The Notebook (2004) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

The Notebook (2004)

the-notebook

O retrato de um amor que perdura no tempo mesmo que impedimentos estabeleçam com que cada vez mais obstáculos surjam para que tal sentimento desapareça ou deixe de existir é o indício do tal amor verdadeiro. É comum ouvirmos que cenas de filmes são apenas ficções da vida real ou alguma espécie de modelo da realidade, contudo, o que uma película diz, faz, mostra, retrata é a vida. É fato que não vivemos num conto de fadas, nada de fantasioso é a vida, mas se os sabores mais sutis, delicados e até íntimos não forem aproveitados quando vivos estamos, talvez o sentido de estarmos aqui não exista.
O entusiasmo da companhia, do cheiro, do toque daquele(a) que gradualmente se faz e se torna parte de um todo do outro, é o impulsionar por algo maior, de um tipo de relação que pode permanecer e viver por si só. Tudo começa com o desejo de estar com aquele alguém. É curioso então se perguntar: O que encanta à primeira vista: A beleza? O olhar? O jeito de andar? São tantos movimentos, tantas formas de interpretar gestos, posturas, sorrisos, que é difícil fazer um molde do que é se apaixonar. Embora haja o querer sexual, tendo ele o poder de revigorar o ser, atrair o próximo, despertar a pulsação e fazer o sangue esquentar, ele também nos torna mais vivos, acordados. É tão bonito e agradável ver um casal de velhinhos juntos num banco de praça abraçados ou de mãos dadas, é como uma imagem do imaginário de qualquer pessoa, ou pelo menos de uma grande maioria; ninguém quer estar só no fim da vida, todos queremos o aconchego, o carinho, o cuidado de quem realmente sabemos que nos ama.
Quando as coisas mais simples jorram e acontecem sem que nada as forcem a ocorrer é um tipo de sinal que não podemos recusar em aceitar. A simplicidade vem com a clareza do saber estar presente, do sentir que o preenchimento da totalidade das coisas possa realmente existir. O desabrochar de uma flor, o som das ondas batendo no mar, às árvores e suas folhas caindo, todas essas grandezas naturais nos aparecem, são percebidas, são momentos incríveis, já que o mar, as flores, as plantas, estão ao nosso redor constantemente e muitas vezes passamos por tais belezas e não as compreendemos, não as sentimos como quando estamos felizes. Acredito que a procura pela felicidade sempre é algo relacionado ao amor, porque o vestígio feliz o qual subsiste nesta procura, é tão benevolente que não há motivos para a saída desse estado de sentimento.
Confesso que gostaria de deitar no asfalto à luz da lua na companhia do amor da minha vida, e contar estrelas; pendurar-me na cadeira de uma roda gigante apenas para pedir a ela que em alguma noite fiquemos juntos; remar num barquinho de madeira, num lago lindo com gaivotas, muitas delas, e alimentá-las ou vê-la alimentando-as, e ainda mais, ser molhado por milhões de gotas d’água numa tempestade; construir uma casa de madeira à beira de um lago com um quarto somente para ela, para seu hobby, sua pintura, a seu bel-prazer; dançar e cantarolar aos seus ouvidos numa noite linda e numa rua vazia, sem ninguém para importunar, atrapalhar, só nós dois, juntos; tomar chá na varanda sentado em cadeiras de balanço e protegidos, nós dois do frio, por cobertas quentes e por amor. Clichê? Talvez, mas duvido muito. É o que desejamos, é o que é gostoso sentir, é estar.

“I am nothing special, of this I am sure. I am a common man with common thoughts and I’ve led a common life. There are no monuments dedicated to me and my name will soon be forgotten, but I’ve loved another with all my heart and soul, and to me, this has always been enough…” (The Notebook)

Deixe seu comentário