Crítica: Mais Forte Que Bombas (2016) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Mais Forte Que Bombas (2016)

Mais Forte Que Bombas é um clássico drama familiar. Prova de que o gênero não se esgota.

Ficha técnica:
Direção: Joachim Trier
Roteiro: Joachim Trier e Eskil Vogt
Elenco: Gabriel Byrne, Isabelle Huppert, Jesse Eisenberg e Devin Druid
Nacionalidade e lançamento: Noruega, França e Dinamarca, 2015 (07 de abril de 2016 no Brasil)

Sinopse: após a morte da matriarca da família os integrantes desta tem que se reorganizar e seguir a vida, cada qual a própria maneira.

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A história aqui é simples e até um pouco óbvia, mas bela e recheada de elementos. Pode comover ou passar batido. Os dramas ali presentes são situações vividas por muitos e alheias a outros tantos. A unanimidade fica por conta do mérito no modo como ela foi construída: enxergarmos o particular e o panorâmico.

O pai não sabe como lidar com o filho mais novo e acaba mentido para ele em algumas situações. O garoto se fecha no próprio mundo. O irmão mais velho acaba de ser pai e tenta ser o elemento conciliador da família. Não tarda para percebemos que a família é “personagem” principal. Mas uma família destroçada pela perda da mãe/esposa.

Cada qual tem uma história própria e um drama particular envolvendo novos relacionamentos. O ponto de vista de cada um é bem trabalhado nesse roteiro que vai sendo desenvolvido de uma forma que o público conheça um pouco das idiossincrasias daqueles indivíduos, mas sem perder o foco na instituição família.

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A ilusão é um elemento muito forte aqui. Gene, o pai, foi um ator e aquela (bela) imagem se reflete de forma torta no atual estado de espírito dele. O jovem Conrad, filho mais novo, tem um talento para a escrita onde recria elementos vividos. Ele também se perde em jogos de fantasia/rpg. Já Jonah traz a mentira no relacionamento com a esposa e parece não aguentar o peso da dualidade morte/nascimento. É sintomático que a primeira imagem do filme seja ele tocando a mão do filho. Símbolo para a criação.

A falecida mãe também é ilustrada nesse sentido, o da ilusão. Ela era fotógrafa profissional, ou seja, criava o próprio recorte das imagem ao redor dela. Inclusive há uma passagem onde a alegoria é explicitada. Isabelle ensina o quão as fotografias podem mentir se forem mostradas apenas parcialmente. Metonímia para o filme como um todo. E o outro elemento digno de nota é que ela nos é mostrada a partir do olhar dos demais (e não é exatamente assim que somos construídos, como ilusões de nós mesmos feitas pelos outros?). A alteridade é outro elemento central aqui.

Os atores dão um tom correto à trama. Não tem atuações que “gritam”, mas não sucumbem ante à história, pelo contrário a empurram para um nível acima. Gabriel Byrne passa bem a dubiedade do personagem: um pai/esposo presente e ausente. Isabelle Huppert mostra força e tranquilidade. Jesse Eisenberg tem como grande mérito não lembrar os personagens que fez em A Rede Social (Mark Zuckerberg) e Batman vs Superman (Lex Luthor) ao aparentar uma naturalidade que convence. Devin Druid, o mais novo deles, pareceu-me torto no começo, mas depois foi ganhando peso e terminou em um tom muito positivo, sendo para mim o destaque dentre eles.

O ritmo de Mais Forte que Bombas engasga um pouco em algumas passagens. Algumas cenas poderiam ter um melhor acabamento, principalmente no terceiro arco. E o silêncio dos personagens podem incomodar alguns (eu particularmente gostei). Um filme que nunca explode, mostra que menos é mais e que é nos evidencia um forte elemento catártico sobre morte, luto, culpa e relacionamentos.

 

  • Nota Geral
4

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