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“Um Conto de Natal” em 5 adaptações

O Clássico filme “A Felicidade Não se Compra” mostra o honesto George Bailey (James Stewart) em uma situação de desespero quando algo ruim e inesperado acontece em sua vida. Achando que a população daquela pequena cidade não o perdoará por um erro cometido, ele pensa em desistir de viver. Um anjo aparece para Bailey e lhe mostra o que aconteceria às pessoas daquela localidade se ele nunca tivesse existido.

Quem já leu “Um Conto de Natal” (publicado em 1843) do escritor inglês Charles Dickens – ou já assistiu alguma (ou algumas) de suas várias adaptações fílmicas –, com certeza percebeu algumas semelhanças do clássico – dirigido por Frank Capra em 1946 – com a obra literária de Dickens. Se ambas as histórias diferem uma da outra em suas narrativas, podemos notar que elas se assemelham quando seus protagonistas descobrem que sem eles aquelas pessoas que os cercam teriam suas vidas modificadas (para pior).

Diferente do clássico de Capra, em “Um Conto de Natal”, o escritor Dickens não conta a trajetória de um herói, mas do avarento Ebenezer Scrooge, um homem egoísta e pouco amigável. Na noite de Natal, ele recebe a visita de três fantasmas – do passado, presente e futuro – que mostrarão as consequências de seus atos, que poderão ser consertados e\ou remediados caso ele se arrependa e se torne um homem bom.

Assim como boa parte das obras de Charles Dickens, “Um Conto de natal” retrata o lado miserável das ruas de Londres, com personagens marcados pela dor e desigualdade social. E o homem que poderia ajudar a mudar esta situação é uma pessoa destituída de compaixão, vivendo em prol apenas de si mesmo, sem se preocupar com quem está ao seu redor. A ganância é utilizada nessa obra como crítica social, mostrando como um homem consegue se submeter ao mais terrível egoísmo, se isolando de quem o quer bem.

Dickens teve grande parte de suas histórias adaptadas para o cinema. Obras como “Oliver Twist”, “David Copperfield” e “Grandes Esperanças” foram levadas para as telas por diretores como David Lean, George Cukor, Roman Polanski e Alfonso Cuarón. Com “Um Conto de Natal” não poderia ser diferente, e o cinema soube explorar ao máximo esta história. Além disso, a obra foi também adaptada várias vezes para a TV.

Entre as diversas adaptações realizadas, destacamos cinco produções de épocas e estilos diferentes:

Contos de Natal (1951)

Direção de Brian Desmond Hurst. Com: Alastair Sim, Hermione Baddeley, John Charlesworth, Kathleen Harrison e George Cole.

O escocês Alastair está bem no papel do avarento Scrooge. A obra inglesa é uma das melhores adaptações já feitas do clássico de Dickens. Com uma ótima fotografia em preto e branco, o filme explora muito bem as facetas do personagem principal, utilizando um bem elaborado sistema sonoro que funciona bem e acaba sendo um elemento fundamental na história. Aqui o humor é mais contido e os personagens são mais soturnos (em especial os fantasmas).

Adorável Avarento (1970)

Direção de Ronald Neame. Com: Albert Finney, Alec Guinness, Kenneth More, Edith Evanson e David Collings.

Dirigido pelo veterano Ronald Neame (“Loucuras de um Milionário”, “A Primavera de uma Solteirona”), “Adorável Avarento” é uma caprichada produção musical que se tornou uma das mais famosas versões da obra de Dickens. Finney lidera o bom elenco, no papel de Scrooge, enquanto Guinness faz o sócio Jacob Marley, que aparece como o fantasma que irá alertar Scrooge. Ainda que a história seja dramática, o tom desta versão é mais suave e por vezes estilizada. Foi indicado aos Oscars de direção de arte, figurino, trilha sonora e canção.

O Conto de Natal do Mickey (1983)

Direção de Burny Mattinson. Com as vozes de Alan Young, Wayne Allwine, Hal Smith, Clarence Nash e Eddie Carroll.

Diferente do que o título sugere, o Mickey não é o personagem principal desta animação dos Estúdios Disney, mas sim o Tio Patinhas. Com a duração de 25 minutos, temos aqui a famosa história contada de forma mais leve – mas a crítica social está presente – com grande parte dos personagens do estúdio aparecendo em pequenas pontas. Mickey é o empregado, enquanto o Donald é o sobrinho otimista e o Pateta é o ex-sócio. Os 3 fantasmas são representados pelo Grilo Falante, o gigante Willie e o Bafo de Onça.

Os Fantasmas Contra Atacam (1988)

Direção de Richard Donner. Com: Bill Murray, John Forsythe, Karen Allen, Alfre Woodard, Robert Mitchum e Michael j. Pollard.

Indicado ao Oscar de melhor maquiagem, esta produção dirigida por Richard Donner (“Superman – O Filme”, “Máquina Mortífera”) é uma bem humorada (e também dramática) atualização da história de Dickens para os tempos atuais (neste caso, os anos 80). Murray está ótimo como um ambicioso diretor de TV que em um determinado dia recebe a visita de três fantasmas que o farão refletir sobre sua vida. Os efeitos visuais e os cenários são competentes. O bom elenco é formado por alguns atores veteranos.

Os Fantasmas de Scrooge (2009)  

Direção de Robert Zemeckis. Com: Jim Carrey, Gary Oldman, Robin Wright, Colin Firth, Bob Hoskins, Cary Elwes e Fionnula Flanagan.

Depois de realizar “O Expresso Polar” (2004) e “A Lenda de Beowulf” (2007) como animação computadorizada com captura de imagem, o competente diretor Zemeckis (premiado com o Oscar por “Forrest Gump”) realizou no mesmo formato sua versão do clássico conto de Dickens. O visual é fantástico, e a história acrescenta alguns momentos mais acelerados e tensos para torná-lo mais acessível ao público atual. O elenco – que não apenas dubla, mas também empresta sua fisionomia e trejeitos – é ótimo, com Carrey dando um show interpretando o personagem principal e os três fantasmas.

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