Crítica: Doutor Estranho (2016) (2) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Doutor Estranho (2016) (2)

Ficha técnica de Doutor Estranho:

Direção: Scott Derrickson
Roteiro: C. Robert Cargill, Jon Spaihts e Scott Derrickson
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams, Benedict Wong, Michael Stuhlbarg, Scott Adkins, Benjamin Bratt, Mads Mikkelsen e Tilda Swinton
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (03 de novembro de 2016 no Brasil)
Sinopse: A história de um ex-neurocirurgião que, depois de ter sua carreira destruída em um acidente, começa uma nova vida. Ele se torna discípulo de um grande feiticeiro para se tornar o Mago Supremo e proteger a Terra contra ameaças místicas.

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Esse ano não está sendo tão generoso com os super heróis. Tivemos alguns bons filmes, mas nem esses superaram seus anteriores, como por exemplo X-Men Apocalipse que é inferior ao seu antecessor Dias de um Futuro Esquecido. Então, sobrou para Dr. Estranho a esperança de algo realmente incrível do subgênero herói esse ano, mas, infelizmente, não foi dessa vez.

Desde muito tempo se espera que um filme da Marvel seja o “Filme mais sério da Marvel” e sempre ficam adiando para o próximo… O fato é que esse dia NUNCA chegará, a Marvel não fará um longa sério, ousado ou qualquer coisa que fuja de seus padrões normativos para conquistar a fortuna bilheteria. E a verdade é que alguns filmes não precisam ser sérios para serem bons: Guardiões da Galáxia é um exemplo claro disso, despreocupado com qualquer elemento narrativo mais complexo, ele nos entrega uma infinidade de piadas e gags engraçadas durante toda a película. Porém, Dr. Estranho frustra justamente pelo seu tema precisar ser levado a sério, e em determinados momentos isso acontece, mas nunca em sua totalidade.

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Logo no começo percebemos as várias câmeras posicionadas enquadrando as mãos do Doutor e seus relógios, referências visuais de como essas duas coisas, talento em neurocirurgia e tempo, são necessários na vida da personagem principal para logo depois tirar isso dele, iniciando assim sua jornada em busca de autoconhecimento e a aceitação da inexorabilidade da morte e a relatividade do tempo. Algo interessante se não fosse exageradamente usado pelo diretor Scott Derrickson que faz questão de utilizar uma câmera lenta no acidente que tira a mobilidade das mãos do Doutor, além de fazer vários planos fechados em relógios sem necessidade alguma. Ainda temos uma cena em que a Anciã faz um discurso sobre morte e tempo apenas para ter a certeza de que o público não vá esquecer do que o filme se trata. Uma dica, Scott… Nós não somos idiotas.

Contudo, os pontos positivos ficam por conta das atuações e do design de produção. De um lado temos a Tilda e o Benedict interpretando extremamente bem os respectivos Anciã e Dr. Estanho. Os dois se divertem em cena e trabalham muito bem com o material limitado. Tilda consegue transmitir toda a sabedoria necessária que sua personagem pede, fazendo com que quando sua personagem surge em cena ficamos esperando toda sua força e grandiosidade. Benedict usa todo seu charme e carisma para deixar o Doutor aceitável mesmo sendo arrogante e egocêntrico. Já o design de produção faz um trabalho excelente em compor todo o uniforme das personagens e os cenários em que eles estão rodando. Principalmente em cenas mais “pirotécnicas” como naquela ao qual Estranho está sendo submetido pela primeira vez ao mundo espiritual, todo aquele jogo de luzes coloridas lembra vagamente 2001 Uma Odisséia no Espaço e é extremamente feliz para representar a conquista de um novo conhecimento.

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Os efeitos visuais também são um show à parte, todas as cenas em que as personagens moldam a matéria e o tempo são extremamente bem representadas pela psicodelia. Porém, novamente sendo frustrado pelo diretor Scott que desperdiça toda essa magia e poderes de seus personagens para fazerem os mesmos moldarem pedaços de pau e caírem na porrada… Não consigo pensar em um desperdício maior de poder (talvez só se eles projetassem o filme do Esquadrão Suicida).

Já as piadas funcionam relativamente bem. Principalmente as que envolvem a personagem Wong, são piadas extremamente engraçadas e divertidas. Mas algumas começam a pesar muito, principalmente algumas que vem em momentos chaves da narrativa como naquela ao qual o herói e vilão estão se enfrentando, ou mesmo na pós morte de alguma personagem onde um momento de luto vira uma piadinha sem graça com a capa do Dr. Estanho.

Por fim, Dr. Estranho tem um potencial enigmático para explorar e um arco extremamente rico sobre as maiores indagações da raça humana: A morte e o tempo. Tendo vários momentos reflexivos como naquele ao qual Doutor usa um relógio quebrado para representar sua total consciência de que o tempo molda a vida e que a sua vida é regida pela relatividade temporal, e a máxima cena da expansão mental utilizando cores psicodélicas. Mas no meio disso tudo o filme decide dar mais ênfase a uma piada do Doutor brigando com sua capa… Estranho.

Escrito por: Will Bongiolo

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