Crítica: Nocaute
Antoine Fuqua é um ótimo diretor de filmes de ação que, quando tem uma trama que exige força de atuação do protagonista, consegue excelentes resultados. Foi assim com “Dia de Treinamento”, que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Denzel Washington, e é assim com “Nocaute“, que pode muito bem render uma estatueta a Jake Gyllenhaal.
A trama do filme é uma típica trajetória de um lutador de boxe que cai e tenta se reerguer com muito esforço. Mesmo assim o longa faz jus a Jake LaMotta e Rocky Balboa, já que todos os recursos do filme funcionam de forma excelente.
O longa começa com Billy Hope (Gyllenhaal) no auge da carreira de boxeador: muito dinheiro, fama, uma família unida e a bela esposa Maureen (Rachel McAdams) cuidando dele. Tudo começa a ruir após a inesperada e trágica morte da esposa, e Billy se vê sem dinheiro e sem poder ficar com sua filha. Eficiente em mostrar estes acontecimentos com impacto e ao mesmo tempo de forma sucinta – são poucas cenas entre o acontecimento trágico e a perda da guarda da filha, e ainda assim conseguimos sentir toda a emoção da separação entre os dois – “Nocaute” merece destaque também por mostrar de forma econômica, e pautada em boas atuações, tramas paralelas importantes para desenvolver a história. Até mesmo o fato de que tanto Billy quanto Maureen são órfãos soa não apenas trágico e convincente como também importante para justificar a situação do protagonista com Leila, sua filha.
Enquanto Gyllenhaal incorpora seu personagem com a intensidade necessária para chamar a atenção da academia, Forrest Whitaker e Rachel McAdams mantêm a qualidade que já conhecemos. No entanto, é a pequena Oona Laurence que rouba a cena em todos os momentos que surge na tela como Leila, com seu olhar repleto de sentimentos e os diversos sentimentos que passa ao espectador.
Ainda que seja triste que, em meio a tantos personagens negros, os principais sejam brancos, o grande problema no filme reside no vilão. O personagem colombiano de sobrenome Escobar (podiam ter disfarçado esta) é totalmente unilateral e serve apenas para demandar os momentos de fúria de Billy, exibindo a fraqueza do protagonista. É uma pena que a trama não tenha explorado qualquer sentimento de culpa que ele poderia ter tido, ou qualquer outra questão que pudesse torná-lo um personagem mais interessante.
“Nocaute” merece aplausos por aliar eficiência e atuações excelentes, provando que não é necessário fazer algo novo no cinema o tempo todo: fazer bem feito já é ótimo.
4/5