Crítica: Só o Melhor Para o Nosso Filho (2014) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
4 Claquetes

Crítica: Só o Melhor Para o Nosso Filho (2014)

Só o Melhor Para o Nosso Filho mostra o dia a dia e as reflexões de uma família com um filho autista.

Ficha técnica:
Direção: Monique Nolte
Nacionalidade e lançamento: Holanda, 2014 (no Brasil exibido no Festival de Cinema Europeu, 2016)

Sinopse: Kees tem  mais de 40 anos, é autista e ainda mora com seus pais. O amor deles deu a Kees a possibilidade de se desenvolver como adulto relativamente independente. Mas o que acontecerá quando os pais de Kees não puderem mais cuidar dele?

só o melhor para o nosso filho

O tema do autismo é caro na cinematografia mundial. Temos filmes como Mary e Max: uma amizade diferente e Rain Man abordando de maneiras bem distintas o assunto. Fora a temática, o primeiro é uma das melhores animações que eu já vi e o outro tem uma das melhores atuações masculinas que eu me lembro. Vale a pena conferir ambos.

O documentário holandês Só o Melhor Para o Nosso Filho (Het beste voor Kees), dirigido por Monique Nolte, será exibido em 9 cidades do Brasil no Festival de Cinema Europeu. O longa traz uma abordagem diferenciada e complementar em relação aos filmes citados anteriormente.

Mesmo com muitos estudos sobre o tema o desenvolvimento de uma pessoa autista é muito particular, podendo ser um desafio para os familiares. Kees foi criado pelos pais da melhor maneira que eles souberam. E o resultado foi bem expressivo. E as palavras “particular” e “expressivo” não foram escolhidas à toa… As pessoas diagnosticadas com o distúrbio têm percepções do mundo muito próprias e por vezes se comunicam também de uma maneira singular.

No caso de Kees, ele tem um fascínio por trens, incomoda-se com determinados sons (uma capacidade sensorial aguçada também é característica comum dos autistas) e não gosta das tragédias exibidas no noticiário, mas a previsão do tempo atrai o interesse dele.

Kees

Kees é um personagem intrigante em vários aspectos. Por vezes mostrando um humor involuntário, quase infantil, ao dar respostas sinceras. Em outras demostra uma autoconsciência crua e muito firme sobre os fatos.

A história contada no documentário tem como cerne o destino que aquela família pode ter caso os pais, já bem idosos, morram. Quem cuidaria de Kees? Ele já pode se cuidar sozinho? Outra premissa é a construção de um setor habitacional para adultos com autismo.

Quando o longa se foca na família, notadamente na relação de Kees com a mãe, o resultado é bem mais interessante. Ver como ela beira a superproteção e como o pai questiona as atitudes dela. Ou ainda como Kees entende e dialoga sobre as coisas da vida é muito bem construído. Há diálogos com a diretora do longa via uma plataforma de chamadas em vídeo, tipo o skype. Esses momentos geram grande reflexão no público. O filme perde um pouco de força quando vai para a questão da busca por uma casa para Kess.

A primeira cena os três, kess e os pais, buscam o melhor enquadramento diante das câmeras. Bela imagem como forma de metonímia para a vida deles. Eles buscam enquadram-se na sociedade da melhor maneira possível.

A câmera da diretora Monique Nolte não é feliz apenas neste momento. Há um claro trabalho de não apenas ouvir os depoimentos, mas colocar a câmera em lugares que criam um quadro bem peculiar.

Na Abertura do Festival de Cinema Europeu, onde foi exibido este filme, o embaixador dos Países Baixos disse que a nomenclatura “cinema europeu” é colocada de forma depreciativa nos EUA. Pois em geral, segundos os americanos, não são filmes interessantes… já que tem que pensar… De fato Só o Melhor Para o Nosso Filho causa exatamente isso: reflexões e pensamentos vários não só sobre o tema, mas sobre a vida como um todo…

Além da exibição que teve em Brasília, o longa será exibido nos seguintes locais:

Aracaju 18/5
Goiânia  19/05
Florianópolis 27/5
Belo Horizonte 8/6
Belém 9/6
Curitiba 14/6
Vitória 25/6
Manaus 1/7

Mais informações no site da 12º Semana da Europa

Deixe seu comentário