Crítica: Profissão de Risco
“Algumas pessoas são astros do cinema, outras são astros do rock… eu era um astro da droga.” – George Jung
Navegando pelo Netflix, encontrei “Profissão de Risco” (Blow), um filme de 2001 que eu nunca havia ouvido falar sobre. Com Johnny Depp e Penelope Cruz no elenco, pensei que seria interessante assistir. O filme conta a história real de um grande traficante de cocaína, George Jung (Depp). Quando garoto, George cresceu em uma família onde a ausência da mãe era constante e o apego ao pai só aumentava. Com o passar dos anos, ele entrou em contato com o tráfico de maconha, e mais para frente ampliou para a cocaína, na época em que a mesma se disseminou pelos Estados Unidos. Casou-se com Mirtha (Cruz) e teve uma filha.
A história é narrada pelo próprio George, desde a sua infância até o seu estado atual (considerando que o filme foi lançado em 2001), passando pelas prisões, pelos momentos conturbados e pelas riquezas adquiridas. O modo como o dinheiro fácil encanta o personagem e o faz querer mais é mostrado claramente durante todo o filme. E é bem isso que acontece na vida real, certo? Uma das melhores qualidades do filme é que não há enrolação; todas as cenas de julgamentos e burocracia estão subentendidas, deixando-o mais dinâmico e menos monótono. Outra coisa surpreendente, que só reparei quando refleti sobre o filme para escrever essa crítica: o diretor Ted Demme (falecido em 2002) conseguiu fazer o público torcer pelo vilão. Não, não é um vilão clássico que todos nós gostamos, como os vilões do Batman, por exemplo. É um cara de verdade, um dos maiores traficantes e importadores de cocaína dos Estados Unidos, que enriqueceu absurdamente somente com o tráfico ilegal de drogas. E ainda assim, torcemos por ele! Impressionante.
O visual dos personagens é um tanto fora do comum. Cruz não está tão bonita (na verdade, nada bonita) como estamos acostumados, exibindo um corpo exageradamente magro. Além disso, Depp está com um cabelo estranho. Então se você for assistir para apreciar os dois atores afamados como ícones bonitões de Hollywood, pode ir tirando o cavalinho da chuva. O que me chocou foi que Cruz foi indicada ao prêmio Framboesa de Ouro, na categoria de Pior Atriz. Não encontrei falhas em sua atuação, e em minha opinião ela faz um papel de mulher-louca bem convincente. Em relação à fotografia, não há um grande destaque. Para compensar isso, temos uma trilha sonora que é animal! Ela é composta por músicas de vários artistas da década de 70, vale a pena dar uma conferida.
“Profissão de Risco” trata de um assunto polêmico, mas não é o tipo de filme Blockbuster. Por se tratar de uma história verídica, sobre o maior traficante de cocaína dos EUA nas décadas de 70 e 80, os roteiristas David McKenna e Nick Cassavetes precisaram manter os pés no chão. E fizeram isso com sucesso! Ainda que as críticas estejam nos dois extremos, eu faço parte do extremo que considera o filme muito bom. A história está bem contada, e isso não deve ser uma tarefa fácil.