Crítica: A Ghost Story (2017)
A Ghost Story é o drama sobrenatural que nos mostra a importância de ser e deixar ir.
Com uma fotografia impecável, é quase que impossível não se conectar com o ambiente. Junto com o trabalho muito bem exercido pela trilha sonora que nos prende ainda mais na realidade da história ora nos deixando tensos pois ainda não temos plena noção do tema do filme, ora para nos situar dentro do mesmo. A Ghost Story, traz singularidades que enriquecem ainda mais sua história, com planos sequência longos, pouquíssimos diálogos, a peculiaridade no seu formato 1:33:1 e suas bordas arredondadas. Esse formato foi o mesmo utilizado nas primeiras TVs e, junto com as bordas, tais elementos remetem a uma nostalgia de fotos antigas e, e os detalhes nos trazem a sensação de estar vendo algo novo e antigo.
Geralmente a ausência de algo incomoda, nesse caso, o silêncio faz parte do que está sendo contado, as experiências pessoais do público com a morte, permanência em determinada situação ou lugar, saudade e principalmente a noção de tempo, é crucial para o entendimento da trama e a identificação com a situação vivida com cada personagem.
Com tudo isso estabelecido e bem apresentado, entramos profundamente na obra e seu tempo cronológico e como um “truque” o diretor David Lowery mostra dentro do próprio filme a fagulha responsável por todo aquele projeto: a ideia do filósofo Nietzsche, o eterno retorno, conceito que fala sobre os ciclos repetitivos da vida em que estamos presos a um número de fatos que se repetiram no passado, ocorrem no presente e se repetirão no futuro. Mesmo sem expressão, o fantasma consegue cativar o público com sua dor pessoal, trazendo para si perguntas existências sobre o valor do tempo e da vida, o que acaba deixando o seu público intrigado pois ali somos meras peças de um grande quebra cabeça.
Dizem que a melhor resposta é aquela que não se dá, A Ghost Story nos dá a resposta e nos deixa sem nenhuma palavra, depois de um tempo, aquela linha tênue entre o possível e o absurdo nem existe mais, porque tudo é absurdamente possível.