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Cinema Mundial

Atuação Da Última Década

A Minha Categoria favorita entre todas do Oscar.

Desde o primeiro Oscar, lá em 1929 onde tivemos um embate entre apenas dois atores – Emil Jannings que veio a vencer Richard Barthelmess – presenciamos ano após ano essa categoria estar mais acirrada, mais voraz, mais independente de seus Filmes, o que é algo impressionante, fantástico, diria até: mágico. Acabamos de passar por mais uma premiação, mais um Oscar com 4 Vencedores – Melhor Ator/Atriz e desde 1937, após adicionarem as categorias Melhor Ator/Atriz Coadjuvantes – onde nos deparamos com um nível absurdo da arte de doar a sua vida a personagens fictícios  – ou não – de entregar o seu corpo para um outro alguém habitar, a arte de mostrar sentimentos, vontades e angustias que não são suas, uma das artes mais aclamadas, e que é praticamente a alma do Cinema. Estou falando sobre a arte de interpretar.

Fechamos o século passado de uma forma bela, soando na torcida pelo Brasil, que voltava a nos dar fôlego e esperança por estar tão perto de um Oscar, graças é claro, a dupla Walter Salles e Fernanda Montenegro. Inicia-se ali um novo milênio e os anos 2000 vem forte, com filmes impactantes, de gênero, personalidade e assinatura, com atuações cada vez mais esfomeadas vide uma das Cenas mais impactantes – feita por um não-ator diga-se de passagem – em Cidade de Deus que também mandou muito em suas Indicações em 2004. Passamos por mais um Oscar Póstumo nesta categoria – depois de Peter Finch – tivemos Heath Ledger ganhando como Melhor Ator Coadjuvante em 2009 por uma interpretação tão visceral, de longa que nasceu dos quadrinhos, algo nunca antes imaginado. Assistimos também a incrível atriz, Hilary Swank, vencer a categoria 2 vezes em cima de nomes absurdamente enormes – em 2000 por Meninos Não Choram e 2006 no aclamado Menina de Ouro.

E eis que viramos a década e acompanhamos mais uma vez o evoluir da categoria. Os atores se especializando e trazendo cada vez mais sentimento de uma forma surreal e forçando seus corpos ao limite para as telonas. Tivemos grandes disputas, algumas muito bem vistas, outras nem tanto. Impossível agradar todo mundo – assim como também não concordei em algumas ocasiões – mas estamos falando ainda sim da nata Mundial, e agora vamos discutir um pouco disso.

 

2010

Começando obviamente pelas damas, a Categoria de Melhor atriz tivemos Sandra Bullock fazendo história ao vencer nomes consagrados como Helen Mirren e Meryl Streep, fora a Gabourey Sidibe que era a estreante que vinha muito forte pelo seu papel dramático em Preciosa.

A estatueta de Ator principal foi parar nas mãos calejadas de Jeff Bridges, que já estava sendo indicado pela 5° vez e agora levando por Coração Louco. Não foi uma grande surpresa, Colin Firth e Morgan Freeman também poderiam ter levado, mas era notável a atuação de Bridges na sua entrega neste papel.

Entre os Coadjuvantes, tínhamos Amor Sem Escalas com duas atrizes – Anna Kendrick e Vera Farmiga – concorrendo na mesma categoria, mas ninguém tirou o Oscar das mãos da poderosa Mo’Nique. Já do outro lado, tanto Woody Harrelson quanto Christopher Plummer, sabiam que era impossível vencer neste ano, pois Christoph Waltz – em Bastardos Inglórios – estava impecável, em uma das atuações mais extravagantes que o Oscar já viu.

2011

Mais um poderoso ano na Academia, filmes incríveis sendo produzidos e na categoria de Melhor Atriz, temos uma vencedora inquestionável. Natalie Portman que se dedicou absurdamente em sua personagem, com um tom muito psicológico em Cisne Negro – talvez Nicole Kidman poderia ter assustado um pouco, mas seria bem improvável a sua vitória.

Entre os atores a briga era muito mais acirrada, tendo na disputa Javier Barden e ”atual” Vencedor Jeff Bridges, fora os jovens James Franco e Jesse Eisemberg. Mas não teve outra, Colin Firth – que perdera um ano antes – dá a volta por cima e pega a estatueta – junto ao seu Longa O Discurso do Rei que venceu como o Melhor Longa daquele ano.

