Crítica: A Promessa (The Promise, 2016) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: A Promessa (The Promise, 2016)

A Promessa cumpre bem tudo que se propõe.

Ficha técnica:
Direção: Terry George
Roteiro: Terry George, Robin Swicord
Elenco: Oscar Isaac, Charlotte Le Bon, Christian Bale, Tom Hollander, Jean Reno e Rode Serbedzija
Nacionalidade e lançamento:  Espanha, EUA, 2016 (11 de maio de 2017 no Brasil)

Sinopse: Michael (Oscar Isaac) é um jovem armênio que sonha em estudar medicina, mas não tem dinheiro para arcar com os estudos. Por isso, ele promete se casar com uma garota de seu vilarejo, na intenção de receber o dote. Com o dinheiro em mãos, Michael viaja à Turquia e faz seus estudos durante os meses finais do Império Otomano. Neste contexto, conhece a armênia Ana (Charlotte Le Bon) e se apaixona, embora a professora namore o fotógrafo americano Chris (Christian Bale), enviado à Turquia para registrar o genocídio dos turcos contra a minoria armênia. Um triângulo amoroso se instaura em meio à guerra

O chamado Genocídio Armênio ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. Mesmo sem ser tão estudado/conhecido pela maioria dos brasileiros, cabe ressaltar o impacto daquele massacre, também denominado o “holocausto armênio”. Aqui a obra serpenteia entre as desventuras da guerra e um romance – tal opção pode incomodar alguns ou tornar a coisa palatável para outros. O fato é: caso pendesse para um dos lados a coisa ficaria brega ou sisuda… e nada disso ocorre aqui.

Protagonizado por Oscar Isaac, que faz o armênio Mikael, em parceira com Charlotte Le Bon e Christian Bale. O trio nunca se sobrepõe à trama. É possível definir a atuação deles como “humilde”. Mas não confunda com falta de presença. Cada um, de maneira distinta, desempenha um ótimo papel e traçando a personalidade das respectivas composições. Eles são fundamentais para ajudar o público a se importar com aqueles personagens e a sentir um pouco daquela dor e um pouco daquela paixão.

A história, claro, também é essencial para o bom desempenho aqui. As camadas, dúvidas e dilemas dos personagens – mesmos os secundários – são bem expostos. Aí também graças a mão do diretor Terry George, o começo tem a calma necessária para estabelecer aquele universo. O recorte é bem feito permitindo o já citado desenvolvimento daquelas personas. Entre o segundo e terceiro ato há uma leve barriga que ao consideramos as mais de duas horas de projeção pesam ainda mais.

Na parte técnica, a coerência continua. Fotografia dá tons “sujos” que encaixam perfeitamente no sentimento que se quer passar, ao mesmo tempo que belos enquadramentos em diversos ambientes mostram uma preocupação em retratar de diversas maneiras o que quer se contado. A alternância entre planos abertos e fechados funciona. Vemos as expressões e sentimentos individuais, mas também temos a dimensão do todo.

Apesar dos elogios, A Promessa peca na parte histórica. Não reconstituição, que como já foi dito está bem feita, mas na contextualização. As motivações não ficam muito claras e exigem uma certa bagagem prévia ou alguma pesquisa posterior, como elemento único, para alguém que não estudou aqueles acontecimentos, cai em maniqueísmos e fica raso.

No todo, porém, o saldo é bem positivo. A Promessa tem potencial para agradar fãs de história, romance e drama (talvez nesta ordem).

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