CRÍTICA: TODOS JÁ SABEM (2019)
Grandes nomes do cinema mundial protagonizam em Todos já sabem uma história de suspense/investigação quando em uma festa de casamento um misterioso crime acontece fazendo com que laços familiares sejam testados.
O elenco aqui já chama a atenção: Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín são dirigidos por Asghar Farhadi, do bem sucedido O apartamento (2016). As atuações como não poderia ser diferente são intensas, marcantes e fundamentais para imersão do espectador no enredo.
Por falar em enredo, prepare-se. A condução dele é lenta, mas gradativa. Para muitos, pode soar sonolenta ou tediosa, embora possa-se afirmar que a maioria das cenas são importantes para o quebra-cabeça do mistério.
A verdade é que a história caberia perfeitamente num romance de muitas e muitas páginas. Porque o diretor propõe-se a nos contar lentamente detalhes dos membros daquela família. Para funcionar melhor na Telona, seriam necessários mais cortes na montagem e maior dinamismo.
Há certos diálogos expositivos demais. Explico: dois personagens sentam para falar sobre um assunto que ambos já conhecem e nós ouvintes também já temos a ciência de que eles sabem. Típica cena que poderia facilmente ser removida na edição.
Embora lento, o roteiro funciona. A sensação de mistério acompanha o olhar do espectador na busca por pistas que possam indicar responsáveis pelo crime.
Olhar este que percorre uma belíssima fotografia situada numa Espanha de cores fortes, que revelam a cultura local de um povoado tradicionalista e com muitos dilemas sobre posse de terra, dívidas, honra e forças familiares.
Falando em dilemas, são vários os componentes que tornam a história interessante. Na busca por desvendar o mistério, são revelados segredos que manter-se-iam ocultos não fosse o crime em questão. Neste ponto, há bastante aprofundamento na psiquê dos protagonistas e empatia do espectador por alguns deles, de acordo com a intenção do diretor.
Eu recomendaria o filme Todos já sabem àquelas pessoas que gostam de narrativas mais intimistas cujas intenções são revelar as várias camadas que compõem a personalidade.
Com argumento simples, condução lenta mas com inserções significativas e com resolução coerente dentro daquela narrativa, temos em Todos já sabem um filme razoável.
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