Crítica: A História Real de um Assassino Falso (2016)
A História Real de um Assassino Falso é um original Netflix que traz um combo honesto de comédia e ação.
Ficha Técnica:
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Jeff Morris
Elenco: Kevin James, Andy Garcia, Kim Coates, Maurice Compte, Zulay Henao, Andrew Howard
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (11 de novembro de 2016 no Brasil – produção original Netflix)
Sinopse: Same Larson (Kevin James) tem um trabalho chato. Nas horas vagas tenta terminar um livro de ficção sobre um assassino. Quando a história é publicada, Larson entra em várias confusões com a milícia venezuelana ao ser confundido com o protagonista do livro.
Não é só de Adam Sandler que as comédias originais Netflix são feitas. Coisas muito melhores que, por exemplo, Zerando a Vida são produzidas pelo serviço de streaming. Recentemente tivemos o exótico Mascots, um falso documentário sobre quem ganha a vida sendo mascote. E agora chega mais um longa do gênero, A História Real de um Assassino Falso nos conduz a uma metalinguagem divertida e leve.
As cenas de ação do começo são intencionalmente caricaturais e clichês. Elas provem da mente do escritor Same Larson que está tentando emplacar o primeiro livro. O que ele não esperava é que uma editora on line iria se interessar pelo projeto do jeito que ele escreveu, sem mudar coisa alguma… a não ser uma palavra. O que era para ser uma história de ficção baseada em relatos de um amigo virou um espécie de autobiografia.
De um emprego em um escritório para as guerrilhas na Venezuela. Em pouco tempo a vida de Larson virou de cabeça para baixo, em uma corrida cheia de emoções para tentar sobreviver. Com dois chefões do tráfico local e o presidente do país envolvidos em intrincadas tramas, o que resta ao nosso glorioso escritor é entrar no jogo.
A comédia é recheada de situações que beira (só beiram?) o absurdo e abusam do humor físico – um atrapalhado, gordinho e sem confiança escritor tendo que fugir das mais diversas maneiras são bem exploradas nesse sentido. As cenas de ação são coreografadas de maneira correta, reiterando alguns clichês já marcados anteriormente. Elas não possuem um grande apelo visual, contudo são eficazes na proposta. Mérito do Kevin James (Segurança de Shopping , Hitch: Conselheiro Amoroso) que encarou de forma séria as desventuras do personagem.
As paradas na história para o escritor pensar no futuro dos personagens ficam hilárias e no tom – não há uma repetição da piada, o que poderia enfraquecê-la. E as atualizações das missões, em forma de capítulos, dá um ar ainda mais lúdico à narrativa. O que é bem-vindo, pois trama tem um ar sério em alguns instantes, especialmente nas denúncias políticas e em como o poder paralelo é influente.
A direção do Jeff Wadlow (Kick-Ass 2, Quebrando Regras) tem méritos ao saber o que tem nas mãos e entender onde quer chegar. Mesmo com um claro foco no protagonista, Wadlow permite um bom tempo em tela para os coadjuvantes terem pelo menos um momento para brilhar. O diretor peca um pouco, contudo, ao seguir demais o arroz com feijão.
Há uma certa obviedade no decorrer dos acontecimentos e especialmente no final. Fica engraçado e fluido, mas óbvio. Quem quer rememorar bons tempos de uma Sessão da Tarde pode ter uma boa experiência. Quem espera algo mais complexo talvez se decepcione. Tudo aqui é relativamente bem feito, mas a nota de partida é também baixa. Por mais que atinja os objetivos, estes não eram tão ousados ou grandiosos. Por isso, A História Real de um Assassino Falso entrega um filme honesto, mas pueril. Um trabalho melhor realizado foi o Dois Caras Legais, também deste ano.
Resumo
Quem quer rememorar bons tempos de uma Sessão da Tarde pode ter uma boa experiência. Quem espera algo mais complexo talvez se decepcione. Tudo aqui é relativamente bem feito, mas a nota de partida é também baixa. Por mais que atinga os objetivos, estes não eram tão ousados ou grandiosos. Por isso, A História Real de um Assassino Falso entrega um filme honesto, mas pueril.