Crítica: Capitão América 2 – O Soldado Invernal
por Rodrigo Stucchi
O que faz um filme ser melhor do que outro é, sem dúvida, o Roteiro. Quando a história é bem contada, os diretores conseguem tirar o máximo de performance dos atores e os personagens são tão bem desenvolvidos que os fãs se mobilizam para comemorar que “finalmente o seu herói foi humanizado”, pode ter certeza: o sucesso e a bilheteria, é claro, estão garantidos! E para quem desconfiava que a Marvel começava a se perder na “fórmula mágica” de contar histórias dos quadrinhos na telona, “Capitão América 2- O Soldado Invernal”, trata de botar um ponto final em qualquer dúvida.
São vários os motivos para enaltecer o segundo filme do soldado. Porém, antes, gostaria de fazer um paralelo com o seriado Marvel – Agents of S.H.I.E.L.D. que, para mim, é a grande sacada da Marvel. Afinal, se a história é o mais importante, que maneira melhor de detalhar esse imenso universo dotado de vários e interessantes personagens que num seriado de TV? Quem acompanha, sem dúvida se inflama com cada novo personagem inserido na história, cada referência aos filmes, cada personagem do filme que aparece em algum episódio, enfim, com todo o jeito que os produtores estão amarrando “Os Vingadores” com a fase 2 dos filmes solos de seus super-heróis.
Para quem não conhece, a cronologia do seriado começou imediatamente após a “Batalha de Nova York” (como chamam a guerra travada dos Vingadores contra o exército Chitauri liderado por Loki). Na semana de estreia de Capitão América 2 no Brasil, o canal Sony exibiu o episódio nº 17, chamado “Turn, Turn, Turn”. Neste, os acontecimentos ocorrem simultaneamente com os do filme. De tão bem amarrado, é recomendável assistir o filme primeiro, depois este episódio, a fim de evitar spoilers. Na prática, é como se Capitão América 2 ganhasse mais uma hora de exibição na TV, com mais informações sobre a S.H.I.E.L.D e, claro, mais ação ainda! Não é demais?
Bom, voltando à análise do filme, a história se passa dois anos após a “Batalha de Nova York”. Steve Rogers (Chris Evans) continua seu dedicado trabalho com a agência S.H.I.E.L.D. e também segue tentando se acostumar com o fato de que foi descongelado e acordou décadas depois de seu tempo. Em parceria com Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), também conhecida como Viúva Negra, ele é obrigado a enfrentar um poderoso e misterioso inimigo chamado Soldado Invernal, que visita Washington e abala o dia a dia da S.H.I.E.L.D., ainda liderada por Nick Fury (Samuel L. Jackson).
Assim como no seriado, a tônica do filme é mostrar como a HIDRA se infiltrou e como vai “sair das sombras para a luz”. Um tema super atual e que promove inúmeras reviravoltas, o que deixa as cenas de ação e as tramas mesmo dos personagens que fazem participações pequenas cada vez mais empolgantes. O filme merece (a meu ver) 4 estrelas porque não deve agradar apenas quem gosta de quadrinhos. Até os debates sobre certo ou errado, espionagem, segurança nacional, serviços de inteligência, privacidade, liberdade e valores humanos são colocados de maneira bem complexa e inteligente. Nem assim a narrativa cansa ou prejudica a dinâmica do longa. Os diálogos contém o humor característico dos filmes da Marvel, mas não se perde mais. Na minha opinião, Capitão América 2 está no mesmo nível de Homem de Ferro 1 e Os Vingadores, o que é excelente para a franquia que elegeu estes os de melhor qualidade.
Não ganha 5 estrelas não porque não é um “best seller cult” aclamado pela crítica. Mas porque, mesmo primando pelos detalhes e querendo amarrar as histórias dos filmes e da série de várias e intrigantes maneiras, infelizmente algumas lacunas ficaram abertas. A principal, na minha opinião, é: Por que o Gavião Arqueiro, agente Clint Barton (Jeremy Renner), não aparece no filme? Note que “aparecer” não significa que o ator precise assinar contrato e dar o ar da graça pelo menos em algumas cenas. Para mim, “aparecer” quer dizer, ao menos, ser citado! Ora, se ele é o principal parceiro da Viúva Negra, como não deram um jeito de dizer porque ele não está com ela? Dissesse que estava em outra missão, sei lá. Mas ignorar completamente, principalmente num filme onde personagens terciários da trama são desenvolvidos, me parece um erro.
Outro erro é ignorar o Caveira Vermelha (Hugo Weaving), ou Red Skull / Johann Schmidt -, líder da HIDRA e principal vilão do Capitão América. Tá na cara que ele não morreu no primeiro filme e que a Marvel está preparando algo para ele, talvez até em Vingadores 2: A Era de Ultron. Mas ele também tinha que, ao menos, ser citado.
Fora isso, Capitão América 2 é demais! O Falcão (Anthony Mackie) é inserido na história com naturalidade, assim como os personagens Agente Alexander Pierce (Robert Redford – atuou muito bem), Sharon (Emily VanCamp) e o “vilão” Bucky Barnes / Soldado Invernal (Sebastian Stan). Excelente dica para este feriado prolongado! E, como sempre, não se esqueça: há duas cenas extras nos créditos. Uma no meio dos créditos e outra depois de tudo. Permaneça sentado, afinal, você não vai querer perder nenhum detalhe, certo?