Crítica: Ponyo – Uma Amizade que veio do Mar
Para quem conhece o trabalho do senhor diretor Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado) já sabe que essa será uma crítica positiva. Não é uma animação japonesa atual, afinal, “Ponyo” (Gake no Ue no Ponyo) foi lançado em 2008 no Japão, há 7 anos atrás. No Brasil, o filme chegou em 2010. Foi produzido pelo Studio Ghibli e dirigido e escrito por Miyazaki, que se inspirou no conto “A Pequena Sereia”.
Ponyo é uma peixinha-dourada com características peculiares, mas ela deseja se tornar humana. À vista disso, ela foge de seu pai e acaba por atingir a superfície do mar, ficando presa no lixo deixado pelos humanos. Eis aí uma crítica deixada pelo filme em relação às ações dos seres humanos. Sosuke, um garoto de 5 anos, encontra Ponyo e a salva do monte de lixo. A peixinha lambe um machucado no dedo do garoto, curando-o, e com seus poderes mágicos consegue transformar-se em uma garota. A partir desse momento nasce uma amizade entre os dois, que se tornam companheiros inseparáveis. Mas o pai de Ponyo, um feiticeiro que acredita na extinção da raça humana, fica preocupado com o seu sumiço, e pensa que ela foi raptada. Isso acaba por gerar um desequilíbrio na natureza e algo precisa ser feito.
Os temas abordados no filme são de certa maneira educativos. A importância do equilíbrio ambiental e a conservação do nosso planeta são claramente expostos. Além dos aspectos instrutivos, o filme trata de uma amizade inocente criada entre um garoto e um ser mágico. Sosuke e Ponyo conservam amor um pelo outro da maneira mais inofensiva e simplória, justamente igual às crianças. É bonito de se ver.
Considerado o trabalho mais infantil de Miyazaki, “Ponyo” não deixa de ser uma ótima animação. Não é um filme com discussões mais elaboradas e temas reflexivos, como a maioria de seus trabalhos. Só através da trilha sonora (escutem a música “Gake no Ue no Ponyo”) percebe-se que o filme é mais direcionado ao público infantil, mas acredito que não decepcionará o público de outras faixas etárias. Afinal, todos os seus filmes são bem atenciosos com pessoas de todas as idades. Sempre é possível identificar algum aspecto que condiz com você. Assim como outras animações de Miyazaki, somos apresentados a um mundo intrínseco com detalhes que, apesar de não serem nem um pouco naturais no nosso mundo, se incorporam na animação e parecem completamente espontâneos.
Os traços são minuciosamente trabalhados e o filme é carregado de cores. O visual da animação é uma bela paisagem aos olhos, e só o fato de sabermos que foi desenhado e produzido arduamente, dá gosto de assistir. Vale ressaltar que o filme traz uma mensagem muito bonita e nos faz pensar nas relações entre os personagens. “Ponyo” é um filme repleto de magia que seduz ao primeiro olhar, e eu recomendo fortemente.