Crítica: Troca de Rainhas (L’échange des princesses, 2017)
Ficha técnica de Troca de Rainhas:
Direção e roteiro: Marc Dugain
Elenco: Lambert Wilson, Anamaria Vartolomei, Olivier Gourmet
Nacionalidade e lançamento: França/Bélgica, 2017 (16 de agosto de 2018 no Brasil)
Troca de Rainhas se passa em meados de 1700 em meio a uma pendenga diplomática entre os reinados de França e Espanha. De forma a amenizar os ânimos dos países, uma transação controversa (aos olhos de hoje) é proposta pelo francês Philippe d’Orléans (Olivier Gourmet): a própria filha, Louise-Elisabeth (Anamaria Vortolomei), com o espanhol, Luís (Kacey Mottet Klein), do outro lado, o rei francês, Louis XV (Igor van Dessel), com a princesa espanhola Mariana Vitória (Juliane Lepoureau). O agravante é que todos os futuros maridos e esposas são crianças ou no máximo jovens adolescentes.
Basicamente o longa gira em torno das implicações morais e cotidianas de tal fato. Desde situações mais “simples”, até questões sexuais, já que sucessão do trono é um tema caro naquele meio. Aliás, todo o filme é estrito ao olhar da corte. O recorte permite um estudo mais condensado e com tempo para sentirmos cada personalidade envolvida. Seja a mais confrontadora, seja a doce e agregadora ou então as típicas questões de foro íntimo naturais da adolescência.
Se no âmbito da criação de personagens Troca de Rainhas vai muito bem, o mesmo se pode falar sobre a parte técnica. O figurino, a maquiagem e os cenários estão na medida. Corretos para a época, com o brilho devido e sem quererem mostrar de modo a desviar o foco, não há por exemplo um close que se restrinja a parte visual apenas. Todavia, várias passagens merece um olhar mais cuidadoso, a vontade que dá de pausar o filme e admirar o cuidado da produção nesse sentido.
Outro ponto que poderia ser delicado são as atuações infantis. Como são centrais aqui, poderia incorrer em um natural declínio interpretativo, mas o elenco escolhido desempenha bem as várias nuances. Há sim um certo exagero caricatural em alguns momentos, mas que cabe dentro da proposta. Não vemos por exemplo a exploração fácil que o Projeto Flórida, disparado um dos piores filmes do ano, tentou fazer.
Troca de Rainhas tem um ritmo moroso que pode afastar alguns, contudo sabe o que quer mostrar – uma sociedade que os fins justificam qualquer meio mesmo que este envolva os próprio filhos ainda jovens – e o faz com esmero técnico e narrativo.
PS: favor não usar o termo “filme de época” afinal todo filme se passa em alguma época….