Vamos falar sobre Garotas Malvadas? - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Cinema e algo mais

Vamos falar sobre Garotas Malvadas?

Garotas Malvadas é um daqueles filmes que tem música chave. Então, você pode ouvir Jinglle Bells Rock enquanto lê.

Um dos filmes que não parou de aparecer na sua timeline neste fim de ano foi o Garotas Malvadas? A história não é um clássico de natal e não fala sobre esse feriado familiar, mas tem uma cena épica do quarteto de “adolescentes” dançando a tradicional Jingle Bells Rock. Que pode ser admirado no vídeo acima. Este filme não é só uma comédia romântica teenager. Ele fala, sim, sobre a relação entre mulheres em uma fase um tanto quanto delicada: adolescência. Mas foi pensado para quem já viveu essa idade e pode comparar algumas situações vividas e… rir, claro. Afinal, quem escreveu o roteiro foi Tina Fey, né, amores.

O ponto de ser tão querido é que foi inspirado em um livro não-ficcional, o “Queen Bees & Wannabes”, que fala sobre as “funções” das adolescentes em seus círculos sociais. Como o tão mostrado High School norte-americano, o nosso Ensino Médio. A autora, Rosalind Wiseman, divide os papéis como classes: “abelha-rainha”, “aliadas”, “bajuladoras” e “fofoqueiras”, além de também separar em grupos sociais e culturais. Fey achou tão figurativo que decidiu transformar em filme.

Nesse ponto podemos refletir sobre como são as relações que vivemos nos círculos sociais que frequentamos, principalmente, claro, entre adolescentes. A história se transforma em um exemplo de sororidade, que pode alavancar as relações humanas e deixar a competitividade, imposta para as mulheres pela sociedade, de lado. 

As quatro personagens principais: Cady, Karen, Gretchen e Regina. Foto: divulgação.

Garotas Malvadas (Mean Girls ou, em Portugal, Gíras e Terríveis) foi lançado em 2004 e dirigido por Mark Waters, com Lindsay Lohan, como Cady, Rachel McAdams, como Regina George, Lacey Chabert, como Gretchen Weiners, e Amanda Seyfried, como Karen Smith. Essas quatro mulheres são o foco da história, Regina é a abelha rainha – seguindo os conceitos do livro de Wiseman -, e Cady é a menina que não conhece esse universo de interações e acaba por adentrar a sociedade do ensino médio. O detalhe é que ela se envolve com o grupo das “populares”, com direito a abelha rainha e tudo. Mas faz outros amigos, excluídos desse círculo, que tentam se vingar de Regina e acabam induzindo Cady a se envolver no plano.

É impossível não passar o filme inteiro analisando as dicas de como ser uma garota não malvada, existem mandamentos que estão nas falas das personagens. Afinal, as quartas nós usamos rosa, ok? Qual garota nunca ouviu como deveria se vestir, não é mesmo? Acontece que a personagem principal, Cady, não pertence a esse mundo de regras e ela entra nele conosco, os espectadores. Vamos descobrindo com ela como a sociedade, de um grupo de adolescentes, pode corromper um novato.

Todas as personagens são construídas com base em esteriótipos, como a loira burra, a fofoqueira, a nervosa, a gostosa. Todos eles se encaixam e vão se formando quando, adivinhem, estamos na adolescência. Esses moldes são impostos e ensinados nos círculos de convivência nas escolas, entre os próprios colegas. No filme, inclusive, isso fica claro, porque os professores por mais que estejam dia-a-dia com os alunos, não entendem muito bem a construção social que existe dentro da escola. E esse filme deixa claro que não importa quem você seja, estarão falando mal sobre alguma coisa. Para isso ficar mais claro, existe um livro que as quatro personagens principais utilizam para registrar as fofocas e as forminhas que elas encaixam em seus colegas.

O livro que as quatro personagens escrevem sobre suas forminhas é esse Burn Book. Foto: divulgação.

Mas o importante é que tem uma mulher, a Sra. Sharon Norbury (que por acaso é interpretada por Tina Fey), que tenta quebrar o esteriótipo e coloca todas as meninas da escola em uma senhora DR (discussão de relação). Ou seja, elas desabafam em público sobre como se sentem e, assim, descobrimos que TODAS são alvo das forminhas que elas mesmas encaixam os outros.

Garotas Malvadas mostra com seus detalhes o que nós podemos ser, ao invés de seguir velhos livros de regras ditas por sei lá quem, em sei lá quantos anos atrás, ou do nosso próprio círculo de convivência. Tudo isso com o ritmo de humor de uma das comediantes mais respeitadas da nossa época.

 

Deixe seu comentário