MOSTRA SP 2018 | Sem Amor

Sem Amor funciona como um pequeno drama indie – e nada mais

Ficha Técnica

Direção: Suzi Yoonessi

Roteiro: Charlene DeGuzman, Sarah Adina Smith e Mark Duplass

Elenco: Charlene DeGuzman, John Hawkes, Paul James, Ellen Geer, Melissa Leo

Nacionalidade e Lançamento: EUA, 2018

Sinopse: Joy tem um enorme vazio em sua alma. Ela tenta preenchê-lo com romances e sexo, mas nunca é suficiente. Percebendo que isso é um problema, a garota decide procurar ajuda e se matricula em um programa de recuperação para o seu vício sexual, onde ela encontra apoio em Maddie. Mas se manter na linha é uma tarefa difícil quando você está desempregada e solitária. Quando Joy encontra Jim, o recluso irmão de Maddie, as coisas começam a mudar.

Vencedor do prêmio game changer – que honra produções dirigidas por mulheres – no SXSW Film Festival, Sem Amor (não confundir com a produção russa de mesmo nome no Brasil que foi exibida na mostra do ano passado) é mais novo filme de Suzi Yoonesi, diretora que já passou pela mostra em sua 33ª edição, com o filme “Querido Lemon Lima”. Seu novo trabalho é um divertido e pequeno drama indie do tipo feel good, e se encaixa em uma categoria específica de filmes que chamam atenção em festivais como o de Sundance e o próprio SxSW, como Doentes de Amor.

O filme gira entorno de Joy (Charlene deGuzman), uma jovem com vício em sexo e amor afetivo que vê sua vida em ruínas devido a sua condição. Após uma tentativa falha de suicídio, a garota decide procurar ajuda em um programa de recuperação para o seu vício. É lá que ela conhece Maddie (Melissa Leo), que fornece sua casa como refúgio para que Joy complete seu programa de abstinência. Quando a garota conhece Jim (John Hawkes), o irmão recluso e solitário de Maddie que também é músico, uma amizade se forma.

Sem Amor é um dos filmes de narrativa e roteiro mais convencionais assistidos na 42ª Mostra – isto não é algo necessariamente ruim -, com viradas de roteiro previsíveis e que se assemelham a incontáveis comédias românticas. O acerto do roteiro – escrito pela própria Charlene DeGuzman, com Sarah Adina Smith e Mark Duplass (ótimo ator por trás do slasher found footage Creep, e que também produz este longa) – está em nunca transformar Jim em um interesse amoroso de fato, fortalecendo o elo criado entre o amargurado músico e Joy através da amizade.

Melissa Leo e John Hawkes – atores renomados e vencedores de vários prêmios – elevam o material com o qual trabalham e adicionam um nível de profundidade que até mesmo não existe no -apenas correto – roteiro, e, da química criada entre Jim e Joy (deGuzman é esforçada e competente), é quase alcançado um envolvimento genuíno com aquelas pessoas. É uma pena que o roteiro seja tão protocolar, pulando entre atos com uma pressa que é confundida com ritmo e atribui artificialidade às viradas de roteiro. Bonitinho e rápido (79 minutos), Sem Amor é fácil de assistir, mas também fácil de esquecer.

Confira a programação da 42ª mostra