Crítica: Hush: A Morte Ouve (2016)
Hush: A Morte Ouve pode gerar um rápido e eficaz entretenimento de qualidade, mas sem grandes camadas.
Ficha técnica:
Direção: Mike Flanagan
Roteiro: Mike Flanagan, Kate Siegel
Elenco: Kate Siegel, John Gallagher Jr., Michael Trucco, Samantha Sloyan
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (8 de abril de 2016 no Brasil – lançado diretamente na Netflix).
Sinopse: Maddie é uma escritora que tenta terminar o segundo livro. Ela possui deficiência auditiva, adquirida após uma meningite na infância. Uma noite um psicopata assassino cerca a residência dela ameaçando-a.
A história de Hush é simples e até um tanto clichê. O elemento que o torna curioso é a condição da protagonista. O fato dela não escutar e não falar, comunicando-se apenas com linguagem de sinais, leitura labial e textos escritos, abre um leque maior na tensão bandido-mocinha. Mas sinto que tal fator poderia ser mais bem explorado, principalmente na parte sonora. Alguns silêncios e a percepção de determinadas vibrações colocariam o público na pele da Maddie de forma mais imersiva.
O conciso tempo de Hush (1h20) é bem dividido nos três arcos da trama. Rapidamente conhecemos a personagem principal. Vemos a boa relação dela com a vizinha/amiga, o trabalho de escritora e a dificuldade em escrever um final para o livro. Temos também uma pincelada no cotidiano de uma pessoa com deficiência, como na cena do alarme de incêndio.
O desenrolar da história se pauta na ameaça constante do antagonista rodeando a casa e intimando Maddie. Este momento não cria uma tensão gigantesca, mas faz um trabalho ok. Você fica cativado para saber o desfecho, apenas pela curiosidade mesmo. No clímax temos a inserção de alguns traços típicos desse gênero de filme. Verdade que eles foram pontuados no começo, porém não encantam de forma esplêndida.
Todos os aspectos deste filme têm esse ar meio agridoce. Não comprometem, no entanto deixa de entregar algo além. Citarei as atuações de Kate Siegel e John Gallagher Jr. (Rua Cloverfield, 10) como exemplos. Ela passa o medo e o sendo de urgência que a situação pede. Ele tem um descompromisso com a situação também condizente com o personagem. Todavia, nenhum dos dois faz algo memorável que valha um Oscar, por exemplo. A fotografia e trilha também estão corretas. Há um certo ar sombrio na iluminação que reforça a situação e os sons pulsam constantemente (o que não é errado, mas senti falta do já citado silêncio).
Hush lembra os filmes do Super Cine, nas noites de sábado da Globo. Como entretenimento despretensioso pode funcionar para quem buscar esse tipo de filme. Quem quer profundidade, com alguma camada além, talvez valha dar uma zapeada no próprio catálogo da Netflix e procurar outras opções.