modificando fatos históricos. A trama central conta a história do astro Rick Dalton (DiCaprio), que sofre ao perceber que sua carreira está em decadência. Junto dele está o seu inseparável dublê e amigo Cliff (Brad Pitt), que vive a sombra de Dalton.
Logo no começo do filme vemos o diretor Roman Polanski e sua esposa Sharon Tate (Margot Robbie) se mudarem para um casa em Los Angeles, ao lado de Rick Dalton. Tarantino utilizada à tragédia que aconteceria mais tarde com Tate como pano de fundo para a trama. Ressalto que conhecer a história do assassinato da atriz Sharon Tate pela seita do psicopata Charles Manson é um dos aspectos fundamentais para entender o enredo e diversas situações do filme. Mas não posso dar mais detalhes sobre a obra.
Com elementos do gênero Western e Western Spaghetti, Era uma Vez em…Hollywood o cineasta faz uma verdadeira declaração de amor ao cinema, com pitadas de humor e suspense. DiCaprio e Pitt entregam ótimas atuações, com personagens memoráveis. A falta de violência gratuita certamente fará com que os fãs do velho Tarantino sanguinário se decepcionem. Aqueles dispostos a se envolverem com a história certamente sairão com o sentimento de satisfação no final do filme.