Crítica: 1408
“Hotel rooms are a naturally creepy place” – Mike Enslin
Mike Enslin (John Cusack) é um cético escritor que ganha a vida visitando lugares mal-assombrados e conhecidos pelos seus fenômenos paranormais, publicando assim os seus famosos livros. Por não acreditar em entidades e fantasmas, Enslin está à procura de um lugar que realmente lhe cause algum medo, para poder finalizar o maior livro de sua carreira. Então, decide passar uma noite no quarto 1408 do hotel Dolphin, em NY, conhecido por abrigar diversas mortes inexplicáveis. O gerente do hotel, Sr. Olin (Samuel L. Jackson), tenta persuadi-lo a não se hospedar naquele quarto, mas nada consegue fazer com que Enslin mude de idéia.
Ninguém menos que o mestre do terror, Stephen King, está por trás dessa obra. Mikael Håfström (O Ritual, 2011) dirigiu essa adaptação do conto de King em 2007. Embora algumas adaptações das histórias de King não tenham sido grandiosas, um bom trabalho foi feito com 1408. Não li o conto para saber o tamanho da semelhança entre livro e adaptação, mas pelo que notei pela opinião de outras pessoas, aparentemente a equipe cinematográfica manteve a história o mais fiel possível.
Não espere por um filme com sustos e espíritos apavorantes. Ao entrar no quarto, Enslin não nota nada de diferente de outros quartos de hotel. Primeiramente, ele pensa que será como outra história “sobrenatural” qualquer. O personagem começa a gravar o caso em uma fita, como provavelmente fez com todos os outros lugares em que visitou. Aliás, essa fita parece ser uma “velha companheira” de Enslin, sendo que o principal diálogo do filme é de Enslin com o gravador. Quando alguns eventos introduzem o personagem ao que há de obscuro e enigmático no quarto, Enslin passa a crer que o gerente está tentando pregar-lhe uma peça. Em determinado momento, desacredita dessa idéia e resolve sair do quarto. Mas essa tarefa parece ser impossível.
O quarto 1408 brinca com a mente do personagem de uma forma que o faz questionar suas crenças. Será que o quarto é realmente habitado por forças sobrenaturais? Ou será que a maior ameaça é a sua própria mente? Imagens de sua filha morta começam a assombrá-lo, e reviver a perda da menina novamente torna-se uma experiência insuportável. O final, com possibilidade de muitas interpretações, faz qualquer um se arrepiar.
“1408” não é um clássico filme de terror ou suspense. O receio que há no filme é diferente. É como se fosse uma angústia para descobrir o que de fato é aquele quarto e o que ele faz com as pessoas. Por que houve casos de suicídio? Isso depende da mente das pessoas? Como o passado de cada um pode influenciar a experiência no quarto? Um elemento chave da trama é a mulher de Enslin, interpretada por Mary McCormack. Separados há algum tempo devido à morte da filha, Enslin tenta se comunicar o tempo todo com a mulher para avisá-la de que está no quarto 1408 e pedir ajuda. Mas foi o próprio quarto que lhe ofereceu a oportunidade de comunicação?
Para quem gosta de filmes para refletir, recomendo assistir a essa adaptação. King criou uma história para nos questionarmos os limites da mente humana. Além disso, como curiosidade, existem várias referências ao número 13 durante o filme. A primeira está no próprio título (1+4+8). Se você for assistir, tente encontrar as outras.
“Some rooms are locked for a reason.”