R.I.P Milos Forman (1932 - 2018) - O Adeus ao Diretor de Amadeus
Cinema Mundial

R.I.P. Milos Forman (1932 – 2018)

Morre cineasta Milos Forman aos 86 anos

O mundo do cinema está em luto. Morreu na última sexta-feira um dos mais importantes cineastas do mundo, Milos Forman. Nascido no dia 18 de fevereiro de 1932, na cidade Čáslav, na antiga  Checoslováquia, atual República Checa, Milos começou sua carreira em 1960, ainda na Checoslováquia, com o documentário Laterna Magika II. Sua primeira ficção veio em 1964 com o filme Pedro, O Negro. 

No ano seguinte, Milos Forman dirigiu o filme que lhe deu sua primeira indicação ao Oscar, Os Amores de Uma Loira, que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1967. No mesmo ano, o diretor lançou O Baile dos Bombeiros, seu primeiro filme colorido, o mais popular filme do diretor na sua terra natal e sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1969. Após o lançamento do filme o diretor precisou fugir dos Estados Unidos devido a invasão soviética na Checoslováquia. Mas isso foi bom, pois O Baile dos Bombeiros abriu as portas do diretor em Hollywood, que lançou em 1971 sua primeira produção hollywoodiana, o filme Procura Insaciável.

Milos Forman dirigindo Jack Nicholson em Um Estranho no Ninho

Mas foi em 1975 que Milos Forman teve o mundo cinematográfico aos seus pés. Nesse ano ele dirigiu um dos seus filmes mais amados e celebrados: Um Estranho no Ninho. Com um elenco espetacular que incluía Jack Nicholson, Louise Fletcher, Danny DeVito e Christopher Lloyd, a adaptação do livro de Ken Kesey arrebatou público e crítica. O filme pode ser considerado um divisor de águas na carreira do diretor, que depois desse clássico do cinema, foi alçado ao status de maiores diretores de sua época, ao ganhar o Oscar de Melhor Diretor pelo filme. Na verdade o filme conseguiu um feito raro, só conseguido até hoje por outros dois filmes, Aconteceu Naquela Noite e O Silêncio dos Inocentes. O filme ganhou os cinco principais prêmios do Oscar Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator para Jack Nicholson e Melhor Atriz para Louise Fletcher.

Depois de chegar ao auge com Um Estranho no Ninho, Milos Forman começou a dar um intervalo maior entre seus filmes. O diretor lançou seu próximo filme, o musical Hair, depois 4 anos do lançamento de seu filme anterior. O filme baseado no musical da Broadway foi sucesso de público e crítica. E até hoje é lembrado com carinho pelos fãs do gênero. Inclusive a música de abertura Aquarius foi incluída na lista da AFI como uma das melhores músicas do cinema norte americano.

Dois anos após o sucesso de Hair, Milos Forman dirigiu Na Época do Ragtime, filme que foi indicado a 8 Oscars, mas não levou nenhum. Mas se em 1982 o filme de Milos saiu de mãos abanando, mas o mesmo não ocorreu em 1985. Em 1984 o diretor lançou outro clássico da sua cinematografia Amadeus. A “cinebiografia” de Wolfgang Amadeus Mozart, que mostrava sua rivalidade com Antonio Salieri, foi indicado a 11 Oscars e levou 8 prêmios para casa, entre eles o de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Ator para F. Murray Abraham.

Milos Forman dirigindo Tom Hulce em Amadeus

Quatro anos após ser bem recebido com Amadeus, Milos Forman teve o que pode ser considerado seu primeiro fracasso Valmont – Uma História de Seduções. O filme é uma adaptação do livro As Ligações Perigosas de Pierre Choderlos de Laclos, que havia ganhado uma adaptação muito bem sucedida apenas três anos antes.

O próximo filme do diretor viria apenas 7 anos depois. Mas dessa vez o diretor acertou e O Povo Contra Larry Flynt foi um sucesso de público e crítica. A cinebiografia do editor da revista adulta Hustle ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim e conseguiu duas indicações ao Oscar, Melhor Ator para Woody Harrelson e de Melhor Diretor, a terceira indicação para Milos Forman.

Miloš Forman dirigindo Jim Carey em O Mundo de Andy

Dois anos depois Milos Forman lança mais um filme de sucesso. Dessa vez ele se junta a um Jim Carrey inspiradíssimo no filme O Mundo de Andy. A cinebiografia do ator Andy Kaufman rendeu ao diretor o Urso de Prata de Melhor Diretor e o Globo de Ouro de Melhor Ator para Jim Carey. O filme inclusive é lembrado até hoje como uma das grandes injustiças do Oscar, por ter sequer indicado Jim Carey na categoria Melhor Ator. O filme inclusive ganhou um documentário original Netflix chamado Jim & Andy mostrando os bastidores do filme e a preparação de Jim Carey para viver Andy Kaufman.

Sete anos depois, em 2006, o diretor lançou seu último filme em Hollywood Sombras de Goya. A cinebiografia do pintor espanhol Francisco Goya, embora tivesse um elenco estelar com Javier Bardem, Natalie Portman e Stellan Skarsgård, não teve uma recepção favorável da crítica internacional, e também do público. O filme que custou cerca de US$ 50 milhões arrecadou no mundo todo um pouco mais de US$ 9 milhões.

Após o fracasso de Sombras de Goya Milos Forman tentou filmar a adaptação do livro The Ghost of Munich de Georges-Marc Benamou, mas não conseguiu financiamento para produzir o filme. O último filme do diretor foi Dobre Placená Procházka, de 2009, onde dividiu a direção com seu filho Petr Forman, que foi filmado e produzido na República Checa.

Desde então o diretor não trabalhou mais atrás das câmeras, por se sentir velho e não ter mais o desejo de filmar. O diretor vivia nos Estados Unidos com sua esposa Martina e nos deixou na última sexta-feira dia 13/04 de uma doença ainda desconhecida. Sobre sua partida sua esposa disse: “Morreu tranquilamente na sexta-feira, cercado por sua família e amigos mais próximos”.

Com uma carreira de 50 anos, o diretor tinha como sua marca principal um toque subversivo em todos os seus filmes. Em todos eles seus personagens de alguma forma desafiavam autoridades e tinham um final por vezes trágicos por vezes feliz. Em uma Hollywood abarrotada de filmes genéricos, Milos Forman deixa saudades.

A equipe do Cinem(ação) deixa aqui os sentimentos e votos de muito consolo a toda família e amigos desse grande diretor!

Eu vivi o suficiente em uma sociedade onde a liberdade de expressão era inexistente, e eu sei que tipo de miséria isso cria – começando com o fato de que a vida se torna muito chata para pessoas que apenas tentam sobreviver, e são quietas, e tentam não resistir o sistema. E, claro, pode ser devastador para as pessoas que tentam falar contra isso. – Milos Forman (Retirada de entrevista a jornalista Tasha Robinson em 2002)

Tecnologia nenhuma é difícil de dominar quando você entende da técnica do cinema. Mas de nada adianta um parque tecnológico sofisticado se você não tiver uma boa história para contar. Esse é o paradoxo estético do cinema. Milos Forman (Retirada de entrevista ao O Globo em 20014)

R.I.P. Milos Forman (1932 – 2018) Adeus!

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