“Perfect Strangers” – (2017)
Perfect Strangers é dirigido por Álex De La Iglesia.
Um encontro: numa noite, três casais e um amigo solteiro.
Pode parecer um tanto que comum acontecer um encontro entre amigos para um jantar, principalmente quando se tem namoradas, maridos ou amantes para serem apresentados uns aos outros. Numa noite de lua cheia um tanto quanto que distinta nessa específica noite, um grupo de amigos se juntam na casa de um deles para um jantar de confraternização e felicidade, mas o que eles não esperavam é o que poderia vir a acontecer.
A questão norteadora do filme diz respeito ao uso habitual e corriqueiro dos telefones celulares em público. Quanto menos conversa, mais celulares na mão. Pelo menos é o que se vê e se presencia atualmente em qualquer lugar de ordem comum, coletiva ou social. Pois bem, a sociabilidade, então, numa gradual escala, a cada tecla, feed ou intenção de postagem, acaba se deteriorando com o tempo. Em Perfect Strangers, que originalmente é uma comédia italiana dirigida por Paolo Genovese, traz a tona esse tema, isto é, tendo o celular como pauta, faz dele objeto de verdade, alcance ou instrumento e detector de mentiras.
Na medida em que a noite chega os convidados vão se aconchegando na mesa central da sala e cada casal senta-se um ao lado do outro, sendo cada um junto de seu parceiro, como de costume. Com o propósito de fazer da noite algo diferente e divertido, um dos convidados lança a ideia de todos botarem os celulares na mesa e assim que um deles tocar, seja por uma ligação ou uma mensagem recebida, todos os amigos ali presentes teriam acesso ao mesmo tempo àquela mensagem de texto ou ligação, ou seja, tudo seria público. Assim, é possível, pelo menos um pouco, imaginar o que pode vir a acontecer a partir dessa ideia. Todos concordam com o jogo, mesmo porquê, se um deles recusa a participar, algo então pode estar sendo escondido, logo, a participação é unânime.
A primeira mensagem vem do anfitrião do evento, tirando sarro de um dos amigos. As risadas soam, as brincadeiras se alastram e a noite, então, se faz por divertida. Porém, de pouco em pouco, desconfortáveis verdades são reveladas, como: a esposa do anfitrião quer botar silicone e uma de suas amigas vai colocar a sogra num asilo para idosos. e seu marido não sabia dessa intenção. O objetivo do enredo é trazer tanto essas mentiras para a mesa de jantar, quanto as hipocrisias que todos vivemos diariamente, seja escondendo algo, mentindo ou mesmo omitindo certas coisas de nossos companheiros, e para tal uso-fruto, temos o aparelho celular como objeto que conhece tudo de todos, os mais íntimos segredos de cada um.
Apenas uma vez no filme, talvez de forma mais clara, a amizade, o companheirismo e a sinceridade nos dão a sensação de suas respectivas importâncias, em especial, quando Antonio (Ernesto Alterio) fica ao lado de um amigo quando este ainda não está preparado para revelar seu segredo quanto a sua sexualidade, e por mais que fique na corda bamba e quase acabe se divorciando por causa disso, permanece fiel ao seu amigo e mantém a história de que ele era o homossexual e a mensagem de carinho de outro homem era pra ele.
Perfect Strangers passa longe de uma monotonia ou de algo cansativo. A narrativa é muito bem contada com um tempo sem tempo para respiro, visto que as coisas acontecem de forma muito rápida e sem delongas. Os diálogos são muito bem escritos e as câmeras, ágeis, articulam cada plano com eficiência, dando uma dinâmica aos acontecimentos.