Crítica: Assassin’s Creed (2016)
Assassin’s Creed pode decepcionar fãs e não atrair novos amantes para a franquia
Ficha técnica:
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Michael Lesslie
Elenco: Ariane Labed, Brendan Gleeson, Callum Turner, Carlos Bardem, Charlotte Rampling, Denis Ménochet, Essie Davis, Hovik Keuchkerian, Javier Gutiérrez, Jeremy Irons, Khalid Abdalla, Marion Cotillard, Matias Varela, Michael Fassbender, Michael Kenneth Williams
Nacionalidade e Lançamento: EUA, 2016 (12 de janeiro de 2017 no Brasil)
Sinopse: Callum Lynch (Michael Fassbender) descobre que é descendente de um membro da Ordem dos Assassinos e, via memória genética, revive as aventuras do guerreiro Aguilar, seu ancestral espanhol do século XV. Dotado de novos conhecimentos e incríveis habilidades, ele volta aos dias de hoje pronto para enfrentar os Templários.
As baixas notas no site rottentomatoes, um grande compilador de críticas, davam um indicativo de que o ano dos vídeo games no cinema não iria encerrar bem. Infelizmente tenho que concordar com o 3.9 de nota do site e constato: Assassin’s Creed é a pior das adaptações recentes de games . Heróis da Galáxia: Ratchet e Clank diverte de modo despretensioso e tem um visual que funciona para o público infantil, Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos tem um belo design de produção e Angry Birds – O Filme tirou leite de pedra e entregou, pasmem, o melhor produto do segmento jogo que virou filme. Se a premissa dos passarinhos raivosos era simplória e tivemos uma expansão honesta, em Assassin’s Creed ocorre o oposto: uma mitologia robusta que mingou na tela grande.
As cenas de ação foram mal montadas e parecem incompletas. Vi em algum lugar que o salto de fé (algo icônico da franquia – onde um personagem se joga de uma altura considerável) iria ser real – ou seja, um dublê saltando 38m. Creio que faltou fazer o de mentira. O momento é nada vibrante, se o primeiro salto de fé para os jogadores é algo inesquecível, o do filme deixará poucas lembranças. Alguns efeitos nas lutas soam datados e a coreografia marcada. Ainda tem algum valor de entretenimento, porém carece de potência.
Michael Fassbender tenta se impor, mas é limitado por todo o resto. E mesmo ele alterna momentos dignos com alguns exageros. Jeremy Irons dá um ar afetado de importância para tudo que fala. Marion Cotillard é um desespero constante e agoniante, a personagem passa boa parte do tempo reagindo a nada e dando ordens. Charlotte Rampling diz uma ou outra frase de efeito.
A cinematografia é artificial. O clima por vezes difuso tenta dar um tom sorrateiro, mas o resultado é piegas e sem viço. Tal elemento, a furtividade, ficou mal explorado visual e narrativamente. Em Macbeth: Ambição e Guerra, também do diretor Justin Kurzel, a fotografia está muito melhor realizada. As transições temporais são mais presentes que o necessário. Elas ocorrem de forma óbvia e repetitiva. Há um recurso completamente desnecessário de um pássaro para marcar a transição – ele pode ter alguma presença nos jogos, mas aqui fica solto. A trilha na primeira música soa descompassada e não foi bem escolhida para a época retratada.
Há um misto curioso-desastroso de pressa e lentidão. A trama soa mais lenta que de fato é e, ao mesmo tempo, tenta abraçar muitas coisas que ficam jogadas em tela. A dica que terá uma continuação é frustante. O filme parece ter mais tempo que as 2 horas. E a sensação de vazio é martelada do início ao fim. Um determinado ponto de virada é tão previsível que eu quase não acreditei que eles iam usar aquilo. Se você viu algum filme de prisão sabe na primeira cena o que vai acontecer no final.
Quem for fã de Assassin’s Creed pense se os elementos do filme estão bem realizados – você não precisa gostar menos do jogo para admitir que a adaptação não funcionou, parece que o filme precisa de uma DLC. Quem não conhecer a franquia dos games terá uma primeira impressão ruim. Recomendo vídeos no Youtube caso tenha interesse pelo universo.