Com os Coadjuvantes, Christian Bale massacrou os adversários – com o seu trabalho, um viciado em craque – em O Vencedor, derrotando o carismático Geoffrey Rush em uma disputa praticamente direta. Com as atrizes, mais uma vez duas de um mesmo Longa se digladiando pelo troféu, Melissa Leo vence a parceira de set Amy Adams e a queridinha do público, Helena Bonham Carter.

2012

Talvez a disputa mais acirrada que já vi nesta categoria, onde todas as Atrizes principais poderiam ganhar, foi muito difícil ter apenas uma favorita para torcer. Em sua 17° Indicação pela Academia,  Meryl Streep acaba levando por A Dama de Ferro o seu terceiro Oscar. Admito que neste ano eu tinha uma quedinha pela Rooney Mara mas torci mesmo foi para minha querida Viola Davis.

Na categoria masculina, temos aqui dois dos meus atores favoritos, Gary Oldman e Brad Pitt, e foi difícil ouvir a crítica sempre ressaltar o trabalho de Demián Bichir e Jean Dujardin – que veio a Vencer este ano – pois eu queria muito vê-los vencer. Mas admito que o papel em O Artista é lindo.

Por tudo que O Artista vinha sendo naquele ano, Bérénice Bejo era forte candidata, e o público tinha um carinho por Melissa McCarthy. Mas nenhuma das duas teve a energia e vitalidade de Octavia Spencer, que levou o prêmio. Em uma disputa quase entre senhores da terceira idade, com o Jonah Hill perdido ali no meio, Christopher Plummer vence de forma bela o seu primeiro Oscar, mesmo eu achando Nick Nolte perfeito para o seu papel em Guerreiro.

2013

Não vou dar uma de hater, ou ser babaca, sei do potencial destes atores, mas de fato, não sou um grande fã deles. Colocar Bradley Cooper e Hugh Jackman na mesma categoria que Daniel Day-Lewis não poderia ser diferente, não é?? O seu fenomenal trabalho em Lincoln, desbancou também os fortes Joaquin Phoenix e Denzel Washington.

No elenco de apoio, temos Robert De Niro perdendo o prêmio para Chistoph Waltz, que mostra ser um grande nome para esta década em que vivemos. Já as meninas, Jacki Weaver e Amy Adams indicadas mais um ano seguido, perdem para Anne Hathaway, poderosíssima em Os Miseráveis, tirando qualquer estereotipo de ”menina da Disney” que ela possuía pela cabeça de alguns.

Agora, por que eu deixei a categoria de Melhor Atriz para o final?? Porque eu acho um absurdo o que fizeram aqui. Temos aqui – na minha opinião – 5 Mulheres competindo, onde apenas 4 tem chances para vencer de forma crível. Mas adivinhem, nenhuma delas venceu. Emmanuelle Riva, está deliciosa em eu seu personagem, algo primoroso, assim como a estreante e muito jovem Quvenzhané Wallis, onde dificilmente iria vencer por ser o seu primeiro trabalho em uma das principais ccategorias. Temos também Naomi Watts com um duro papel em catástrofe real, tendo que passar um pouco do que as pessoas sofreram ali e Jessica Chastain, muito boa, esbanjando graça – mas não a minha favorita aqui.

Jennifer ”queridinha da América sei lá porque” Lawrence, vence a categoria em sua segunda Indicação, por uma papel leve, despretensioso que não exigia nem metade do que eu admito que ela possa gerar. Foi uma furada da Acadêmia, não gostei nenhum pouco. Mas vida que segue.

2014

Mais uma Indicação de Meryl Streep e Sandra Bullock, fora que é a terceira seguida da incrível Amy Adams – nunca reconhecida – mas neste ano, ninguém superou finíssima Cate Blanchett em Blue Jasmine. Mais uma filme de Woody Allen, que tem a marca bizarra de 24 Indicações e nunca ir receber os seus prêmios – mesmo quando levou o de Melhor Filme.

A torcida que lotavam as ruas e levantavam as suas bandeiras, tinham como brado popular: Leonardo DiCaprio, mas com Chiwetel Ejiofor concorrendo a Melhor Filme – que veio a ganhar – em um papel maciço e penoso e o querido Christian Bale, com a sua arte de mudança corporal, notava-se que não seria fácil, porém quem veio a vencer foi – também um dos meus atores favoritos – Matthew McConaughey, com um árduo trabalho de corpo – alá Bale – onde ele realmente viveu o seu personagem em Clube de Compras Dallas. Que interpretação meus amigos, perfeito.

