Crítica: Meu Verão Extraordinário com Tess – 43ª Mostra de São Paulo
Meu Verão Extraordinário com Tess - protagonistas dançando - Mostra de São Paulo
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Crítica: Meu Verão Extraordinário com Tess – 43ª Mostra de São Paulo

Meu Verão Extraordinário com Tess é um coming-of-age fofo e doce… como a infância.

Meu Verão Extraordinário com Tess está na programação de 43ª Mostra de São Paulo.

Ficha técnica:
Direção: Steven Wouterlood
Roteiro: Laura van Dijk (baseado no livro de Anna Woltz)
Nacionalidade e Lançamento: Alemanha, Holanda, 7 de fevereiro de 2019 (Festival de Berlim)
Sinopse: Baseado no livro de Anna Woltz, o filme conta a história de Sam, um menino que, por medo de ficar sozinho, cria um “treinamento de solidão” para fazer durante as férias. Mas Sam conhece Tess, uma garota diferente que carrega um grande segredo, e acaba atraído para uma aventura que o faz perceber que valorizar a família é mais importante que fugir.

Elenco: Sonny Coops Van Utteren, Josephine Arendsen, Tjebbo Gerritsma, Jennifer Hoffman, Julian Ras.

O medo de Sam provavelmente já foi sentido por todos nós, ainda que talvez em menor grau: o medo de perder toda a família e ficar sozinho. Enquanto lida com esse medo e uma certa dúvida sobre a morte, Sam passa as férias de verão em uma ilha turística da Holanda. Devido ao ambiente seguro, os pais acabam permitindo que ele circule livre por lá, onde ele terá chances de viver uma grande aventura repleta de descobertas.

Talvez a diferença entre este filme e tantos outros do estilo coming-of-age esteja na temática. Em vez de se focar em uma determinada paixão e de falar sobre relacionamentos ou maturidade, “Meu Verão Extraordinário com Tess” fala sobre a morte e como nos relacionamos com ela, algo que passa pela cabeça de poucas crianças. Também fala sobre família e sobre viver a vida intensamente, resvalando no romance sem que este se torne central.

Na história, Sam e Tess dividem o protagonismo e vivem seus dilemas. Enquanto ele quer passar o máximo de tempo sozinho para aprender a não ter ninguém por perto quando perder a família, ela conseguiu fazer com que seu possível pai verdadeiro viesse ao local, e tenta se aproximar dele.

Infantil sem ser bobo, “Meu Verão Extraordinário com Tess” consegue transformar situações que seriam corriqueiras para um adulto em verdadeiros momentos de tensão por serem vividos por crianças. Com isso, o fato de não haver nenhum grande risco aos personagens faz com que o longa seja completamente “good vibes” e positivo. Podemos notar, por exemplo, quando ocorre um acidente com um personagem e logo se vê que não é tão grave. Ao mesmo tempo, algumas escolhas de Sam parecem não ter muitos desdobramentos, como por exemplo quando ele inventa uma “gravidez”. É como se testemunhássemos algumas idas e vindas de uma semana na praia, o que não se torna um grande problema dado o clima que o filme apresenta desde o princípio.

É fácil imaginar como deve ser o livro no qual o roteiro se baseia. Há elementos relacionados à família e até mesmo uma doença crônica não explorada aqui, que certamente deve receber mais atenção nas páginas. Vale notar também como as cores passam a ficar mais vívidas no momento em que Sam aprende uma lição com velho ancião solitário – uma das figuras mais fabulescas da trama, ainda que faça sentido.

É como se a história de Sam tivesse o objetivo de nos fazer voltar aos tempos de infância, quando tudo era mais leve e até mesmo os problemas mais complexos pareciam se resolver de forma mágica. Especialmente porque aquelas lições aprendidas na infância muitas vezes são esquecidas, por mais simples que pareçam. Porque de vez em quando tudo o que precisamos é de uma história clichê, uma praia vazia… e um quentinho no coração.

  • Nota
4

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