TOP 10 MELHORES FILMES DE 2019
Depois de tantos longas, chegou a hora de eleger qual o top 10 melhores filmes de 2019. Vou considerar os que estiveram em cartaz no cinema no Brasil entre janeiro e dezembro de 2019. Isso significa que terão produções que na origem são de outros anos e os lançados direto no streaming (Netflix, Amazon, etc) ficam de fora.
Por este critério, foram lançados 454 longas, de acordo com a lista do Filmeb (lista esta que só fica disponível até o final do ano, então quem quiser eu envio). E não vou citar os longas nacionais, pois estes terão uma lista à parte, assim destacarei com mais carinhos os filmes daqui – mas adianto que os 3 primeiros nacionais teriam espaço aqui.
Vale o comentário que o Cinem(ação) tem muitos autores. Esta lista representa apenas o meu top 10 Melhores Filmes de 2019 e que com certeza diverge da dos nobres colegas, mas esta é a graça das listas… as discussões. E claro, amigo leitor, você está convidado a colocar nos comentários o teu top 10 🙂
Antes do top 10 Melhores Filmes de 2019 fiquem com outras listas de melhores (acho que vemos filmes só para fazer listas):
Top 10 Melhores Filmes de 2018
Top 10 Melhores Filmes de 2017
Top 10 Melhores Filmes de 2016
E vamos para a lista de 2019 :
5 menções honrosas: Creed II, A Morte te dá Parabéns 2, Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal , Fora de Série e Toy Story 4
10- SE A RUA BEALE FALASSE:
Um casal se conhece desde a infância e desenvolveu uma ligação forte. Na vida adulta, passam por perrengues de várias naturezas, em especial por conta do racismo – que faz com que ele seja preso por um crime que não cometeu. Vemos então os dramas pessoais deles e da tentativa de Tish de conseguir justiça para o amado. Essa história, uma trilha primorosa e a atação de Regina King renderam 3 indicações ao Oscar.
Minha crítica sobre o Se a Rua Beale Falasse
9- ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD:
Tarantino. Basicamente só isso bastaria. O diretor geralmente acerta e aqui não foi diferente. Ao contar a história da seita do Charles Manson e da Sharon Tate (e o filme exige que o público a conheça previamente) de uma forma tarantinesca, Quentin conta com tudo aquilo que já conhecemos dele: um baita elenco, diálogos afiados, cenas poéticas e galhofas (às vezes ao mesmo tempo) e uma consciência temática ímpar. Provavelmente virá forte no Oscar 2020.
Papo que participei sobre o filme, no quadro Mesa Quadrada do Razão de Aspecto
8- DOR E GLÓRIA:
O diretor Pedro Almodóvar tem uma marca muito própria. Aqui faz uma obra bem introspectiva. A partir de um personagem interpretado por Antonio Banderas, persona essa quase um alter-ego do próprio diretor, vemos toda uma jornada reflexiva. Acompanhamos paixões, derrotas, vícios, dores e mais do que isso: uma autodescoberta. Trata de ausências, daquelas que estão sempre presentes no nosso peito, desamores que nunca deixamos de amar e da eterna novidade [do nosso] mundo, parafraseando Fernando Pessoa. É uma obra que transmite uma certa paz caótica e um entendimento da vida e da arte como algo uno.
Minha crítica sobre Dor e Glória
7- A ESPOSA:
O mote do longa é justamente o recebimento de um prêmio, no caso o Nobel de literatura, pelo escritor Joe Castleman (Jonathan Pryce). Em paralelo, a personagem título, mulher do autor, a Joan Castleman ( Glenn Close ), tem que lidar com angústias internas e as repercussões dos ritos do laureado. Delicado e ao mesmo tempo potente. Com uma atuação precisa e sutil de Close que rendeu indicação ao Oscar.