Sally Hawkins e Julia Roberts fortes na categoria, até mesmo Jennifer Lawrence em uma interpretação – que também não acho que deveria levar o Oscar – muito mais forte do que no ano anterior, mas nenhuma delas conseguiu superar o que Lupita Nyong’o fez em 12 Anos de Escravidão. Do outro lado, temos Jonah Hill e Bradley Cooper mais uma vez na disputa, mas a – também – transformação de Jared Leto, fez com que o músico levasse o prêmio para casa. Jared peca as vezes – como em Esquadrão Suicida Divida Perigosa – mas ele tem uma dedicação incrível para personagens que possuam ”exageros”

2015

Outro ano disputadíssimo na categoria feminina. Com todas as 5 Atrizes podendo levar a estatueta, tivemos Rosamund Pike e Reese Witherpoon em grande batalha com Julianne Moore, que venceu merecidamente por um estupendo papel em Para Sempre Alice. No lado das Coadjuvantes, a disputa foi equivalente, tendo estreantes consideráveis como Keira Knightley e Emma Stone e a consagrada e Rainha do Oscar, Meryl Streep, porém nada nem ninguém acelerou tanto e subiu ao podium como a calorosa Patrícia Arquette por Boyhood.

Do lado dos rapazes, a competição era forte, porém nada se comparava com o que Eddie Redmayne concebeu em A Teoria de Tudo, Benedict Cumberbatch estava bem, Michael Keaton provava que ainda era enorme, Bradley Cooper confirmava a sua evolução com mais uma Indicação e Steve Carell revelando uma transformação digna de Oscar, mas que fora um ano terrível para se disputar. Entre os Coadjuvantes, admito que Mark Ruffalo caprichou demais, trabalhando muito com o corpo, mas está era a única categoria no ano de 2015 que não tinha como existir uma surpresa. J. K. Simmons em Whiplash era o homem que devia ter o seu nome gravado aos pés do ”boneco dourado”.

2016

O Quarto de Jack proporcionou a Brie Larson o Oscar em cima de recentes vencedoras como Cate Blanchett e Jennifer Lawrence – que mais uma vez tem um papel muito melhor do que quando fora vencedora – e da intensa estreante Saoirse Ronan.

As preces foram atendidas e o povo pode ter o deleite de ver Leonardo ”amado por todos” DiCaprio levantar o seu caneco com muita emoção, em um ano onde teve que enfrentar também queridos como o atual Campeão Eddie Redmayne e o inesquecível Walter White, Senhor Bryan Cranston.

Entre os Coadjuvantes, Alicia Vikander venceu merecidamente, para compensar que em 2014 nem Indicada foi por uma trabalho primoroso em Ex Machina, atropelando Kate Winslet – que poderia fazer par na foto acima, relembrando os tempos de Titanic – Rooney Mara e a minha favorita deste ano, Jennifer Jason Leigh.

Entre todas as injustiças do Oscar, essa é uma das que mais me magoam. Eu achava o vencedor Mark Rylance o mais fraco dos cinco, tudo bem que sou um grande fã de Tom Hardy, Christian Bale e Mark Ruffalo, mas todos nós sabíamos da importância e do merecimento de Sylvester Stallone levar este prêmio. Lastimável e inesquecível.

2017

Como um grande fã de Kevin Smith, onde aprendi a amar a família Affleck desde sempre, ver Casey Aflleck, o mais jovem entre os irmãos vencer tal prêmio, é algo absurdamente gostoso para minha pessoa, ainda mais depois de ter que engolir a derrota de Sly e Jason Leigh no ano anterior. Mas fora uma boa categoria, com Denzel Washington, o carismático Viggo Mortensen, Ryan Gosling – no papel que menos gosto em sua carreira – e Andrew Garfield – pasmem, meu Aranha favorito.

Enfrentar Campeãs como Meryl Streep e Natalie Portman não é pra qualquer uma, mas vence-las é realmente pra poucas. A musa de La La Land, se entregou de corpo, alma, sapatos e voz para um grande papel em sua carreira, espirituosa, leve, intensa, colorida e esbanjando energia, Emma Stone, vale o ingresso do Musical.

