O Experimento de Aprisionamento de Stanford análise do caso real
Artigo

O Experimento de Aprisionamento de Stanford (ou Quando a Realidade é mais Perturbadora que a Ficção)

Sabe aqueles filmes de terror ou suspense que começa com um letreiro dizendo “baseado em fatos reais”, isso já nos causa um efeito que ajuda-nos a perceber o filme de outra forma, como se aquela história na tela fosse mais real que uma fantasia.

No caso de “O Experimento de Aprisionamento de Stanford”, o baseado em fatos reais ganha um novo patamar, que por mais que aquilo que veremos no filme seja perturbador, ele certamente não foi tão aterrador como deve ter sido na realidade.

O projeto real ocorreu na universidade americana de Stanford, em Palo Alto, no estado americano da California encabeçado pelo professor Phillip Zimbardo, tendo início no dia 14 de agosto de 1971.

Após anúncios no jornal que requisitavam jovens estudantes universitários que se dispusessem a participar de um experimento sobre encarceramento, onde receberiam 15 dólares por dia e que o projeto poderia durar de 1 a 2 semanas, os interessados foram entrevistados, e após uma triagem que selecionou 18 pessoas a divisão entre “guardas”e “detentos” ocorreu com base no jogar de uma moeda.

O filme, dirigido por Kyle Patrick Alvarez traz no elenco temos Billy Crudup (Watchmen; Alien – Covenant) no papel do professor Phillip Zimbardo, Ezra Miller (Liga da Justiça) como Daniel Culp – Prisioneiro 8612, Michael Angarano é o guarda Christopher Archer “John Wayne”

No início parece que ambos os lados estão se divertindo, mas isso muda em muito pouco tempo a partir do momento em que os “guardas” começam a sentir mais e mais o gostinho do poder e a vulnerabilidade dos “detentos”.

Aliás é muito interessante ver o “guarda”mais agressivo e violento sendo interpretado por Michael Angarano, que tem em seu currículo personagens bonzinhos, para não dizer sonsos, como em “Super Escola de Heróis” ou “O Reino Proibido”, entregando um personagem tão detestável e repulsivo, quase um jovem Sargento Hartman, imortalizado por R. Lee Ermey em “Nascido para Matar”.

O filme também retrata a irresponsabilidade de Zimbardo e seus assistentes que deixam as coisas passarem dos limites e mesmo assim prosseguem com o “programa”. Muito parecido com o que ocorreu em 2017 no programa Big Brother Brasil onde um participante agrediu psicologicamente e as vezes fisicamente uma companheira de programa por diversas vezes, demorando semanas até que finalmente ele fosse expulso.

Não há gore ou cenas com sangue no filme, mas isso não o torna menos ameaçador, as punições aplicadas vão desde a conhecida solitária, até deixar os “detentos” amarrados em posições ergonomicamente perigosas a deixá-los nus. Beira o inacreditável ver o quão afetados os personagens que interpretam os “prisioneiros” ficam tão afetados em um espaço curto de tempo.

O filme foi premiado em 2016 pela Casting Society of America, pelo festival internacional de cinema de Edimburgo e ainda levou dois prêmios em Sundance em 2015.

“O Experimento de Aprisionamento de Stanford” é um filme impactante, angustiante e que provavelmente vai lhe custar ao menos uma noite de sono.

Deixe seu comentário