Os tempos de IBOPE acabaram. Agora é com o Algoritmo Mágico - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Cinema Mundial

Os tempos de IBOPE acabaram. Agora é com o Algoritmo Mágico

Os tempos mudaram, e o IBOPE hoje é medido de outra forma. Estar na frente na audiência não quer dizer completo êxito comercial. Hoje é um pouco mais complicado, por termos tantas vertentes, tantas opções, tanto conteúdo e principalmente, por termos consumidores mais antenados, exigentes e até ”mimados” de certa forma. Os tempos realmente mudaram e com isso, toda grade de produção foi formatada. Canais tiveram que se remodelar criativamente para gerar algo com sabor suficiente para segurar os telespectadores ou trazer um novo público. E quando digo canais, digo não só TV, mas realmente tudo, de Youtube, Streaming a On Demand.

O possível fim da TV 

Poderíamos começar a levantando o simples fato que o conteúdo televisivo aos poucos está morrendo. Cada dia se enfraquecendo mais e mais, perdendo território para a internet. Isso claro, que já faz alguns anos, mas hoje em dia podemos ver marcas e agências de publicidade gerando e focando as suas produções muito mais para a internet do que para a TV, seja ela aberta ou paga.

A publicidade hoje – que aos poucos entendeu que ligar produtos a gente famosa trazia mais retorno do que propagandas bem elaboradas ou com jingles impregnantes – tem as suas equipes de criação junto aos roteiristas de séries e longas, enxertando os seus produtos dentro da ficção, para que não só atice o público de uma forma mais orgânica – sem o uso da pausa para comerciais – como tendo o ator/atriz famosos como símbolo, mas também o seu personagem favorito consumindo tal marca. Sem falar que a venda de televisores – sim estou falando realmente do aparelho – ano após ano vem caindo, assim como computadores desktop. Hoje um pouco mais de 1/5 da população mundial, acessa tudo que precisa via celular. Praticamente todo ser humano que consome entretenimento ou tem ligação a web, tem o seu próprio smartphone, o que desestabiliza a indústria completamente. Mas isso é assunto para outra hora em outro artigo.

Mas então, por que ainda temos tantos assinantes de TV paga??

Pois bem, pasmem!! Pesquisas apontam que os brasileiros continuam assinando a TV a cabo, pelo fato de poder fechar um pacote – um combo – com melhor quantidade de internet. A TV paga já perde para Netflix/Now nos EUA, aqui será concretizado dentro de uns 5 anos. Ou seja, enquanto existir este tipo de domínio nesta área, com tais regras e formato que convivemos hoje, teremos consumidores aprisionados a este tipo de aquisição. É como se o nosso povo optasse aos poucos pela moto ao carro, para talvez chegar ao objetivo desejado mais rápido, mas ainda compramos carros por não ter outra forma de termos os pneus para rodar.

Tudo esta amarrado de alguma forma. A TV está ruindo por causa da internet, ela acabou com o ”prime time” para criar o ”my time”, onde as pessoas acessam e assistem o que bem entender quando bater a vontade, sem ter que esperar o planejamento da TV dizer que precisa de mais pessoas em ócio parar liberar a programação. As empresas de TV a cabo ainda mantém a internet em suas coleiras, o que as sustentam em partes por ora. E aqui não fazemos a TV Paga como vilã não, até porque graças a Lei 12,485 onde meio que ”obriga” os Players a ter 3 horas de conteúdo nacional, ajudando muito o nosso audiovisual – para entender um pouco mais, clique aqui – temos também o recolhimento da CONDECINE, onde uma % de imposto é recebido – em breve VoD também será taxado – para que vire verba acessível de volta para as nossas produtoras e distribuidoras. Ou seja, a sua sobrevivência também nos é importante.

Mas o artigo não era sobre IBOPE??

Vamos por partes, você sabe o que é IBOPE?? A sigla quer dizer ”Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística”, onde antes media fielmente – ou pelos menos a maiorias das pessoas acreditavam nisso – quantas pessoas estavam com os seus televisores ligados,  atentas a uma determinada programação, e em que horário. Com toda essa informação, mais dinheiro entrava ou saia de cada Canal, girando o mercado de produção de conteúdo e publicidade em geral, mas hoje, temos o ”algoritimo mágico”.

Que nada mais é que as nossas informações e dados jogados por aí 

A internet nos proporciona uma comodidade espetacular, nos traz informações em uma velocidade absurda, conectando tudo a todos. Mas como tudo, tem o seu retorno. Estamos acostumados a dar nossa opinião o tempo todo, expor nossos gostos, onde estamos, para onde estamos indo e até mesmo o que estamos comendo. Que time torcemos, que ideologia compartilhamos, qual a nossa religião… e por aí vai… por que os nossos gostos quanto a sétima arte seriam diferentes?? Fornecemos dados o tempos inteiro. Dizem que o atual presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, venceu as eleições, adquirindo dados pessoais e desenvolvendo projetos e propostas que as afetassem com um teor mais interessante e convincente. E é por aí que o streaming vem trabalhando.

A cada vez que assistimos algo, ou até mesmo só por pesquisarmos sobre uma obra ou alguém em específico, indicamos as produtoras, estúdios, diretores, criativos, canais, tudo que gostaríamos de ver. É como se déssemos os ingredientes para que os chefs pudessem fazer novas receitas com coisas que já gostamos. Exemplos fáceis, é a Winona Rider em Stranger Things, onde as maiores pesquisas relacionadas aos anos 80, tinham o seu nome. Outra é a Netflix simplesmente ter em seu atual time nomes como Adam Sandler – campeão de pesquisas dentro da plataforma – fazendo longas originais e Seth Rogen – o humorista mais procurado – escrevendo para eles. A Amazon tem em seu time a criadora de uma das ”100 melhores programas de TV de todos os tempos” pela Revista Times, a Amy Sherman-Palladino.

Quem mais esta chegando??

Com tantas pesquisas após a saída da Casa Branca, o Casal Obama está chegando na Netflix para fazer uma série sobre sua vida. Pela Amazon teremos a sempre amada Nicole Kidman produzindo material original. Após Jordan Peelee conquistar o que conquistou e da forma que o fez, e Childish Gambino distribuindo tapa na cara por aí, temos outra busca que vem em ascensão, que é atrás de blaxploitation, o que gerou uma nova produção pela Netflix, contando com Eddi Murphy e Wesley Snipes.

A Apple quer entrar para o mundo do Stream de uma forma pesada – e até desproporcional – trazendo ninguém mais e ninguém menos que o titã fílmico: Steven Spielberg para um remake. Além dele possivelmente Kumail Nanjiani e Emily V. Gordon – roteiristas de Doentes de Amor – os gigantes M. Night Shyamalan e Damien Chazelle, fora as talentosas Reese Witherspoon e Jennifer Aniston.

A superioridade do tal algoritmo

Ficou bem claro que hoje o IBOPE perdeu totalmente a sua força perante a magia destes cálculos. A verdade é que geramos um amontoado de informações inúteis, mas que pra o futuro do entretenimento serão bem interessantes. Estamos mudando o Cinema e não só dando bilheteria ao que gostamos. É a evolução chegando literalmente em nossas casas. Torcemos apenas para que o Cinema não seja prejudicado diretamente com tudo isso, pois tivemos os episódios em que Cannes não permitiu os longas originais do Netflix em sua competição, então que isso não tenha uma cruel vingança lá na frente onde os streamings estarão com uma força absurda. Ainda mais se a Disney entrar na brincadeira…

Por ora, vamos curtir!!

 

 

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