Top 10 melhores filmes de 2017 – até agora…
Filmes bons e Filmes ruins têm todo ano. Mas por que esperar até o final de 2017 para ter um raio x do que teve de melhor este ano? Como vi 111 filmes no cinema nos seis primeiros meses, então é possível elencar um top 10 de respeito.
Já adianto que esta lista é pessoal e, portanto, pode e deve ser discutida (afinal, boa parte da graça das listas é essa). E, como vocês poderão ver, tem longas de diversas nacionalidades. Aqui no Cinem(ação) a gente não vê só filmes de Hollywood.
Estabeleci como critério não o ano que foi lançado originalmente, mas se foi lançado no Brasil no cinema. Desconsidero exibições de Filmes clássicos e/ou especiais – então nada de 2001 aqui… Vamos ao meu top 10 melhores Filmes de 2017 (ao final uma pequena menção honrosa):
Direção: Jordan Peele Nacionalidade: EUA
Criativo, repugnante, ácido, tecnicamente muito bom, engajante e dolorosamente real. Uma história de terror/suspense que trata de racismo de um jeito raro. Atuações delicadas e vigorosas. Uma trama engajante e uma direção certeira. Tudo isso tornou Corra! um dos grandes do ano.
9) EU, DANIEL BLAKE (I, DANIEL BLAKE)
Direção: Ken Loach Nacionalidade: Reino Unido
Eu Daniel Blake é sensível, humano, crítico e justifica a Palma de Ouro em Cannes. Em época de efervescência política um longa que trata da burocracia do governo e da falta de assistencialismo, permite leitura distintas de liberais e esquerdistas. Típico filme que a temática importa e a narrativa sustenta com personagens e uma trama envolvente. Da primeira cena (no escuro) até o último discurso, o que vemos é um fabuloso estudo do nosso tempo e um exercício de empatia.
8) O APARTAMENTO (FORUSHANDE)
Direção: Asghar Farhadi Nacionalidade: Irã
Com um quê de Elle e Os Suspeitos, o longa iraniano venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017. Não foi à toa: a narrativa é potente e pautada na tensão. A analogia com o Caixeiro Viajante, encenado dentro da história, torna a coisa ainda maior. Infelizmente, o filme ganhou destaque por conta da polêmica com o Trump – que proibiu iranianos de entrar nos EUA. Sendo que a obra merecia destaque por outros motivos – os intrínsecos ao filme.
7) MINHA VIDA DE ABOBRINHA (MA VIE DE COURGETTE)
Direção: Claude Barras Nacionalidade: Suíça/França
A melhor animação da temporada é também um dos melhores filmes do ano. Com uma duração enxuta (uma hora), é inacreditável a riqueza temática que vemos aqui. A história de um garoto órfão é tratada com delicadeza. Toda a jornada do protagonista é envolta em momentos felizes e tristes – e em cenas cômicas e dramática, às vezes ao mesmo tempo. Toda a relação de paternidade, ou ausência dela, também está presente. Foi indicado ao Oscar na categoria e foi o representante do país na categoria filme estrangeiro.
6) EU NÃO SOU SEU NEGRO (I AM NOT YOUR NEGRO)
Direção: Raoul Peck Nacionalidade: EUA/França
A história do negro nos EUA é muito conturbada. A representação na cultura pop, como no cinema, idem. Narrado por Samuel L. Jackson, o texto é composto em parte pelo escrito inacabado de James Baldwin e foca no ativismo de três ícones: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King. A montagem é um absurdo de bem feita. Outro filme indicado ao Oscar, aqui na categoria de documentário, que poderia ter saído com o prêmio.
5) CIDADÃO ILUSTRE (EL CIUDADANO ILUSTRE)
Direção: Mariano Cohn, Gastón Duprat Nacionalidade: Argentina/ Espanha
Comédia é talvez o gênero com a maior quantidade de filmes ruins. Muito por conta dos personagens rasos e das piadas apelativas e batidas. O que definitivamente não ocorre aqui. O nosso protagonista é um escritor de sucesso que volta à pequena cidade natal e lá confronta as pessoas do passado e a repercussão da fama. Ele possui camadas que o tornam impossível de definir com apenas uma palavra, por exemplo: hora é arrogante, hora é atencioso. Essa complexidade, aliada a um texto muito rico, fazem de O Cidadão Ilustre o representante Sul-Americano na lista.
4) AO CAIR DA NOITE (IT COMES AT NIGHT)
Direção: Trey Edward Shults Nacionalidade: EUA
O filme mais controverso do meu top 10: Ao Cair da Noite foi odiado por alguns e amado por outros – há até aqueles que sequer o consideram um terror. A construção da atmosfera e a forma como os temas são postos em tela, ganham relevo sobre um roteiro fácil. Aqui as perguntas e a discussão são mais importantes que as respostas. A fotografia tem um excelente trabalho de luz e sombra. O diretor apenas no segundo filme da carreira já demostra um controle cênico gigante. Vale ficar de olho.
Veja a crítica completa de Ao Cair da Noite
Direção: Damien Chazelle Nacionalidade: EUA
Vencedor do Oscar de Melhor Filme por alguns segundos e o filme que trouxe mais estatuetas para a casa, La La Land impressiona até quem não gosta de musicais. Com discussões sobre o fazer artístico, perseguir (ou desistir) do próprio sonho eu romance que foge dos clichês, La La Land é muito mais que “la la la”. A direção de Chazelle ganha viço na dificuldade em alinhar todos os elementos, vide a primeira cena. Merece entrar para a história.
Veja aqui: Motivos para amar La La Land mesmo odiando Musicais
2) A QUALQUER CUSTO (HELL OR HIGH WATER)
Direção: David Mackenzie Nacionalidade: EUA
Ao assistir A Qualquer Custo não tarda para percebemos que estamos diante de uma peça rara no cinema. Seja nos movimentos de câmera, interações entre personagens ou no tom geral. Sob um guarda-chuva simples, uma perseguição policial, vemos temas relevantes que passam por crise no sistema bancário, amizade e relações étnicas. A câmera do Mackenzie não é nada preguiçosa e vemos enquadramentos que dizem muito. O faroeste definitivamente está de volta.
Veja a crítica completa de A Qualquer Custo
Direção: Chan-wook Park Nacionalidade: Coreia do Sul
A Criada mistura Tarantino, Grande Hotel Budapeste e tudo que 50 Tons de Cinza poderia ser. Quando o ano começou imaginei que dificilmente alguém tiraria o posto de A Criada. A narrativa cheia de reviravoltas que não se prestam a um artifício bobo, mas sim a pluralidade da trama. Uma ironia dramática às vessas. A simetria dos objetos em cena, uma violência crua com quebra temporal e sexo visceral dão o tom aqui. Apesar de longo, é daqueles filmes que dá vontade de ficar horas a mais no cinema.
Veja a crítica completa de A Criada
Menções honrosas: Moonlight, Z- A Cidade Perdida, Colossal, Fragmentado, A Mulher Que Se Foi.
Para quem quiser ver o meu ranking completo, vejam o meu perfil no Letterboxd
O que achou da lista? Quais são os teus filmes favoritos de 2017? Deixem aí nos comentários