Festival de Sundance 2019: Quatro Brasileiros são Selecionados

A Sundance Institute anunciou os filmes selecionados e temos quatro brasileiros na lista

Não é novidade pra ninguém que o cinema Brasileiro e o Festival de Sundance têm uma bela história de sucesso. Vários filmes nacionais já foram selecionados e premiados, nesse que é um dos mais importantes Festivais do cinema independente mundial. E em 2019 não será diferente. O Sundance  Institute revelou os filmes selecionados para o Festival de 2019 com 4 produções brasileiras na lista: Divino Amor,  de Gabriel Mascaro, Impeachment, de Petra Costa, O Mistério da Carne, de Rafaela Camelo e Abe, de Fernando Grostein Andrade.

Imagem de “Divino Amor”, de Gabriel Mascaro

Entre os 12 filmes selecionados para a competição de longas de ficção, na categoria mundial, foi selecionado o filme Divino Amor, de Gabriel Mascaro (Boi Neon). O filme conta a história de Joana (Dira Paes), que  trabalha como escrivã em um cartório e, profundamente religiosa e devota à ideia da fidelidade conjugal, sempre tenta os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio mudar de opinião. Tal situação sempre a deixa à espera de algum reconhecimento, pelos esforços feitos. Entretanto, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise em seu casamento. O filme, que tem produção conjunta com Uruguai, Dinamarca, Noruega e Chile, tem tudo para seguir os mesmos caminhos de Que Horas Ela Volta? e Benzinho, principalmente se levarmos em conta a última obra de Mascaro, o elogiado e premiado Boi Neon.

Petra Costa Filmando o Documentário Impeachment

Já entre as obras selecionadas para a competição de documentários em longa-metragem, na categoria mundial, o filme Impeachment, de Petra Costa (Elena), é o nosso representante. Misturando o pessoal, poético e político, Petra Costa traça o desdobramento do cenário político brasileiro, explorando um dos períodos mais dramáticos da nossa história. Petra explora a ascensão e queda de Lula e Dilma, além de traçar um perfil de uma nação, que tragicamente permanece polarizada. O filme não só captura esse momento crucial da história, mas serve como uma advertência para esses tempos de crise. Esse será o primeiro filme de Petra a ser lançado e exibido em festivais após a diretora ser convidada a fazer parte da Academia do Oscar. Além de ser seu primeiro filme em 5 anos, uma vez que seu último filme, o premiado O Olmo e a Gaivota, é de 2014. Se continuar com a bela trajetória que seus filmes tem feito, Impeachment terá uma bela carreira internacional.

Cena de “O Mistério da Carne”, curta de Rafaela Camelo

A terceira obra brasileira a ser selecionada é o curta-metragem O Mistério da Carne, de Rafaela Camelo. Tendo como inspiração a autorização do Papa Francisco para mulheres fazerem o ritual de lava-pés na igreja católica, o curta conta a história de duas garotas que vivem uma relação confusa de amizade, paixão e fé, dentro de uma igreja onde fazem catequese juntas. Em 18 minutos, o filme mostra de forma simples como Camila (Bianca Terraza) sente um misto de atração e repulsa por sua amiga Giovana (Pâmela Germano). Este é apenas o segundo filme de Rafaela, que em 2011 lançou seu primeiro curta A Arte de Andar Pelas Ruas de Brasília, que ganhou o Prêmio de Melhor Curta no Festival de Brasília em 2011. O Mistério da Carne, também passou no Festival de Brasília esse ano e foi um dos destaques do Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual.

Noah Schnapp e Seu Jorge em “Abe” de Fernando Grostein Andrade

E o quarto filme nacional na lista dos selecionados para o Festival é Abe, de Fernando Grostein Andrade. O filme é uma produção Brasil / EUA e tem no elenco Noah Schnapp, o Will Byers de Stranger Things. No filme, Noah é um menino de 12 anos que mora no Brooklin, Nova Iorque, com a mãe judia de origem israelense e o pai palestino de origem muçulmana. O jovem, aprendiz de um chefe de cozinha brasileiro, ama gastronomia e tenta usar desse artifício para manter as duas famílias unidas. O filme ainda tem no elenco o cantor Seu Jorge, no papel do chefe de cozinha com quem o personagem de Noah aprende a cozinhar. O filme fará parte da mostra Kids, voltada apenas para produções infanto-juvenil.

Diversidade em alta

O festival desse ano trás alguns dados interessantes, mostrando uma alta valorização para a diversidade. Para começar, esse ano o Festival recebeu um número recorde de inscrições, foram 14.259 inscritos. Entre eles foram tiveram 4.018 longas, entre os quais  1.767 eram americanos e 2.251 eram do restante do mundo. Entre os inscritos 31% dos filmes foram dirigidos por mulheres, 38% foram dirigidos por cineastas não caucasianos e 11% por pessoas que se identificam como LGBTQ+.

Entre esses inscritos foram selecionados 112 filmes representando 33 países e com 45 novos cineastas. 53% dos diretores da mostra competitiva de ficção desse ano são mulheres, 41% são pessoas não caucasianas e 18% se identificam como LGBTQ+. Entre os documentários de longa-metragem 44% dos diretores são mulheres,  22% são pessoas não caucasianas e 5% se identificam como LGBTQ+. Levando-se em conta apenas a mostra competitiva de longas dos 56 filmes 42% são dirigidos por mulheres, 39% por pessoas não caucasianas e 23% se identificam como LGBTQ+.

Entre os curta-metragens, a diversidade também está em alta. Foram inscritos 9.443 curtas, 4.720 são americanos e 4.723 do restante do mundo. Entre esses foram selecionados 73 curtas de 33 países diferentes, dentre esses 53% foram dirigidos por mulheres, 51% por cineastas não caucasianos e 26% por pessoas que se identificam com LGBTQ+.

Mas não pensem que o Festival de Sundance é modinha. Na verdade o Festival sempre priorizou a diversidade entre seus filmes, um grande exemplo para os demais Festivais. Embora seja americano, o festival criou uma categoria só para filmes do restante do mundo, priorizando assim a diversidade cultural. O Festival de Sundance é um verdadeiro exemplo ao dar prioridade a diversidade cultural, de cor e gênero. Um exemplo as ser seguido pelos Festivais mundo a fora, só pra ter uma ideia entre todos os filmes concorrer ao Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2018, apenas um era dirigido por uma mulher. No Festival de Cannes não é diferente, em 71 anos de festival e com 268 cineastas premiados, apenas 11 mulheres foram premiadas. E o Oscar nem se fala, não é mesmo? O Festival de Berlim, dentre os grandes Festivais, é um dos únicos que já tem feito esses avanços. Mas o pioneirismo pertence ao Festival de Sundance! Um motivo a mais para ficar de olho nele.

O Festival de Sundance ocorrerá entre 24/01/2019 e 03/01/2019 nas cidades de Park City e Salt Lake City e no Sundance Mountain Resort, no estado de Utah nos EUA. Ficamos desde já na torcida por Divino Amor, Impeachment, O Mistério da Carne e Abe.

Para mais informações clique aqui e acesse o site do festival.

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