Entre os Coadjuvantes, temos o estreante Mahershala Ali, profundo, doloroso e muito duro na queda vencendo por um papel de muitas camadas, deixando para trás Jeff Bridges, que além de ser um grande nome, não o via com muitas chances contra Ali. Nicole Kidman e Octavia Spencer não viram nem o que as atropelaram, a Rainha Viola Davis após anos de sua última Indicação, vence como poucas, com um orgulho inestimável.

2018

E eis que chegamos em não só a premiação mais atual como a minha preferida, onde eu amo incondicionalmente todos os vencedores. Começando para a ímpar e sem coração atriz coadjuvante, Allison Janney, que venceu com sua perversa, fria, caricata, mandona, egoísta e irônica personagem, a falastrona – que exigiu muito pouco da – Octavia Spencer, a pragmática Lesley Manville e a também forte Laurie Metcalf.

Também por essas bandas, tivemos Willian Defoe, Christopher Plummer e Richard Jenkins, juntamente a Woody Harrelson – amigo de set – do vencedor Sam Rockwell, onde só quem assistiu, entende a margem deste personagem para os demais da categoria. Magistral.

Entre os Melhores Atores do ano, temos pela primeira vez no Oscar, Timotheé Chalamet e Daniel Kaluuya e os Dinossauros da Academia Daniel Day-Lewys e Denzel Washington, que não foram capaz de derrubar o camaleão Gary Oldman e sua dedicação ao próprio dom, onde desta vez a Academia reconheceu gratificantemente.

E pra fechar com chave mais do que de ouro, temos mais uma vez Meryl Streep provando que tem uma cadeira cativa lá, temos Saoirse Ronan com todo o seu potencial em ser novamente Indicada, Margot Robbie, outra Mulher jovem em clara ascensão e a mais uma vez Indicada, Sally Hawkins, uma personagem muda cheia de vontades. Nada neste mundo, poderia tirar o Oscar de Frances McDoromand – a menos que você seja Terry Bryant. De um olhar forte e vazio, a atuação mais tocante que vejo na Categoria nos últimos anos.

2019

A pergunta é fácil: O que esperar para 2019?? Estamos em alto nível aqui, galgamos pelo topo, cada vez mais profissionais impressionantes, mais personalidades importantes sendo premiadas com personagens inesquecíveis. Mas o nível continuará subindo ou irá decair como a audiência do evento?? Duvido muito que o nível irá decair, 2018 já começou forte e acompanhando tudo que está sendo produzido e finalizado já para sair, ainda terá ótimos filmes e consequentemente grandes atuações, creio que fecharemos a década de uma ótima forma. Olhando para os 9 últimos anos aqui listados, vemos apenas 5 negros vencedores e nenhum trans, então chegamos a pergunta: Serão justos na hora do voto?? Espero que essa árdua luta tenha mais vitoriosos, porém, que seja por mérito e não por estatísticas e números mais agradáveis que a Academia queira gerar. Uma dura batalha ano após ano, que poderia vir a ser manchada por estatuetas sendo ”doadas” e não conquistada. Anseio muito para que não venha acontecer este tipo de coisa. Temos ainda grandes nomes que foram muito Indicados, que já trabalharam em muita coisa mas nunca foram reconhecidos, será que rolará mais um Oscar pelo ”conjunto das obras” ou pela atuação em si deste ano?? Particularmente acho que muita gente que ainda não levou um, mereça levar, mas não gosto de pensar neste tipo de premiação nesta categoria. Quer premiar alguém por trabalhos passados, crie uma categoria assim, ou algo do tipo ”menção honrosa”, um ”homenageado da noite”, mas não tire alguém que foi sublime naquele ano. Alguns dizem que Gary Oldman foi assim, mas discordo, ele criou um Churchil magnífico, acima sim de outros papéis concorrentes. Talvez o DiCaprio pode estar mais nessa linha, mas ainda assim, não concordo que ele ganhou apenas por isso, DiCaprio extraiu outras formas em poucas palavras de mostrar emoção naquele papel que Iñárritu lhe deu.

Só nos resta aguardar, consumir tudo que esta espetacular arte tem a nos oferecer em suas telonas durante todo este ano e torcer muito para mais uma vez essas grandes Categorias do Oscar venham a nos emocionar, não só no pós papel – discurso lacrador – e sim em set.

Arrisco dizer que 2019 será um grande ano para esta categoria.

 

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