Crítica: Bruxa de Blair (2016)
Bruxa de Blair cumpre o que promete e vale o ingresso para os fãs de found footage.
Ficha técnica:
Direção: Adam Wingard
Roteiro: Simon Barrett
Elenco: James Allen McCune, Callie Hernandez, Corbin Reid, Brandon Scott
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (15 de setembro de 2016 no Brasil).
Sinopse: após alguns anos do desaparecimento da irmã, o jovem James recebe um pista do que poderia ser o paradeiro dela. Junto com um grupo de amigos ele se embrenha em uma aterrorizante floresta em busca de respostas.
Se você gostou de Rec/Quarentena, Atividade Paranormal, Cloverfield – Monstro, além é claro do Bruxa de Blair (1999), há grandes chances de você apreciar o novo Bruxa de Blair. O estilo found footage, com o longa todo na perspectiva de algum personagem filmando, é o grande elo entre eles.
Mas não só na forma as semelhanças são nítidas. A perda é algo caro aos longas de terror, tal qual lendas malignas, uma floresta fechada e muitos sustos também fazem parte do check list deste tipo de filme. Bruxa de Blair tem tudo isso e apresentando de uma maneira muito honesta, em nenhum momento vai além – e não se propõe a tal. Com caracteres diferentes, tive sensação parecida quando vi Independence Day: o Ressurgimento.
De antemão aviso que é necessário relevar alguns pontos. Perguntas como: “Eles ainda estão filmando?” ou tal ideia parecer incrivelmente estupida – e não só parecer – podem atrapalhar a experiência. Se a tua capacidade de superar isso, a famosa suspensão de descrença, for ativada é possível que curta tanto quanto eu.
Além desses elementos, que podem ou não ser encarados como problemas, há detalhes realmente bons. A maquiagem está bem convincente, uma das melhores do ano. Mais ou menos nessa linha, vale ressaltar que as mortes são cruas. Porém, mesmo sem reverberá-las, o diretor não nos poupa de um sanguinolento gore presente em vários momentos. Uma cena, que está no trailer, dá um asco inacreditável. Além disso, sobre a fotografia, destaco um bom jogo de luz e sombra, principalmente no terceiro arco.
Parte dos atores, felizmente a parte principal, cumpre bem o papel de entrar naquele jogo e nos convencer que o medo deles é real. A dupla James Allen McCune e Callie Hernandez protagonizam um horror físico muito necessário aqui. Já os atores que fazem o casal que entra por último na trama, Wes Robinson e Valorie Curry, erram feio e chegam a atrapalhar o todo. Os amigos do protagonista, interpretados pelo Brandon Scott e pela Corbin Reid, oscilam entre um lado questionador e fraternal e outro forçado e conveniente para os anseios da história (sem isentá-los completamente, nem de longe foram brilhantes, aí a culpa é também do roteiro).
Já algo que é mais que um detalhe, podendo ser o cerne aqui, é a bela atmosfera criada. O fato de muitas vezes barulhos sugerirem que vai dar ruim tornam o ambiente mais assustador que algo explícito. A sugestão, mais uma vez, cumpre o papel de “melhor tipo de terror”. Uma quebra do tempo e da geografia fazem aquela experiência, para os personagens – e para o público – ainda mais terrível, no melhor sentido da palavra.
Alguns momentos de uma certa lentidão possam ser outro obstáculo para alguns. Aqueles que passarem por essa etapa serão recompensados com um final de se segurar na cadeira. Um crescimento claro na tensão faz com que tudo no terceiro arco de Bruxa de Blair funcione no que tange ao terror proposto. Grosso modo: no drama o filme é bobo, no terror entrega bem.
Talvez a sequência da franquia de Bruxa de Blair não fosse necessária em 2016. Possivelmente não agradará parte do público. Tem conveniências e defeitos pontuais que podem enfraquecer a nota do filme de espectadores mais afeitos às fórmulas realistas. Contudo, trouxe uma experiência imersiva – cara ao estilo – que sabe o que é e onde quer ir.