Refúgio do Medo - 2014
Artigo

“Refúgio do Medo” – 2014

Desde o filme A Ilha do Medo meu interesse pelo ator Ben Kingsley se colocou em um lugar diferente. Não prestava muito atenção sobre o atuar dele assim como não tinha como parâmetro a forma pela qual suas escolhas refletiam em seu trabalho como artista. Não considerando-o um dos melhores filmes ou o tratando como uma grande e estupenda narrativa, posso afirmar que consegui me ater ao meu entusiasmo de escrever sobre ele.

Um roteiro tem que me estimular, me trazer diferenças, contextos não habituais, questões diversas para que deste modo eu me atenha, tanto à experiência que tive ao me deparar com o narrador e com os personagens, quanto com o quê de fato me deixou perturbado ou reflexivo ao vê-lo. É isso que me traz curiosidade e apelo por um filme. Neste caso, o tema tratado é a loucura, e de fato, não é um assunto de uma simplicidade singela na qual posso discorrer muito facilmente, isto é, tal fato também me fascina. Não saber muito bem do que se trata algo é um caminho pelo qual tento trilhar, um desvio de rota de uma famosa estrada que leva de um ponto conhecido à outro.

Uma das questões debatidas no filme é a loucura inserida no tratamento de suas insanidades. A forma como os médicos tratam seus pacientes, ainda mais como a película retrata essa medicina é de tal forma de dar medo, até nos leva ao ponto de concordarmos com um dos ditos loucos – personagem de Kingsley. Então, pensando à respeito desse acordo entre espectador e intérprete ou figura, seria prudente, em certa medida, questionar os médicos, os quais geralmente são os conhecedores de sua prática, principalmente em sua forma de lidar com os insanos; o tratamento, por fim, seria eficaz? A não inserção dos pacientes à sociedade, ou seja, deixando-os à beira de um estado vegetativo e de não vida utilizando de artifícios que os deixam mais serenos em seu “bem estar”, o que na realidade é muito árduo e penoso, já que estamos falando de um hospício.

Em Refúgio do Medo, a casa dos insanos é localizada no meio do nada e longe da próxima cidade. Quando um homem, que diz ser medico chega para aprender e estudar mais sobre os loucos que ali estavam, um novo status quo se instaura. O médico que comanda e dita as ordens, gradualmente, vai se tornando uma outra pessoa, ou melhor, já o era, mas no decorrer da narrativa conseguimos desvendar os porquês de suas ambições e crenças. Muito difícil afirmar o que é a loucura, ainda mais quem é louco. A normalidade já é algo estranho e muitas vezes diferente para cada um, e dizer ou afirmar que um ser está para aquém de um estado de normalidade, é preciso ter uma base de estudo grande da psicologia humana. Às vezes um louco pode saber muito mais sobre um comportamento humano do que uma pessoa sã, porque não? O equilíbrio entre verdades e não verdades, de fato, encontra-se numa tênue corda bem esticada que a cada instante pode ir e vir, pois, o interesse em descrever ou tentar entender melhor, ou mesmo refletir apenas acerca desse tema, isto é, sobre o que acontece dentro de um lugar no qual é afirmado se ter somente loucos, é importante e pode ser inovador. Podemos nos surpreender.

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