“Easy” – (2016)
Easy, do escritor de diretor Joe Swanberg, não é uma série que tem por principais preocupações e objetivos delinear uma boa história ou dar de mão beijada o enredo apresentado ao espectador, e em contrapartida, é mais como um porta-retratos de situações habituais que são inerentes aos relacionamentos entre casais. É sincero, dinâmico, interessante.
É autêntico o movimento o qual se percebe durante as narrativas que por si só, conseguem ter suas peculiaridades assim como suas diferenças. As intimidades são exploradas de forma que nosso modo crítico de ser, quando ausente ou distante da situação dada, tal posição nos bota num lugar de poder – o qual nos habilita em questionar o que ali está acontecendo e em certa medida, mesmo havendo tal distancimento, no caso de Easy, o que distancia também atrai.
A atmosfera criada por Swanberg é tão natural que despercebemos a presença da camera, isto é, as cenas tornam-se mais próximas do real nesse sentido; então, além de fazermos parte da existência que ali se apresenta, testemunhamos os problemas, as aflições e as decisões que devem ou não ser ser tomadas durante os corriqueiros dias que se seguem. Sexo é amor e amor é sexo. As liberdades de autoria, de pureza e de delicadeza, trazem para a série um grande sabor mesmo que para paladares distintos, desta forma incluindo muito as consideradas diferenças provindas de um mundo antigo.
As prioridades são a leveza, o amor, o sexo, a felicidade, a amizade; quem não quer tudo isso para si? Quem não deseja ser amado, ter uma amizade verdadeira, ou mesmo, ter alguém que carregue um pedaço de você em seu próprio corpo? Muitos desejos diferentes, mas que fazem de Easy uma narrativa leve e pesada, simples e complexa, que traz felicidade e tristeza. E todos esses êxtases de sentimentos ou emoções que podem ser sentidas durante a série, tem certamente uma ligação forte com a escrita de Joe. A escrita está conectada com o silêncio. O Não dizer diz respeito ao montante de cada palavra que se escreve a cada sentido e a cada vírgula que à intercala. Ouvir o silenciar é como um aproximar-se de si, como uma confissão que não se tem como confessar ou dizer em voz alta: a escrita é necessária. Versar com não diz respeito ao escrito, já que aquilo que se escreve, ou seja, a cada palavra, uma após a outra, gerando um sentido ou não, está distante da esfera da troca versátil do verso. O que se procura através das palavras e por assim dizer, gradualmente da escrita, é continuar numa busca por algo que nos faz sermos, que nos dá o gozo de quando rimos, como se fosse àquela felicidade que procuramos.