Palavras sobre Woody Allen em fluxo de consciência
Quem não gosta de Woody Allen? Embora muitos não apreciem os filmes dele, não entendo como isso é possível. Afinal, ele faz coisas incríveis. Uma delas é nunca – ou raramente – chegar às duas horas de filme… e é sempre bom assistir a longas que não exigem tanto de nossas bexigas.
Outra coisa que admiro nos filmes de Woody Allen é que eles quase sempre tratam de temas da vida com leveza e alegria – até mesmo os filmes mais densos do diretor fazem isso, de certa forma. Não se trata apenas de mostrar o personagem tipicamente excêntrico que o diretor consegue fazer quando atua, mas de lembrar que a vida tem idas e vindas, mudanças e grandes momentos.
Woody Allen deveria fazer mais musicais. Em “Todos Dizem Eu Te Amo”, só a cena final já vale a pena os 100 minutos de projeção. A forma como Goldie Hawn dança, graciosa e leve, nos lembra a todo momento o quanto a vida vale a pena. É como se, do alto da maturidade, a personagem – e a atriz – compreendesse que a vida vale a pena pelos percalços, pelas lembranças, pelos amores e pelos momentos guardados na memória. Aliás, o musical do diretor é uma obra espetacular, pelas piadas e críticas, pelas canções, coreografias e personagens.
Woody Allen também nos torna mais ricos culturalmente. Afinal, a cultura erudita está sempre presente nas tramas: grandes artistas e obras importantes permeiam muitas das histórias contadas. Em alguns filmes isso ocorre mais do que outros. Mesmo assim, sempre podemos aprender algo sobre arte sofisticada. E por falar em sofisticação, ele também sabe ser trabalhar esta característica em seus filmes: os personagens são, quase sempre, ricos e estudados. As histórias, quando não se passam nos ambientes mais nobres de Nova York, mostram capitais europeias das mais diversas, de forma a esfregar na nossa cara que é nestes lugares que a arquitetura pode ser apreciada e valorizada.
Até mesmo os filmes ruins de Woody Allen são minimamente bons, ou trazem algo de interessante. No entanto, outros empolgam mais.
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Sobre o autor
Daniel Cury
Professor, jornalista, redator, podcaster, tradutor... ou seja, eu escrevo umas coisas, publico outras e assim vou tentando deixar minha marca por meio das palavras.
