Crítica: O Paraíso Deve Ser Aqui – 43ª Mostra de São Paulo
O Paraíso Deve Ser Aqui apresenta um panorama curioso e sarcástico pela experiência do cineasta Elia Suleiman. Mas apenas para iniciados.
O filme está em exibição na 43ª Mostra de São Paulo.
Ficha técnica:
Direção: Elia Suleiman
Roteiro: Elia Suleiman
Nacionalidade e Lançamento:
Palestina, 24 de maio de 2019 (Festival de Cannes)
Sinopse: O diretor Elia
Suleiman estrela seu próprio filme, uma saga cômica que investiga os
significados do exílio e da busca por um lar. Palestino, Suleiman deixa seu
país, à procura de uma nova vida. Mas aonde quer que ele vá, de Paris a Nova
York, a Palestina parece segui-lo, pois algo sempre o faz lembrar de casa.
Elenco: Elia Suleiman, Gael García Bernal.
O cineasta Elia Suleiman interpreta a si mesmo neste exercício de acidez, humor e crítica que “O Paraíso Deve Ser Aqui”. Assim como em “Ecos”, há aqui uma série de cenas aleatórias e independentes. No entanto, o filme palestino (coproduzido com diversos outros países) encontra em si uma unidade: tudo é presenciado pelo protagonista. Além de, é claro, não haver compromisso nenhum com a realidade. Sonhos, imaginação do cineasta? Tudo é possível.
Em alguns momentos, o filme tem ares de surrealistas. E no fim das contas, é uma declaração de amor à Palestina. Para além das situações em que Suleiman imagina Paris em uma situação de guerra, ou vê uma mulher vendada no carro como se estivesse sendo levada por soldados, temos também momentos em que não resta dúvida acerca do tema explorado pela cena. Em uma delas, o taxista novaiorquino se espanta com a nacionalidade do diretor, enquanto em outra especialmente bela um cartomante diz que a Palestina vai se tornar um país, mas não tão rapidamente. E quando o filme termina com o cineasta contemplando a juventude de seu país, dançando em uma casa noturna, é especialmente belo que haja casais homossexuais entre eles. A falta de diálogos e o quase onipresente silêncio de Elia Suleiman fazem com que “O Paraíso Deve Ser Aqui” fique contemplativo demais e livre demais para interpretações, o que pode ser complicado para desavisados. Quando mais iniciado for o espectador, mais ele aproveitará o filme.