Crítica: Mogli: O Menino Lobo
Mogli: o menino lobo é um espetáculo visual e revigora o clássico.
Ficha Técnica:
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Justin Marks
Elenco: Neel Sethi. Vozes: Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong’o, Scarlett Johansson, Giancarlo Esposito, Christopher Walken
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (14 de abril de 2016 no Brasil)
Sinopse: Mogli é um garoto criado entre lobos. Após uma ameça de um tigre ele se vê obrigado a se afastar da alcateia que fazia parte e rumar para novas aventuras.
Mogli originalmente foi um conto lançando em 1893. De lá para cá apareceram várias adaptações em livros, desenhos e nas telonas. A versão de 2016 deste clássico vem para acrescentar e não se faz dispensável.
A primeira cena, muito boa por sinal, já nos brinda com o que vermos no filme como um todo: um visual incrível, um ritmo fluido e uma aventura empolgante.
A jornada do menino Mogli nos é apresentada claramente em três atos: na introdução vemos como se dá a relação dele, um filhote de humano, com os outros animais – principalmente com os lobos – e rapidamente entendemos como funcionará a mecânica daquele universo. O desenvolvimento da história passa por diversos cenários e um certo crescimento do protagonista (além de nos premiar com Baloo, um urso, que é talvez o melhor personagem do longa). Já o final nos brinda com um desfecho digno para a trama, mesmo um tanto óbvio. Recomendo que fiquem durante os créditos finais, pois tem algumas cenas divertidas.
Mogli, interpretado pelo estreante em longas Neel Sethi, é carismático e aventureiro. Mostra bastante desenvoltura e coragem. É um pouco desobediente, principalmente quando trata dos “truques” que ele utiliza, sendo característica humanas, e que não condizem com a natureza dos lobos. Sethi convence como Mogli, mas nada digno de um Oscar.
A história falha em repetir a estrutura narrativa no encontro de Mogli com os outros personagens. Com a cobra, urso e macaco o mote acaba sendo o mesmo, apesar de o destino dos personagens seguirem por rotas diversas. Há também uma linearidade que incomoda, facilmente prevemos todos os atos da trama.
Poderia também ter uma exploração mais profunda das características de cada animal. Temos pouco desenvolvimento nesse sentido, apesar de flertamos com subtramas demais. O arco com o macaco King Louie, por exemplo, alterna interesse e tédio. Ele assusta e ao mesmo tempo fica artificial.
O visual é, sem dúvidas, o grande mérito aqui. Tanto os planos mais claros, quanto os que nos trazem escuridão, são espetaculares. Tudo sai perfeitamente nesse aspecto. E a relação de Mogli, e dos demais personagens, com os diversos ambientes se dá de forma natural. Há uma parte onde mostram personagens humanos que funciona bem tanto narrativamente, quanto visualmente.
Já os efeitos estão no topo das qualidades elencáveis aqui. Cada animal passa um realismo assustador e a movimentação deles também é fidedigna. A computação gráfica é uma das responsáveis pelo belo trabalho visual. Tem horas que duvidamos que aquilo não é real.
O som explora bem as nuances da natureza. Mas as músicas não são completamente bem sucedidas. O hino dos lobos é forte e resume bem o longa como um todo. As demais canções, como a do urso Baloo ou a do já citado King Louie, tiram o público da imersão da história e ficam fora do tom.
Vi o filme na dublagem original, o que recomendo fortemente. Não sei como foi o trabalho da voz dos personagens no Brasil, mas os atores originais dão um peso considerável aos animais que eles representam (atentem-se para os nomes na ficha técnica e verão atores de alto calibre). Sobre o 3D, temos cenas que usam a tecnologia de uma forma bem atrativa, mas pessoalmente achei que a tela fica muito escura. Então para apreciar na totalidade a melhor coisa do filme, a parte visual, talvez possa valer a versão em 2D, quem não se importa tanto e gosta do 3D poderá ter uma experiência bem agradável.
Mogli: o menino lobo é leve, no estilo Disney e visualmente espetacular, tal qual é costumeiro no estúdio. É necessário relevar alguns pontos que não são coerentes no universo da trama, mas que podem estragar a experiência dos mais críticos. Mesmo sem grande força narrativa ele vale a pena ser visto.
[considero que o trailer tem algumas cenas que seriam melhor apreciadas ser guardadas para a hora H, mas ele passa uma boa ideia geral do filme]