Crítica: Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia – 43ª Mostra de São Paulo
Crítica: Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia – 43ª Mostra de São Paulo
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Crítica: Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia – 43ª Mostra de São Paulo

“Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia” é a prova de que conhecer história é ponto crucial para lutar contra o patriarcado.

O filme está em exibição na 43ª Mostra de São Paulo.

Ficha técnica:
Direção: Teona Strugar Mitevska
Roteiro:  Teona Strugar Mitevska, Elma Tataragic
Nacionalidade e Lançamento: Macedônia, 10 de fevereiro de 2019 (Festival de Berlim)
Sinopse: Em Stip, uma pequena cidade na Macedônia, todo mês de janeiro o padre local joga uma cruz de madeira no rio e centenas de homens mergulham atrás dela. Sorte e prosperidade são garantidas a quem a recupera. Desta vez, Petúnia mergulha na água e consegue pegar a cruz antes dos outros. Seus concorrentes ficam furiosos: como uma mulher ousa participar desse ritual? A situação sai do controle na comunidade, mas Petúnia se mantém firme. Ela conseguiu sua cruz e não irá desistir.

Elenco: Zorica Nusheva, Labina Mitevska, Simeon Moni Damevski, Suad Begovski, Stefan Vujisic.

“Se mantivermos as tradições, nunca vamos progredir”, afirma a repórter, importante personagem de “Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia”, filme macedônico (coproduzido com outros países) que mostra como Petúnia (ou Petrunya, no original) causa a ira em muitos homens em sua pequena cidade ao decidir ficar com a cruz de um evento anual da igreja. Tradicionalmente, apenas homens poderiam pular no rio e pegar para si a cruz jogada pelo padre. No entanto, ao passar pelo local após ser assediada em uma entrevista de emprego, a protagonista decide pular no rio e pegar a cruz.

A princípio, é como se a mulher, há tanto tempo desempregada, pudesse finalmente ter algo para si. No entanto, o fato de ela ter estudado história (motivo pelo qual não consegue emprego) é bastante significativo: ela sabe muito bem o que está fazendo.

Ao longo do filme, que se passa em sua maior parte do tempo dentro de uma delegacia de polícia, Petúnia desafia praticamente todas as instâncias institucionais que mantém o patriarcado: o Estado representado pela polícia, a religião representada pelo padre, a sociedade em geral representada pelos manifestantes, e a família representada por sua mãe (evidência de que há também mulheres dispostas a não questionar o status quo). Não é de se espantar que a repórter, representante da democracia e liberdade de imprensa, seja também uma mulher.

“Deus é Mulher e Seu Nome é Petúnia” é um retrato local de uma questão global. Sua história é significativa da Macedônia e de muitos outros países. O problema fica com algumas cenas muito escuras e o fato de que a protagonista parece continuar um pouco perdida. É como se ela estivesse apenas se revoltando sem motivo. E o que ela faz com a cruz parece não condizer com o propósito do filme.

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