Crítica: Carrossel: O Filme (2015)

Carrossel: O Filme é ótimo para os fãs da novela e pode divertir, com ressalvas, o público adulto. Será que a sequência manterá as qualidades?

Ficha técnica:
Direção: Alexandre Boury, Mauricio Eça
Roteiro: Márcio Alemão, Erez Milgrom, Mirna Nogueira
Elenco Adulto: Noemi Gerbelli, Paulo Miklos, Márcia de Oliveira, Oscar Filho, Orival Pessini
Elenco Infantil: Jean Paulo Campos, Larissa Manoela, Maísa Silva, Matheus Ueta, Nicholas Torres, Stefany Vaz
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 23 de julho de 2015.

Sinopse: a turma da escola Mundial sai de férias em uma jornada em um acampamento cheio de brincadeiras. Mas terríveis vilões querem destruir o local e podem atrapalhar a diversão da garotada. Os jovens adolescentes terão que superar as diferenças para lutar contra um inimigo comum.

Ano passado tivemos a primeira adaptação da novela produzida pelo SBT (esta um remake de uma produção mexicana). Carrossel: O Filme, que já está no catálogo da Netflix, levou mais de 2,5 milhões de espectadores ao cinema entre julho e setembro do ano passado – sendo um dos filmes nacionais mais vistos de 2015. Pegando carona no sucesso, semana que vem estreia Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina –  que também contará com crítica aqui no Cinem(ação).

Talvez seja desnecessário comentar, mas este é um filme bem infantil. O foco é mais direcionado ainda ao público da novela, mas mesmo uma criança que não tenha acompanhado a turma na televisão poderá se divertir com esta aventura. Apesar de resgatar muitas referências e bordões, o longa se coloca como obra independente e vai além de ser um episódio esticado ou um resumo mais do mesmo do que já foi visto antes na televisão. Logicamente que Carrossel: O Filme traz vários defeitos, porém entrega algo além de um mero caça-níquel.

A história é simples e conta com um roteiro óbvio e conveniente, às vezes bastante expositivo para realçar determinados pontos. Contudo esses elementos tem que ser ponderados dado o público-alvo. Não estou chamado as crianças de ingenuas ou algo assim, mas é um enredo que funciona para elas, mesmo que fique evidente para a gente alguns (muitos) probleminhas.

A professora Helena é a grande ausência, já que a atriz Rosanne Mulholland está contratada da Rede Globo. Eles dão uma desculpa e colocam a faz tudo Graça (Márcia de Oliveira) e a diretora Olívia (Noemi Gerbelli) para guiar a meninada. Ambas, seguras com as personagens, vão muito bem e rendem momentos bem divertidos, principalmente Márcia que parece acreditar mais no que está fazendo. Já no elenco infantil, temos cerca de 20 crianças. E isso é o principal defeito e qualidade do longa. Tem personagem sem fala ou com uma apresentação mínima. Por outro lado, quem acompanhou a novela vai gostar de ver os antigos amigos em um ambiente diferente – e agora um pouco mais velhos.

Enquanto as crianças da escola Mundial se dividem em dois grupos para realizar uma sadia competição, os vilões Gonzales e Gonzalito querem tirar o acampamento Panapaná do Sr. Campos, dono e apaixonado pelo local. Enquanto o Sr. Campos se preocupa com a alegria das crianças, a malvada dupla quer construir uma fábrica, desmatando todo o verde da região. A batida premissa rende momentos irregulares ao longo da trama. Desde passagens muito engraçadas, até diálogos forçados e entediantes – até para as crianças.

Ainda sobre o elenco adulto, a dupla de vilões vem para ser o esteriótipo clássico. Paulo Miklos não disfarça os cacoetes e motivações manjadas. Mesmo com a intenção de exagerar, o Gonzales não me agradou. Já Oscar Filho, como Gonzalito, está impagável. Quase sem falas e se garantido em um humor expressivo, Oscar dá um banho e quase todas as cenas com ele funcionam muito bem, apesar de também estereotipado.

Um ponto muito favorável são as canções. O gênero aventura prevalece, no entanto há um que de musical. Contudo, ao contrário do que obras de muito mais peso fazem, aqui as músicas entram em momentos bem oportunos e fazem sentido narrativo. As crianças cantam no ônibus, fogueira ou para comemorar a vitória. Em momento algum fica a sensação de forçar um artifício que poderia ser apenas muleta para cobrir os vazios narrativos.

Carrossel: O Filme me arrancou algumas risadas inesperadas (há uma ótima referência ao Esqueceram de Mim). É passado algumas lições para as crianças, tais como: valor da amizade, como lidar com ciúmes, ecologia e vencer o medo. Os atores mirins tem química e dão espaço uns para os outros, mesmo que o roteiro não ajude neste sentido. O ritmo do longa é muito bom, não vemos o tempo passar.

Sem o mesmo brilho dos filmes como Zootopia, Mogli ou Angry Birds, mas muito melhor que Escaravelho do Diabo, No Mundo da Lua ou Norm e os Invencíveis, Carrossel: O Filme, com todas as ressalvas possíveis, entrega um bom produto cinematográfico para o público alvo e algo que não fará os adultos morrerem de tédio. Se o segundo longa seguir nesta linha está de bom tamanho.

https://www.youtube.com/watch?v=geVEWfDElDA%20