"Les Adoptés" (2011) - The Adopted - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Les Adoptés” (2011) – The Adopted

“Cada um de nós é como um homem que vê as coisas em um sonho e acredita conhecê-las perfeitamente, e então desperta para descobrir que não sabe nada.”
(Platão,Político)

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            O todo não existe sem a parte. Por conseguinte, o ator por exemplo é uma parte de um todo, e assim, estando ele ausente do espetáculo ou fora dele, sua saída tem o intuito de compreender o significado do todo, contudo desta forma, seu papel dentro da história já não mais faz sentido. É como um afastamento do que se diz conhecer para uma melhor compreensão daquilo que não se sabe por completo. Quando estamos diametralmente íntimos e conectados com algo ou com alguém, nos esquecemos ou nos desprendemos do que a nossa volta pode estar acontecendo.

            Marine e Lisa são inseparáveis, são duas metades quem sem o seus respectivos complementos elas deixam de ter força ou desestabilizam-se. Mesmo Marine sendo adotada pela família de Lisa não há nada de distante, de distinto, de falta na relação entre elas, são tão ou mais irmãs do que talvez irmãos de sangue. A partir do momento em que algo interfere ou um fator externo age nessa relação próxima e de amizade plena, o conforto passa a se deslocar para o desconforto. Quando Alex, num dia chuvoso, acaba entrando de forma meio desconsertada na livraria a qual Marine trabalha, o inesperado acontece. Solteira e já há um bom tempo sem se relacionar com alguém, caso similar de sua irmã, a qual tem estado sozinha desde que seu marido saiu de casa, ambas, mantêm uma afinidade muito íntima, sem espaço para interferências que pudessem atrapalhar tal aconchego. Entretanto quando Alex olha para os olhos de Marine e os dois se debruçam em algo químico que acaba existindo entre eles, naquele momento, algo estava a acontecer e prestes a mudar em suas vidas.

           O encontro de duas pessoas quando têm que acontecer ele simplesmente ocorre. A paixão entre Marine e Alex se deu de repente, contudo, com muito vigor e força. Ela se apaixonou loucamente por ele e ele por ela. É nessa intervenção de fora que falei agora há pouco, é o fator crucial o qual passa a tornar a relação entre as irmãs como algo não mais natural. Há um afastamento de uma para com a outra como também, o ciúme desta para com àquela, isto é, um sentimento de posse o qual agora não faz mais sentido, não é mais real. Mesmo havendo a crítica de Lisa para com o relacionamento e essa paixão repentina de Marine, sua mãe, a apoia totalmente a persistir e viver o máximo possível com Alex. Mesmo havendo brigas, discórdias, o casal se dá bem, são juntos um representar do estar feliz, do amor. Quando nos deparamos com situações deste tipo, ou seja, quando nos apaixonamos repentinamente por alguém e tudo acaba se tonando intenso demais, nossos pensamentos vagueiam em outra órbita, em outro estado o qual afasta-se da realidade terrena, e por isso, com os julgamentos de sua irmã sobre o que ela estaria fazendo com sua vida assim como, se afastando de sua real família, Marine passa a refletir à respeito, à ter dúvidas, se distancia então, por um momento, de Alex. É penoso o cenário de se estar dividido, não saber o que fazer no segundo próximo, é estar abandonado em si mesmo e só sua pessoa acaba encontrando respostas, porém, leva-se tempo.

          O destino de Alex acaba sendo estar e pertencer à família de Marine, mesmo esta estando afastada, debilitada devido à acontecimentos da vida, repentinos. À aproximação entre todas essas pessoas acaba sendo algo irreparável, estranho, todavia, um acontecer de segurança, de laços que antes separados agora se firmam como algo concreto, verdadeiro. Alex torna-se pai, tanto pai do filho de Lisa como de seu filho com Marine. É admirável ver um dispondo seus braços e mãos ao próximo quando antes tudo que existia era ódio, rancor e ciúme. A vida muda, tudo pode mudar num despertar e num abrir de olhos.

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