Crítica: Tô Ryca! (2016)
Tô Ryca! é cinematograficamente pobre, muito pobre.
Ficha técnica:
Direção: Pedro Antônio
Roteiro: Vitor Brandt, Fil Braz
Elenco: Samantha Schmütz, Marcelo Adnet, Katiuscia Canoro, Marcus Majella, Marília Pêra, Fabiana Karla
Nacionalidade e lançamento: Brasil, 22 de setembro de 2016
Sinopse: a frentista Selminha (Samantha Schmütz) está prestes a receber uma fortuna de herança, mas para ficar com a bolada de 300 milhões ela precisará gastar 30 milhões em um mês.
Tô Ryca! é o que há de pior no nosso cinema, provavelmente um dos piores filmes do ano no Brasil. Uma história absurda, atuações caricatas e uma nulidade técnica. Grosso modo temos aqui a premissa de Carrossel 2 e Até Que a Sorte os Separe. Ou seja, alguém que tem que participar de uma espécie de gincana sem sentido ao ganhar uma fortuna.
O pior, como se não bastasse esse mote terrível, são estabelecidas regras estapafúrdias como não acumular bens e apostar e doar apenas uma porcentagem do montante total. Essas regras estão aí com um intuito muito cretino de plantar consequências pessimamente trabalhadas pelo roteiro. A tal norma da não doação é desrespeitada ao bel prazer, como quando a protagonista compra roupas e aluga uma suite presidencial para a amiga ou faz festas para terceiros. Mas quando convém há logo um impedimento para que o referido gasto seja feito.
Os tipos são o cúmulo do estereótipo, notadamente o do politico conservador, pessimamente vivido pelo Marcelo Adnet. O candidato Falácio Fausto é colocado de forma intencionalmente exagerada. Contudo, a critica proposta é vazia e sem graça. Uma das piadas dele, que está no trailer (trailer que entrega toda a história), é xingar a Selminha de: “mulamba, mulher, mulata” e completar com um “me enrolei”. Um certo empodeiramento que a personagem da Marília Pêra propõe, de algum modo em contraposição ao Fausto, fica solto sem profundidade. Os demais personagens secundários são inverossímeis e servem apenas para compor (mal) o cenário. Para não falar no péssimo direcionamento recebido pelos figurantes. Caso veja este filme repare na magistral naturalidade deles.
A atuação da protagonista Samantha Schmütz é semelhante ao que ela fez anteriormente, por exemplo no Zorra Total. Quem gosta do que ela já apresentou em outros trabalhos talvez possa ter alguma simpatia. Quem não a conhece saiba que ela se baseia em caras e bocas, gritos e gestos exacerbados. Todo o arco onde ela resolve lançar uma candidatura é horrendo, o pior dentre os piores do filme. O jeito como começa (completamente fora da realidade dado questões eleitorais) e o jeito como termina (de forma abrupta) denota um misto de montagem + roteiro + direção sem qualquer zelo.
O humor de Tô Ryca! tem tanto requinte quanto um urubu evacuando. E isso não é exagero, já que exatamente essa cena é posta em tela em um momento capital. Alguns podem alegar que é um filme para desligar o cérebro. Desculpe, mas eu não vim com essa função. E não é porque é um longa de comédia que Tô Ryca! está isento da necessidade de ter qualidades. O que não posso negar é há uma bela metáfora: a Selminha precisa gastar dinheiro com qualquer coisa… parabéns para aqueles que gastaram dinheiro produzindo esse longa, com certeza se eu tivesse 30 milhões eu não gastaria com isso, e para aqueles que verão Tô Ryca! fiquem avisados que não vale nem os 30 reais do ingresso.
Comédia é muito mais que isso. Cinema nacional é muito mais que isso.
Resumo
Tô Ryca! traz o pior que o nosso cinema pode oferecer. Roteiro cheio de problemas, piadas de gosto duvidoso, atuações caricatas e uma nulidade cinematográfica.