Crítica: Para sempre Alice
A Doença de Alzheimer é uma doença realmente triste. É um transtorno neurodegenerativo onde há um acúmulo de placas beta amilóides no encéfalo, levando a perda de neurônios e sinapses. Geralmente atinge pessoas idosas, comprometendo principalmente as funções cognitivas. Não é à toa que a pesquisa e a ciência investem tanto em estudos procurando tratamentos efetivos para a doença.
Alice não é idosa. Alice está à espera de seu primeiro neto, mas ainda não é avó. Alice levava uma vida normal, lecionava lingüística e praticava exercícios físicos todos os dias, como é sugerido pelos médicos. Mas às vezes sofria lapsos de memória, e não sabia onde estava ou o que estava fazendo. Até que ela decide procurar um neurologista e acaba constatando que possui Alzheimer precoce devido a uma condição genética.
Julianne Moore foi vencedora do Oscar de Melhor Atriz neste ano pelo seu papel de Alice. Alec Baldwin, Kristen Stewart e Kate Boworth também compõem o elenco, intepretando o marido e as filhas de Alice.
O drama e as preocupações da personagem ao descobrir que possui a doença são completamente comparáveis com a realidade que vivemos. Alice passa a se sentir um fardo, fica constrangida em determinadas situações e não consegue manter uma vida social normal com a evolução do Alzheimer. Ela chega até mesmo a pensar em um plano B, e essa é a segunda cena mais emocionante para mim. Como a personagem prefere deixar sua vida em segundo lugar se chegar à completa demência e dependência de outras pessoas. Acredito que essa seja a maior apreensão de quem desenvolve Alzheimer.
O papel da família na vida de Alice também é um ponto delicado. O marido não sabe como se portar diante da situação, e a incerteza sobre o que decidir em relação a sua mulher e seu trabalho permanecem no ar. Ele deve cuidar de Alice, mas não pode largar o emprego. Mudar de cidade é uma boa idéia ou só a deixaria mais confusa? São aspectos importantes a serem pensados. A cena que mais me tocou foi quando Alice e o marido estão na sorveteria, e ele se entrega ao sentimento de compaixão. Também notamos uma aproximação maior entre Alice e sua filha mais nova (Stewart), com quem ela antes tinha problemas de relacionamento. Sua filha optou por seguir a carreira no teatro, mas sua mãe não aceitava muito bem a idéia.
No geral, “Para Sempre Alice” (Still Alice, 2014) é um filme muito bom. A direção ficou por conta de Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Infelizmente eu esperava muito mais, acho que criei altas expectativas, mas gostei bastante. A atuação de Julianne Moore está muito boa, principalmente nos momentos de angústia de Alice. O drama é apresentado na medida certa, e as músicas são compatíveis com os momentos. Vale a pena para sentir um pouco do sofrimento de quem sofre da doença.