Crítica: The Square: A Arte da Discórdia (2017) – Oscar de filme estrangeiro?
The Square: A Arte da Discórdia (2017) vem como um dos favoritos ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ruben Östlund
Elenco: Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West
Nacionalidade e lançamento: Suécia, Alemanha, França e Dinamarca, 2017 (04 de janeiro de 2018 no Brasil).
Sinopse: Um gerente de museu está usando de todas as armas possíveis para promover o sucesso de uma nova instalação. Entre as tentativas para isso, ele decide contratar uma empresa de relações públicas para fazer barulho em torno do assunto na mídia em geral. Mas, inesperadamente, isso acaba gerando diversas consequências infelizes e um grande embaraço.
O desnecessário subtítulo nacional (não presente no original e por isso desnecessário) acaba sendo efetivo ao atingir, conscientemente ou não, dois alvos. Aproveita-se das recentes discussões políticas ao redor da arte – que infelizmente não foram discussões apenas artísticas – e principalmente resume as visões opostas sobre o filme em si, já que uns amam e outros estão com um pé atrás, um gosto agridoce.
Estou neste segundo caso. Apesar de ter sido o vencedor da Palma de Ouro em Cannes e de ser o escolhido da Suécia ao Oscar de Filme Estrangeiro (com boas chances de confirmar a indicação e até de ganhar), vejo alguns problemas fundamentais aqui.
O longa se propõe a discutir a arte contemporânea meio que sendo metalinguístico. Isso resulta em cenas, isoladas, sensacionais. Seja a torta entrevista inicial, ou então a cena do assalto, ou ainda a já icônica cena do jantar (poster).
As diversas visões sobre como lidar com a arte, por exemplo a do departamento de marketing, são apresentadas. Mas a partir daí temos já parte dos problemas: elas não são bem desenvolvidas e parece que o diretor e roteirista Ruben Östlund abre muitas frentes e não dá conta de todas – talvez não fosse essa a ideia dele, mas narrativamente fica capenga.
Outra escorregada ocorre quando ele não confia no próprio material e até no público e se detém em explicações redundantes do que estava pretendendo ou fazendo. Em um longa de duas horas e vinte tais exposições ficam ainda mais incômodas. A ideia do quadrado do título é um bom exemplo. As discussões sobre ele, os usos e as metáforas perpassam todo o filme. The Square, contudo, perde viço ao se boicotar.
Outro filmes que ficaram de fora da lista do Oscar como o francês 120 Batimentos por Minuto e até o brasileiro Bingo: O Rei das Manhãs são melhor realizados, apesar de, ironicamente, compartilharem de problemas em comum.