Minha crítica sobre A Esposa
6- ROCKETMAN:
Cinebiografia do astro Elton John. Não é o suprassumo da revolução cinematográfica, porém há diversos momentos criativos e bem realizados. Uma saída bem sagaz foi trazer a história sob a forma de reabilitação. Conforme a narrativa se desenrola, ele vai se desconstruindo em um movimento oposto a do filme, pois lá vemos a construção do mito. Essa relação dá um pouco de humanidade para a lenda e de mitificação para o homem. emos o uso nostálgico das canções sem apelação, mas com muito sentimento. A música título, por exemplo, sai bem da caixinha com uma quebra à la paradinha de escola de samba. Mesmo beirando alguma pieguice, há valor, e muito, em Rocketman.
Minha crítica sobre Rocketman
5- O IRLANDÊS:
Só a ficha técnica com nomes na frente e atrás das câmeras já colocavam este como uma das maiores expectativas do ano. O filme de Martin Scorsese com Robert De Niro, Joe Pesci, Al Pacino e Harvey Keitel é realmente tudo isso. A história da máfia com um olhar que vai além do convencional. A morte é um tema central, mas não só o sangue pelo sangue, mas a morte como instrumento reflexivo. A longa duração, 3h30 afastou alguns, porém se o filme tivesse o dobro disso não seria exagero… Vira para indicação em vários prêmios e claro ao Oscar.
Confira o podcast cinem(ação) sobre O Irlandês
4- CORINGA :
Um ensaio sobre a loucura. Com potência, precisão e carinho sobre o tema. Tem uma frase lá que definiu o assunto lindamente “O maior problema de se ter doenças mentais é que as pessoas querem que você se porte como se não tivesse uma”. Um primor técnico do início ao fim. E que atuação maravilhosa do Joaquin Phoenix… Não é uma historinha de herói. É um drama sobre a construção de um personagem.
Papo que participei sobre o filme, no quadro Mesa Quadrada do Razão de Aspecto
3- HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO:
Depois de 589 filmes sobre o teioso não esperava ver algo diferente. Aqui é usado esse conhecimento do público em prol de uma autoconsciência. Acompanhamos Miles Morales. Um garoto comum que, adivinhem, é picado por uma aranha radioativa e desenvolve poderes. Ele tem que lidar com essa nova descoberta, vilões, problemas interdimensionais e, como é caro ao personagem, a família e as desventuras da adolescência. Vale também o comentário da representatividade: Miles é negro e temos vários elementos relacionados no longa. A qualidade da animação é rara e a variedade das técnicas também. Não à toa ganhou o Oscar da categoria.
Minha Crítica sobre Homem Aranha no Aranhaverso
2- GUERRA FRIA:
Pawel Pawlikowski emplacou aqui três indicações ao Oscar: direção, fotografia e filme estrangeiro. A exposição didática que infantiliza o público está ausente. Nós temos que construir parte da história na nossa cabeça, o roteiro não entrega tudo de mão beijada. E tal opção, além de ser inteligente por si só, permite que Pawlikowski aposte na concisão, que vemos refletido na minutagem (menos de 1h30). O que torna mais surpreendente é que a história contada é uma relação de idas e vindas de um casal (baseado nas vidas dos pais do diretor) através de décadas e vários países. O rigor estético é sentido em cada quadro. O plano de fundo que dá título à obra permite a expressão de sentimentos e ações únicos. Somos convidados a embarcar no universal e no íntimo.
Confiram minha crítica sobre Guerra Fria
1- A FAVORITA:
Sim, vou usar o trocadilho que de A Favorita foi meu filme favorito em 2019. As 10 indicações ao Oscar mostram como o longa de Yorgos Lanthimos acerta em várias frentes. As três atrizes principais indicadas é um sinal do primor no quesito. A câmera olho de peixe dá um ar diferenciado, junto com a fotografia em luz natural. A trama de paixões corre em vias não clichês, vide o final em aberto e os percursos raros ao longo da trama. É daquelas produções para ser estudada minunciosamente.
Confira o podcast Cinem(ação) sobre A Favorita